A doodle illustration with medieval wood sdrblcl3rsebqwjuben6uq jcrjdx oq4 w3zr3pk 3ja

Unidade 7: A Profundidade da Humilhação e a Glória da Exaltação de Cristo: Um Modelo para os Crentes

1. Ideia central: Este hino cristológico revela a profunda humildade de Cristo, que, sendo Deus, se esvaziou, tornou-se homem e obedeceu até a morte de cruz, sendo por isso exaltado por Deus ao mais alto lugar, tornando-se Senhor de todos para a glória do Pai. Este exemplo supremo motiva os crentes a cultivarem a mesma humildade em seus relacionamentos.

2. Para entender o texto:

a. Texto em contexto: Esta seção (Filipenses 2:5-11) serve como o clímax do apelo de Paulo à unidade e à humildade em Filipenses 2:1-4. Após exortá-los a terem o mesmo modo de pensar e a considerarem os outros superiores a si mesmos, Paulo apresenta o exemplo supremo desse modo de pensar e dessa humildade na pessoa e na obra de Cristo Jesus. Este hino não apenas ilustra o ponto de Paulo, mas também fornece uma profunda declaração sobre a natureza e a obra de Cristo, que fundamenta toda a fé cristã. A estratégia retórica aqui é mover os corações dos filipenses, inspirando-os à humildade prática ao contemplarem a profundidade da condescendência de seu Senhor.

b. Esboço/estrutura:

  • Exortação inicial: Tenham o mesmo modo de pensar de Cristo Jesus (v. 5)
  • A preexistência e a igualdade de Cristo com Deus: (v. 6)
    • Sendo da forma de Deus
    • Não considerou a igualdade com Deus algo a que devia se apegar
  • A humilhação de Cristo: (v. 7-8)
    • Esvaziou-se a si mesmo, tornando-se servo
    • Tornou-se semelhante aos homens
    • Humilhou-se, sendo obediente até a morte, e morte de cruz
  • A exaltação de Cristo por Deus: (v. 9-11)
    • Deus o exaltou ao mais alto lugar
    • Deu-lhe o nome que está acima de todo nome
    • Todo joelho se dobrará ao nome de Jesus
    • Toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai

c. Antecedentes históricos e culturais: Muitos estudiosos acreditam que Filipenses 2:6-11 pode ter sido um hino ou um credo primitivo da igreja, preexistente à carta de Paulo. Essa hipótese se baseia na estrutura poética e no conteúdo teológico conciso da passagem. Se for o caso, Paulo estaria utilizando uma peça familiar da tradição cristã para reforçar seu argumento sobre a humildade. A menção da adoração universal a Jesus também ecoa profecias do Antigo Testamento sobre a exaltação do Messias (Isaías 45:23).

d. Considerações interpretativas:

  • “Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar que Cristo Jesus tinha” (Filipenses 2:5): Esta é a ponte entre a exortação anterior e o exemplo que se segue. Paulo não está apenas pedindo que imitemos1 as ações de Cristo, mas que cultivemos a mesma atitude interior, o mesmo modo de pensar humilde e voltado para o serviço.
  • “O qual, sendo da forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus algo a que devia se apegar” (Filipenses 2:6): “Forma de2 Deus” (morphē Theou) indica a natureza essencial e divina de Cristo. Ele possuía plena divindade e igualdade com o Pai. A expressão “não considerou o ser igual a Deus algo a que devia se apegar” sugere que, embora tivesse todo o direito à Sua glória divina, Ele voluntariamente escolheu não se agarrar a essa prerrogativa para o seu próprio benefício.
  • “Mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens” (Filipenses 2:7): O “esvaziou-se” (ekenōsen) não significa que Cristo deixou de ser Deus, mas que Ele voluntariamente renunciou ao exercício pleno e independente de alguns de Seus atributos divinos, assumindo a natureza de servo (morphē doulou) e se tornando semelhante aos homens (en homoiōmati anthrōpōn). Isso enfatiza a realidade da Sua encarnação e Sua identificação com a humanidade.
  • “E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz!” (Filipenses 2:8): Cristo, tendo assumido a forma humana, demonstrou ainda mais Sua humildade ao se submeter à vontade do Pai, sendo obediente até a morte, a mais ignominiosa e dolorosa forma de execução da época: a morte de cruz.
  • “Por isso Deus o exaltou ao mais alto lugar e lhe deu o nome que está acima de todo nome” (Filipenses 2:9): Em resposta à obediência e humildade de Cristo, Deus Pai o exaltou soberanamente ao mais alto lugar. O “nome que está acima de todo nome” é o nome de Senhor (v. 11), que expressa Sua autoridade e majestade supremas.
  • “Para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra” (Filipenses 2:10): Esta é uma declaração da universalidade da soberania de Cristo. Toda criatura, em todos os domínios da existência, prestará homenagem e adoração a Jesus.
  • “E toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai” (Filipenses 2:11): A confissão universal de que “Jesus Cristo é o Senhor” (Kyrios Iēsous Christos) reconhece Sua divindade e autoridade suprema. Essa confissão final é para a glória de Deus Pai, pois a obra de Cristo sempre visa a honra do Pai.

e. Considerações teológicas:

  • A Kenosis de Cristo: O conceito de Cristo “esvaziar-se” (Filipenses 2:7) é central para a cristologia. Embora haja diferentes interpretações sobre a extensão desse esvaziamento, o texto claramente indica uma renúncia voluntária por parte de Cristo de algumas das prerrogativas de Sua divindade para se tornar humano e nos servir.
  • A União Hipostática: Este hino afirma implicitamente a união hipostática, a união misteriosa na pessoa de Cristo de Suas naturezas divina e humana, ambas completas e distintas. Ele era e continua sendo plenamente Deus e plenamente homem.
  • A Expiação Substitutiva: Embora não explicitamente detalhada aqui, a menção da “morte de cruz” aponta para a obra redentora de Cristo, onde Ele tomou sobre si o pecado da humanidade e sofreu a penalidade devida, oferecendo-se como sacrifício substitutivo.
  • A Exaltação e Senhorio de Cristo: A exaltação de Cristo por Deus e a atribuição do nome acima de todo nome confirmam Sua vitória sobre o pecado e a morte e Sua posição como Senhor soberano de toda a criação.
  • A Adoração Universal: A profecia de que todo joelho se dobrará e toda língua confessará Jesus como Senhor aponta para a consumação final da obra de Cristo e o reconhecimento universal de Sua autoridade.

3. Para ensinar o texto:

  • Principais temas: A humildade radical de Cristo como exemplo supremo; a preexistência e divindade de Cristo; a encarnação e a natureza de servo de Cristo; a obediência de Cristo até a morte de cruz; a exaltação e o senhorio universal de Cristo; o chamado à humildade nos relacionamentos cristãos.
  • Aplicação: Devemos contemplar a profundidade da humildade de Cristo e permitir que esse exemplo molde nossa própria maneira de pensar e agir. Em nossos relacionamentos uns com os outros, devemos buscar a humildade, colocando os interesses dos outros acima dos nossos. Devemos reconhecer a soberania de Cristo e viver em obediência a Ele, aguardando o dia em que toda a criação o reconhecerá como Senhor.

4. Para ilustrar o texto:

Imagine um rei que, por amor a seus súditos, abandona seu trono, veste-se como um deles e vive em meio à sua pobreza e sofrimento, chegando até mesmo a morrer para salvá-los. A ação de Cristo é infinitamente maior, pois Ele era o próprio Deus que se humilhou para nos resgatar.

Pense em uma pessoa extremamente rica e poderosa que, em vez de usar sua riqueza e poder para seu próprio benefício, escolhe servir os mais necessitados com humildade e abnegação. O exemplo de Cristo vai além, pois Ele não apenas serviu, mas deu Sua própria vida em sacrifício.

Considere um líder que, em vez de buscar glória e reconhecimento, escolhe se colocar em último lugar, priorizando o bem-estar de seus seguidores. Cristo não apenas se colocou em último lugar, mas suportou a maior humilhação para nos trazer a vida eterna.

5. Perguntas de fixação/reflexão:

  1. Em Filipenses 2:5, somos chamados a ter o mesmo modo de pensar de Cristo Jesus. Quais aspectos desse modo de pensar são mais desafiadores para você em sua vida?
  2. De que maneira a compreensão da preexistência e da igualdade de Cristo com Deus (Filipenses 2:6) impacta a sua visão sobre quem Jesus3 é?
  3. O que significa para você que Cristo “esvaziou-se a si mesmo” (Filipenses 2:7)? Quais implicações essa kenosis tem para a nossa própria vida de serviço e humildade?
  4. Como a obediência de Cristo até a morte de cruz (Filipenses 2:8) serve como um modelo para a nossa própria obediência a Deus?
  5. De que maneira a exaltação de Cristo ao mais alto lugar (Filipenses 2:9) demonstra a justiça e a soberania de Deus?
  6. O que significa para você a promessa de que todo joelho se dobrará ao nome de Jesus (Filipenses 2:10)? Como essa verdade influencia a sua adoração e a sua vida de oração?
  7. Como a confissão universal de que Jesus Cristo é o Senhor (Filipenses 2:11) para a glória de Deus Pai deve moldar a nossa proclamação do evangelho?
  8. Refletindo sobre o hino de Filipenses 2:5-11, qual aspecto da vida de Cristo o desafia mais a viver com humildade e serviço em seus relacionamentos?
  9. De que maneira a compreensão da obra completa de Cristo, desde a Sua humilhação até a Sua exaltação, fortalece a sua fé e a sua esperança?
  10. Meditando em Filipenses 2:5-11, qual ação prática você pode tomar hoje para cultivar o mesmo modo de pensar que havia em Cristo Jesus em suas interações com os outros?
Gosta deste blog? Por favor, espalhe a palavra :)

Posts Similares

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *