Com a redenção de Israel do Egito, Deus estabeleceu um sacerdócio específico com responsabilidades primárias bem definidas para a ministração e o culto aceitáveis. A designação de Arão como o sumo sacerdote e seus descendentes, juntamente com o auxílio dos levitas, marcou uma nova ordem na relação de Israel com Deus.
Uma das responsabilidades principais dos sacerdotes era atuar como mediadores entre Deus e o povo. Oficiando nas ofertas prescritas, eles conduziam o povo, assegurando-lhes a expiação pelo pecado. Quatro classes de ofertas implicavam o derramamento de sangue, e os sacerdotes eram responsáveis por ministrá-las: a oferta que devia ser queimada, a oferta pacífica, a oferta pelo pecado e a oferta pela expiação da culpa. Os sacerdotes eram os encarregados de apresentar esses sacrifícios da maneira prescrita, utilizando animais aceitáveis, como cordeiros, cabras, bois ou vacas, e em casos de extrema pobreza, rolas ou pombinhos. A oferta pelo pecado, necessária para pecados de ignorância cometidos inadvertidamente, também era administrada pelos sacerdotes, com variações no sacrifício exigido de acordo com a responsabilidade do indivíduo, seja o sumo sacerdote, a congregação, um governante ou um cidadão privado. Da mesma forma, a oferta de expiação, relacionada a direitos legais e propriedade em situações que envolviam tanto a Deus quanto ao próximo, exigia a intervenção sacerdotal para a realização do sacrifício necessário para o perdão. No Tabernáculo, e posteriormente no Templo, os sacerdotes realizavam as cerimônias de purificação e aspersão do sangue, essenciais para a expiação.
Além de sua função sacrificial, os sacerdotes tinham a solene obrigação de discernir a vontade de Deus para o povo. O Urim e o Tumim, colocados no peitoral do sumo sacerdote, eram um meio pelo qual a vontade divina podia ser conhecida. Embora pouco se saiba sobre o funcionamento exato desse método, sua importância reside no fato de que proporcionava um canal para buscar a direção de Deus em assuntos importantes para a nação.
Os sacerdotes também eram os custódios da lei e estavam comissionados para instruir os leigos. Eles eram responsáveis por garantir que o povo conhecesse os mandamentos e as ordenanças de Deus, promovendo um viver santo em conformidade com a aliança. Durante a reforma promovida por Ezequias, por exemplo, os sacerdotes e levitas foram organizados para os serviços regulares e para ensinar a lei do Senhor ao povo.
O cuidado e a administração do Tabernáculo (e posteriormente do Templo) também estavam sob a jurisdição dos sacerdotes. Eles supervisionavam a construção, a manutenção e o funcionamento do local de adoração, juntamente com os levitas que os auxiliavam nessa tarefa. Os sacerdotes eram responsáveis pelos objetos sagrados dentro do Tabernáculo, como a mesa dos pães da proposição, o candelabro de ouro e o altar do incenso. Com a construção do Templo por Salomão, os levitas foram organizados em unidades e designados ao ministério regular, incluindo a função de guardadores das portas e músicos, enquanto os sacerdotes continuavam a liderar os rituais e sacrifícios.
Os sacerdotes também tinham a responsabilidade de abençoar a congregação. Uma fórmula específica para abençoar o povo foi dada aos sacerdotes, assegurando aos israelitas o cuidado, a proteção, a prosperidade e o bem-estar de Deus.
A santidade dos sacerdotes era uma exigência fundamental para o seu serviço. Havia pré-requisitos para um viver santo e para o próprio serviço sacerdotal, incluindo um especial cuidado em questões de matrimônio e disciplina familiar. Taras físicas excluíam permanentemente do serviço sacerdotal, e a falta de limpeza cerimonial desqualificava temporariamente do ministério. Os sacerdotes deviam evitar costumes pagãos, a profanação das coisas sagradas e qualquer tipo de contaminação. As restrições para o sumo sacerdote eram ainda mais exigentes.
Em tempos posteriores, como no reinado de Josafá, os sacerdotes, juntamente com os levitas e os cabeças de família, tinham a responsabilidade de render justas decisões em Jerusalém, atuando como uma espécie de tribunal religioso. Amarias, o chefe dos sacerdotes, era o responsável final por todos os casos religiosos.
Após o retorno do exílio babilônico, Esdras e Neemias trabalharam para reorganizar os sacerdotes e levitas para o serviço do Templo, garantindo que recebessem o dízimo e outras contribuições do povo para poderem cumprir seus deveres. Eles também tomaram medidas drásticas contra a profanação do santuário, como os casamentos mistos com gentes pagãs, que eram vistos como uma transgressão que afetava a aceitação das ofertas diante do Senhor.
Em resumo, as responsabilidades primárias dos sacerdotes designados por Deus incluíam mediar entre Deus e o homem através de sacrifícios para a expiação dos pecados, discernir a vontade divina, ensinar e guardar a lei, cuidar do Tabernáculo/Templo e seus utensílios sagrados, abençoar o povo, manter a santidade em sua vida pessoal e ministerial, e em certos períodos, exercer funções judiciais em assuntos religiosos. Sua atuação era essencial para a manutenção da aliança entre Deus e Israel e para a garantia de um culto aceitável.