Jeremias aconselhou os exilados a se estabelecerem na Babilônia. Ele escreveu cartas avisando-os para construírem casas, semearem vinhedos e planejarem permanecer setenta anos em cativeiro.
Esta orientação de Jeremias surgiu em um contexto de grande ansiedade entre os exilados em relação ao retorno à sua pátria. Falsos profetas estavam semeando um espírito de revolta na Babilônia, prometendo um breve retorno a Jerusalém. Hananias, pouco depois do cativeiro em 597 a.C., chegou a profetizar que o jugo da Babilônia seria quebrado em dois anos. Ezequiel também identificou instigadores de insurgência entre os exilados.
Diante desta atmosfera de falsas esperanças e potencial rebelião, Jeremias, conhecido pelos cativos devido ao seu longo ministério em Jerusalém, enviou cartas com uma mensagem contrastante. Ele os exortou a se estabelecerem na Babilônia, construindo lares e plantando para o futuro, pois o período de cativeiro seria longo, durando setenta anos. Jeremias buscava dissuadir os exilados de participarem de quaisquer levantes prematuros contra o poder babilônico, que ele via como instrumento do juízo de Deus sobre Judá por sua desobediência.
A mensagem de Jeremias não foi bem recebida por todos. Falsos profetas como Semaías se opuseram veementemente às suas palavras, chegando a escrever a Sofonias, o sacerdote e administrador do templo em Jerusalém, repreendendo-o por não censurar Jeremias e pedindo que o profeta fosse confinado por escrever aos exilados. Semaías estava planejando um rápido retorno a Jerusalém e via a mensagem de Jeremias como um obstáculo a essa expectativa.
Apesar da oposição, Jeremias manteve sua posição, denunciando publicamente os falsos profetas e reafirmando a necessidade de submissão ao cativeiro babilônico como parte do plano de Deus. Ele assegurou aos exilados que, após o período de setenta anos, Deus os restauraria à sua própria terra para servirem sob um governante designado como “Davi seu rei”. Nesta futura restauração, uma nova aliança seria estabelecida, com a lei escrita em seus corações e o perdão dos seus pecados.
A ação de Jeremias, embora parecesse pessimista no curto prazo, visava preservar o remanescente de Judá e garantir a futura restauração prometida por Deus. Ao aconselhá-los a se estabelecerem na Babilônia, ele os estava instruindo a sobreviver e a manter a fé durante um período de disciplina divina, em vez de se perderem em tentativas fúteis de libertação imediata que poderiam levar a mais sofrimento e destruição. Jeremias reconhecia a soberania de Deus sobre os eventos históricos, incluindo o levante e a queda das nações, e acreditava que o cativeiro babilônico era parte do propósito divino para o seu povo.