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A terra de Canaã, devido à sua localização estratégica como uma ponte entre as grandes civilizações do Egito e da Mesopotâmia, foi repetidamente alvo de invasões e migrações de diversos povos ao longo da história.

Já nos tempos patriarcais, antes mesmo da fixação dos israelitas, Canaã era habitada por uma população mista, resultado de várias ondas de migrações. O primeiro grande movimento semítico (amorreu) na Mesopotâmia provavelmente estendeu seus assentamentos até a Palestina. Durante o Reino Médio egípcio (2000-1780 a.C.), o Egito avançou seus interesses políticos e comerciais até a Síria, ao norte de Canaã.

Por volta de 1500 a.C., o povo de Caftor estabeleceu-se sobre a Planície Marítima. Os hititas também penetraram em Canaã vindos do norte e já eram um povo bem estabelecido na época em que Abraão comprou a cova de Macpela (Gn 23). Os refains, um povo cuja origem é pouco clara além das referências bíblicas, foram recentemente identificados na literatura ugarítica. A designação “cananeu” abrangia a mistura de povos que ocupavam a terra na época patriarcal.

Os filisteus também fizeram sua presença em Canaã, embora sua chegada em grande número na planície marítima tenha ocorrido por volta de 1200 a.C.. Contudo, pequenos grupos de filisteus já estavam estabelecidos na região antes de 1500 a.C.. Eles se misturaram com outros habitantes, mas deixaram sua marca no nome “Palestina” (Filistéia).

Durante o período em que os israelitas estavam no Egito (por volta de 1700 a.C.), os hicsos, invasores semitas da Ásia que utilizavam cavalos e carros de guerra, ocuparam o Egito. Embora seu domínio tenha sido centrado no Egito, sua presença na região certamente teve implicações no cenário geopolítico que afetava Canaã.

Após a saída dos israelitas do Egito e durante sua jornada pelo deserto, Canaã continuou sendo um ponto de interesse para outras potências. No auge da Décima Segunda Dinastia egípcia (2000-1780 a.C.), o Egito estendeu seu controle, embora de forma intermitente, sobre a Palestina, alcançando até o Eufrates. No entanto, o poder egípcio declinou, e o próprio Egito foi ocupado pelos hicsos.

O reino hitita, com seus princípios na Ásia Menor, começou a se expandir por volta do século XVI a.C., chegando a dominar a Síria e até mesmo a destruir Babilônia por volta de 1550 a.C.. O reino de Mitanni, um povo indo-ariano, também emergiu e se estendeu para oeste, alcançando o Mediterrâneo por volta de 1500 a.C.. Egípcios e hititas frequentemente enviavam seus exércitos através de Canaã, rivalizando pelo controle da Síria.

Nos dias de Merneptah (final do século XIII a.C.), invasores do norte, conhecidos como ários, destruíram o império hitita e enfraqueceram os amorreus. Embora o império hitita tenha se desintegrado, os hititas continuaram sendo mencionados no Antigo Testamento. Após Ramsés III repelir esses invasores, o poder egípcio também declinou, permitindo a infiltração dos arameus na área da Síria.

Quando Israel finalmente tentou ocupar Canaã sob a liderança de Josué (após cerca de 40 anos no deserto), a terra era habitada por diversas cidades-estado cananeias, que frequentemente formavam ligas para resistir aos invasores. Embora Josué tenha obtido vitórias significativas e subjugado muitos reis locais, nem todas as cidades foram capturadas ou seus habitantes expulsos.

No período dos Juízes, após a morte de Josué, Israel enfrentou a opressão de vários povos vizinhos, que invadiam e saqueavam seu território. Estes incluíram uma força invasora da Mesopotâmia, os cananeus sob o rei Jabim, os midianitas, os amonitas, os moabitas e, de forma particularmente significativa, os filisteus. A ascensão dos filisteus como uma ameaça dominante ocorreu pouco depois de 1200 a.C., e eles se tornaram os principais oponentes de Israel durante os períodos de Sansão, Eli, Samuel e Saul.

Durante o período da monarquia unida sob Davi e Salomão, Israel expandiu seu território e subjugou muitos de seus vizinhos, incluindo edomitas, moabitas e amonitas. No entanto, após a divisão do reino, tanto Israel (o reino do norte) quanto Judá (o reino do sul) se tornaram vulneráveis a invasões de potências maiores, como a Síria (arameus) e a Assíria.

A Assíria, a partir do século IX a.C., emergiu como uma grande potência e realizou diversas campanhas na região, cobrando tributos de Israel e Judá e deportando populações. O reino de Israel foi finalmente conquistado pela Assíria em 722 a.C., e sua população foi levada para o exílio.

Posteriormente, o reino de Judá também enfrentou a ascensão da Babilônia. No final do século VII e início do século VI a.C., a Babilônia invadiu Judá várias vezes, culminando na destruição de Jerusalém e do Templo em 586 a.C. e no exílio da elite judaica para a Babilônia.

No século VI a.C., o Império Persa, sob Ciro, conquistou a Babilônia. Ciro adotou uma política de permitir que os povos exilados retornassem às suas terras, o que possibilitou o retorno de alguns judeus a Judá.

Ao longo de sua história registrada no Antigo Testamento, a terra de Canaã foi, portanto, um palco de constantes movimentos populacionais e invasões de uma variedade de povos, refletindo sua importância geográfica e os jogos de poder entre as civilizações circundantes.

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