A tarefa essencial da história do dogma consiste, fundamentalmente, em descrever a origem histórica dos dogmas da Igreja e acompanhar o curso de suas alterações e desenvolvimentos subsequentes. Nas palavras de Seeberg, citadas no texto, a história do dogma busca “mostrar como o dogma na sua totalidade e os dogmas em separado têm surgido, e indicar o curso de desenvolvimento pelo qual foram conduzidos até chegarem à forma e interpretação que prevalecem nas igrejas em qualquer época”.
É importante notar que a história do dogma se preocupa primariamente com os dogmas no sentido estrito do termo, que são verdades religiosas baseadas sobre autoridade e oficialmente formuladas por assembleias eclesiásticas. Em um sentido secundário, ela também aborda as doutrinas que ainda não receberam a sanção eclesiástica.
O estudo da história do dogma não se limita aos resultados finais expressos nos credos oficiais, mas também considera:
- Formações prévias dos dogmas da Igreja que surgiram de discussões teológicas e receberam aprovação quase geral, mesmo sem o selo oficial da Igreja.
- Verdades periféricas que necessariamente se derivaram do dogma central e controlador, mesmo sem sanção eclesiástica especial.
- Desenvolvimentos posteriores da verdade doutrinária que antecipam e preparam o caminho para formulações adicionais de dogmas teológicos.
- As grandes controvérsias doutrinárias da Igreja, que frequentemente foram os momentos de surgimento de novos dogmas e exerceram influência determinante sobre sua formulação.
Embora acompanhe os fatos externos ligados ao desenvolvimento do dogma, a história do dogma tem como foco principal o desenvolvimento do pensamento teológico na consciência da Igreja, buscando acompanhar o desenvolvimento da ideia inerente à revelação feita por Deus.
Em suma, a tarefa essencial da história do dogma é traçar a trajetória histórica do pensamento da Igreja em relação às verdades de fé oficialmente reconhecidas, desde suas origens até suas formas contemporâneas, levando em consideração os diversos fatores que influenciaram esse desenvolvimento. Como mencionamos em nossa conversa anterior, esse processo é visto como dinâmico e multifacetado, moldado por controvérsias, influências filosóficas e a reflexão contínua sobre as Escrituras.
