A field of flowers next to a body of water

E viu Deus que era muito bom!”

(Gênesis 1:31)

Imagine, por um momento, a dor de um artista ao ver sua criação mais preciosa destruída. Não apenas arranhada ou suja, mas deformada de tal maneira que mal se reconhece a beleza que um dia ela teve. Essa é a nossa história. É a história de cada um de nós, quebrados por dentro, com rachaduras profundas que tentamos desesperadamente esconder.

Mas Deus vê. Ele sempre viu. Ele viu quando tudo começou, quando nos desenhou à Sua imagem e semelhança, moldando cada detalhe com perfeição e sussurrando: “E viu Deus que era muito bom” (Gênesis 1:31). Ele viu também o momento em que nossas mãos trêmulas escolheram o que nunca deveriam ter escolhido, quando a perfeição foi rasgada pelo pecado, e a obra-prima começou a se desfazer.

Você já se sentiu assim? Como uma pintura que perdeu suas cores, uma escultura que sofreu golpes demais? Essa é a história da humanidade, a nossa história coletiva e pessoal. Assim como A Última Ceia de Leonardo da Vinci resistiu aos séculos de negligência, abuso e destruição, nós também carregamos as marcas do tempo, do pecado, das escolhas erradas, dos danos que pareciam irreversíveis.

Mas, assim como aquela pintura, não estamos além da restauração. Só que há uma diferença crucial: enquanto restauradores humanos podem apenas tentar recriar o que foi perdido, o Mestre Criador pode trazer de volta a beleza original. Ele pode fazer novo.

Em Gênesis, a narrativa da criação é um poema de alegria, de comunhão, de perfeição. Deus criou e declarou que tudo era bom. Mas então o desastre aconteceu, e aquilo que foi declarado muito bom se quebrou em milhares de pedaços. A humanidade foi manchada pelo pecado, distorcida ao ponto de se tornar quase irreconhecível. “Maldita é a terra por tua causa; com dor comerás dela todos os dias da tua vida” (Gênesis 3:17).

E Deus poderia ter nos abandonado. Poderia ter virado as costas, mas não o fez. Pelo contrário, Ele iniciou um plano de restauração. Desde o Éden, com a promessa de redenção, até a cruz, onde a restauração encontrou seu clímax, Deus esteve trabalhando, paciente e habilidoso, para nos trazer de volta.

E aqui estamos, vivendo em um mundo ainda marcado pela maldição. Ainda sentimos as dores do parto, o suor do trabalho, as feridas nos relacionamentos, as perdas e a morte. Mas existe uma esperança que não pode ser esmagada. Em meio ao caos, Jesus nos lembra: “Neste mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; Eu venci o mundo” (João 16:33).

Não é que a dor desapareça, mas, com Ele, ela ganha significado. Não é que a morte deixe de existir, mas com Ele, ela perde o poder de nos assustar. Ele nos transforma, não apenas como um restaurador que lida com a superfície, mas como um Criador que toca a essência do que somos.

Pense nos cristãos do Império Romano, durante as pragas devastadoras. Enquanto todos fugiam, eles ficavam. Eles cuidavam dos doentes, enfrentavam a morte sem medo, porque sabiam que a ressurreição era mais real do que a própria vida. “Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro” (Filipenses 1:21). E é isso que o Mestre faz: Ele toma nossa fragilidade, nosso desespero, nosso vazio, e os enche de esperança, de coragem, de um amor que desafia a lógica.

Você consegue sentir isso? A promessa de que, mesmo neste mundo quebrado, somos vencedores? Que, apesar das manchas, rachaduras e do desgaste, Deus nos vê como Sua obra-prima? Não por causa do que somos, mas por causa de quem Ele é. Jesus veio para nos lembrar de quem sempre fomos aos olhos do Pai: amados, desejados, valiosos. Ele veio para restaurar o que foi perdido, para nos devolver a beleza original que carregamos em nosso DNA divino.

Mas isso exige uma decisão. Restauração não acontece sem entrega. Você está disposto a permitir que o Mestre toque nas partes mais danificadas da sua vida? Nas áreas que você tem medo de expor, nas dores que você tentou enterrar? Porque é aí, exatamente aí, que Ele começa Sua obra. “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1:9).

A restauração não é rápida nem fácil, mas é transformadora. Não somos chamados apenas para sobreviver neste mundo amaldiçoado; somos chamados para viver, para brilhar, para refletir a glória do nosso Criador.

Então, hoje, lembre-se: você não é definido por suas falhas, pelas marcas do tempo, pelas manchas do pecado. Você é definido pelo amor de Deus, um amor que escolheu a cruz para que você pudesse ser restaurado. Não importa o quão quebrado você se sinta, o Mestre Restaurador já começou Sua obra. “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Coríntios 5:17). E, com Ele, a obra-prima será concluída.

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