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Na Idade Média, a doutrina da Pessoa de Cristo, incluindo a união hipostática, não era o foco principal das discussões teológicas, com as atenções voltadas para o pecado, a graça e a obra da redenção. Contudo, Tomás de Aquino, seguindo a teologia aceita de sua época, ofereceu uma elaboração sobre a união hipostática em Cristo.

Segundo Aquino, a Pessoa do Logos tornou-se composta após a união na encarnação. Essa união teve como efeito “impedir” que a varonilidade de Cristo alcançasse uma personalidade independente. Em outras palavras, a natureza humana de Cristo, ao unir-se à Pessoa divina do Logos, não subsistiu por si mesma como uma pessoa separada, mas encontrou sua subsistência pessoal no Logos.

Essa união hipostática, a união da natureza divina e da natureza humana na única Pessoa do Logos, resultou em uma dupla graça derramada sobre a natureza humana de Cristo. A primeira dessas graças é a gratia unionis, ou seja, a dignidade que resultou da união das naturezas divina e humana. Em virtude dessa união, a própria natureza humana de Cristo tornou-se um objeto de adoração. A segunda graça é a gratia habitualis, que é a graça da santificação conferida a Cristo como homem, sustentando Sua natureza humana em sua relação com Deus.

No que diz respeito ao conhecimento de Cristo, Aquino postulava que era duplo: a scientia infusa e a scientia acquisita. Através da scientia infusa, Cristo tinha a capacidade de conhecer todas as coisas que podem ser conhecidas pelos homens e tudo o que lhes pode ser transmitido por revelação, um conhecimento perfeito dentro das limitações da criatura. Já pela scientia acquisita, Ele podia conhecer tudo o que é acessível através das faculdades intelectuais humanas.

Aquino também abordou a questão da comunicação de atributos (communicatio idiomatum) entre as naturezas de Cristo. Ele ensinava que não havia comunicação de atributos em um sentido abstrato entre as naturezas como tais. No entanto, tanto os atributos humanos quanto os divinos poderiam ser atribuídos à Pessoa única de Cristo. Por exemplo, poder-se-ia dizer que o Filho de Deus nasceu de uma virgem (atributo humano atribuído à Pessoa divina) ou que o Filho do Homem está nos céus (atributo divino atribuído à Pessoa humana).

É importante notar que, para Aquino, a natureza humana de Cristo não era onipotente, mas estava sujeita às afeições humanas. Isso garantia a realidade e a integridade da humanidade de Cristo, um ponto crucial em face de heresias cristológicas anteriores que negavam ou diminuíam a plena humanidade de Cristo.

A concepção de Aquino sobre a união hipostática buscava manter a ortodoxia cristológica, afirmando tanto a plena divindade quanto a plena humanidade de Cristo, unidas de maneira inseparável na única Pessoa do Logos, sem confusão ou alteração das naturezas. Essa doutrina procurava explicar como Jesus Cristo poderia ser verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem ao mesmo tempo, o Mediador perfeito entre Deus e a humanidade. A ênfase na subsistência da natureza humana na Pessoa do Logos também servia para distinguir a posição ortodoxa de visões como o nestorianismo, que ameaçava dividir a Pessoa de Cristo em duas.

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