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Os católicos romanos e os reformadores tinham visões distintas sobre a origem dos dogmas.

A visão católica romana sobre a origem dos dogmas:

  • Os católicos romanos minimizam, se não excluem, a reflexão da Igreja como o corpo dos crentes na origem dos dogmas, substituindo-a pelos estudos da igreja docente, ou seja, a hierarquia.
  • Para eles, sempre que surge uma nova forma ou erro, o clero, liderado pelo papa (que é considerado infalível), após cuidadoso exame, formula a doutrina ensinada nas Escrituras ou pela tradição, declarando-a verdade revelada e impondo sua aceitação por todos os fiéis.
  • Segundo Wilmers, um dogma é “uma verdade revelada por Deus, e ao mesmo tempo proposta pela Igreja para nossa crença”. Spirago-Clarke afirma similarmente que “Uma verdade que a igreja nos expõe como revelada por Deus é chamada verdade de fé, ou dogma”.
  • Como a Igreja é considerada infalível em questões de doutrina, uma verdade assim proposta não é apenas autoritária, mas também irrevogável e imutável. O Concílio Vaticano I condenou a ideia de que as doutrinas propostas pela Igreja poderiam receber um sentido diferente com o progresso da ciência.
  • Embora afirmem que a Igreja não pode fazer novos dogmas, apenas transmitir o depósito sagrado, eles acreditam que a Igreja tem o poder de declarar uma verdade como revelada por Deus, conferindo-lhe uma interpretação infalível.
  • A teoria do desenvolvimento de Newman sugeriu que muitas doutrinas estavam presentes no depósito original apenas em forma germinal, desdobrando-se gradualmente sob o estímulo de condições externas, um processo controlado pela igreja infalível.

A visão dos reformadores sobre a origem dos dogmas:

  • Os reformadores substituíram a perspectiva católica romana por uma que, apesar de similaridades, diverge em pontos importantes.
  • Para eles, todos os autênticos dogmas religiosos derivam seu conteúdo material exclusivamente das Escrituras. Eles não reconhecem a palavra oral nem a tradição como fontes independentes de dogmas.
  • Ao mesmo tempo, não consideram os dogmas como declarações extraídas diretamente da Bíblia, mas sim como fruto da reflexão da Igreja, como corpo dos crentes, acerca das verdades reveladas, e como formulações oficiais de corpos representativos competentes (concílios ou sínodos).
  • A reflexão da Igreja é frequentemente determinada e aprofundada pelas controvérsias doutrinárias, e as formulações resultantes trazem sinais desses conflitos passados.
  • Os dogmas reformados não são considerados infalíveis, embora possuam um alto grau de estabilidade.
  • Sua autoridade deriva não meramente de serem propostos pela Igreja, mas porque são formalmente definidos pela Igreja e materialmente alicerçados sobre a Palavra de Deus.
  • Apesar da Reforma ter sido uma grande reviravolta religiosa, os reformadores buscaram apoio para seus pontos de vista nos Pais da Igreja Primitiva, indicando uma continuidade no desenvolvimento doutrinário.

Em resumo, a principal diferença reside na fonte primária da autoridade dogmática (Escritura exclusiva para os reformadores, Escritura e Tradição interpretadas infalivelmente pela hierarquia para os católicos) e no papel da Igreja e dos fiéis na formulação e reconhecimento dos dogmas (reflexão da comunidade para os reformadores, principalmente a igreja docente para os católicos). Os reformadores também rejeitaram a ideia de dogmas irrevogáveis e imutáveis, embora os considerassem autoritários e estáveis.

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