Voltando a um propósito agrário, Noé semeou uma vinha. Sua indulgência com a ingestão do vinho obtido deu como resultado que Cão e provavelmente seu filho Canaã lhe faltassem o respeito que lhe deviam. Este incidente deu ocasião aos pronunciamentos paternais de maldições e bênçãos feitas por Noé (9.20-28). O veredicto de Noé foi profético em seu alcance. Antecipou a pecaminosa atitude de Cão refletida na linha de Canaã, um dos quatro filhos de Cão. Séculos mais tarde, os ímpios cananeus foram objeto do severo juízo com a ocupação de suas terras pelos israelitas. Sem e Jafé, os outros filhos de Noé, receberam as bênçãos de seu pai.
A ingestão de vinho por Noé resultou em um incidente de desrespeito por parte de Cão e, provavelmente, seu filho Canaã, levando a consequências significativas para seus descendentes, conforme registrado no texto.
Após Noé ter plantado uma vinha, ele se embriagou com o vinho produzido. Em seu estado de embriaguez, ocorreu um episódio em que Cão (também conhecido como Cam) viu a nudez de seu pai e, em vez de cobri-lo ou mostrar respeito, compartilhou essa visão com seus irmãos, Sem e Jafé.
A reação dos outros dois filhos de Noé foi diferente. Sem e Jafé tomaram uma veste, colocaram-na sobre seus ombros e, andando de costas para não ver a nudez de seu pai, cobriram-no. Quando Noé despertou de sua embriaguez e soube o que seu filho mais novo lhe havia feito, ele proferiu uma maldição sobre Canaã, filho de Cão, decretando que ele seria o servo dos seus irmãos. Por outro lado, Sem e Jafé receberam bênçãos de seu pai por sua atitude respeitosa.
O impacto imediato da ingestão de vinho por Noé foi, portanto, a exposição de sua nudez e a subsequente falta de respeito demonstrada por Cão e Canaã. Isso, por sua vez, levou a uma declaração profética de Noé, que continha tanto uma maldição para os descendentes de Canaã quanto bênçãos para Sem e Jafé.
A maldição sobre Canaã não implicava uma condenação eterna, mas sim uma previsão de servidão em relação aos descendentes de seus tios. Historicamente, isso foi interpretado por alguns como uma justificativa para a subjugação dos cananeus pelos israelitas séculos depois, como mencionado no texto, quando “os ímpios cananeus foram objeto do severo juízo com a ocupação de suas terras pelos israelitas”. A “pecaminosa atitude de Cão refletida na linha de Canaã” é vista como a raiz dessa maldição profética.
Em contraste, Sem e Jafé foram abençoados por sua conduta respeitosa. A bênção sobre Sem é frequentemente associada à linhagem através da qual a promessa de Deus a Abraão seria cumprida, culminando na vinda de Jesus Cristo, que é estabelecido por Mateus como o “filho de Abraão”. Jafé também recebeu uma bênção, que historicamente tem sido interpretada como uma promessa de expansão e participação nas bênçãos de Sem.
Portanto, a ingestão de vinho por Noé não apenas o levou a uma situação de vulnerabilidade, mas também desencadeou uma série de eventos com consequências proféticas de longo alcance para seus filhos e suas respectivas descendências, moldando a história e a interpretação religiosa por séculos. O incidente serve como uma narrativa que explora temas de respeito, desrespeito e as implicações das ações humanas nas gerações futuras, com as palavras de um patriarca tendo um peso significativo e preditivo.
