Os reformadores tinham um entendimento muito claro e fundamental do papel da Bíblia na teologia. Para eles, a Bíblia era a autoridade máxima e única fonte para a teologia, um princípio conhecido como sola scriptura. Eles reagiram fortemente contra o caráter não bíblico da teologia dogmática que prevalecia antes da Reforma e insistiram que a teologia deveria estar fundamentada apenas na Bíblia.
Aqui estão os principais aspectos de como os reformadores entendiam o papel da Bíblia na teologia:
- Fundamento Exclusivo: A Bíblia era vista como o único fundamento seguro e autorizado para a teologia. Qualquer doutrina ou ensino que não pudesse ser comprovado pelas Escrituras era considerado inválido.
- Dogmática como Sistematização: Os reformadores acreditavam que a dogmática deveria ser a formulação sistemática dos ensinamentos da Bíblia. O trabalho teológico consistia em extrair, organizar e apresentar de forma coerente os ensinamentos encontrados nas Escrituras.
- Línguas Originais: Para garantir a precisão na compreensão das Escrituras, os reformadores enfatizaram a importância do estudo das línguas originais em que a Bíblia foi escrita, o hebraico e o grego. Eles acreditavam que o acesso direto aos textos originais era essencial para uma interpretação correta, livre das possíveis distorções de traduções e da tradição eclesiástica.
- Relevância da História: Os reformadores tinham uma conscientização da importância do papel da história na teologia bíblica. Eles buscavam entender os textos dentro de seus contextos históricos originais, embora, conforme mencionado anteriormente, essa perspectiva fosse por vezes imperfeita e o Antigo Testamento fosse interpretado à luz do Novo.
- Interpretação Literal: A interpretação literal da Bíblia era um princípio fundamental para os reformadores, em contraste com a interpretação alegórica que era comum na Idade Média. Eles se esforçavam para entender o sentido primário e direto dos textos, reconhecendo, contudo, a presença de figuras de linguagem e diferentes gêneros literários.
- Início da Teologia Bíblica: A abordagem dos reformadores, com sua ênfase na sola scriptura, no estudo das línguas originais e na interpretação literal, é considerada como o início de uma verdadeira teologia bíblica. Eles procuraram entender a mensagem da Bíblia dentro de seus próprios termos, lançando as bases para o desenvolvimento posterior da disciplina.
Em resumo, os reformadores entendiam que a Bíblia deveria ser o alicerce exclusivo de toda a teologia, servindo como a norma pela qual todas as doutrinas e práticas deveriam ser avaliadas. Seu trabalho teológico era centrado na exegese cuidadosa das Escrituras em suas línguas originais, buscando uma compreensão literal dentro de seus contextos históricos, marcando um retorno à autoridade da Palavra de Deus como a base fundamental para a fé e a prática cristã.