Labão perseguiu Jacó principalmente por dois motivos interligados: a partida secreta de Jacó com seus bens e o roubo dos ídolos domésticos de Labão por Raquel.
Jacó, encorajado por Deus a retornar à terra de seus pais, reuniu sua família e posses e partiu para Canaã no momento em que Labão estava ausente cuidando de seu gado. Essa partida não foi comunicada a Labão, o que, por si só, poderia ter sido interpretado como uma quebra nos laços familiares e no contrato de trabalho que existia entre eles. Jacó havia trabalhado para Labão por muitos anos, e sua partida repentina com a família e os bens acumulados poderia ter sido vista por Labão como uma injustiça ou uma afronta.
Três dias após a partida de Jacó, Labão soube da fuga e imediatamente organizou uma perseguição, alcançando Jacó sete dias depois, nas colinas de Gileade. A velocidade e a determinação da perseguição indicam a intensidade da perturbação de Labão com a situação.
O segundo motivo, e talvez o mais significativo para a perseguição, foi o desaparecimento dos deuses domésticos de Labão, os terafim. Labão estava profundamente perturbado com a ausência desses ídolos. A razão para tamanha preocupação não era estritamente religiosa, mas também legal e social, de acordo com os costumes da época, especificamente as leis de Nuzu. Segundo essas leis, um genro que possuísse os deuses domésticos poderia ter um forte argumento legal para reivindicar a herança da família perante um tribunal.
Raquel, a esposa de Jacó e filha de Labão, havia secretamente roubado os terafim enquanto Labão procurava nas possessões de Jacó. Ao fazer isso, Raquel possivelmente tentava assegurar uma vantagem para seu marido no que dizia respeito à futura herança de Labão, já que, em certo momento, Jacó havia sido considerado o herdeiro legal de Labão por este não ter filhos homens. Embora Labão tenha tido filhos posteriormente, alterando a posição de Jacó como herdeiro principal, a posse dos terafim por Jacó, através de Raquel, ainda poderia ser vista como uma ameaça aos direitos de herança dos filhos de Labão.
Portanto, a perseguição de Labão a Jacó foi motivada tanto pela maneira como Jacó deixou Padã-Harã – de forma secreta e levando consigo sua família e bens – quanto, e talvez principalmente, pelo roubo de seus deuses domésticos por Raquel. Labão via a posse desses ídolos por Jacó como uma possível ameaça legal e material à sua família e à sua herança. No entanto, antes de se separarem, Labão e Jacó fizeram um pacto que anulou qualquer possível benefício que Jacó pudesse obter com a posse dos terafim.