Pv 10:9 – Andar em Integridade é andar em Segurança

Palavra:

Integridade não é apenas um ideal ético; é um clamor da alma, um apelo à verdade que pulsa dentro de nós, mas que tantas vezes silenciamos em meio à cacofonia de nossas máscaras e medos. Integridade é ser inteiro, e quem pode se declarar pleno nesta era de fragmentação? Vivemos partidos entre aquilo que mostramos ao mundo e aquilo que somos quando as cortinas caem, entre o que desejamos ser e o que na realidade temos coragem de enfrentar.

No fundo, a integridade não é sobre ser perfeito, mas sobre ser honesto. Não se trata de uma performance moral impecável, mas de uma vulnerabilidade crua que reconhece a discrepância entre nossas falhas e o chamado de Deus para algo maior. Como podemos andar em segurança, como diz o provérbio, se estamos constantemente tropeçando em nossa duplicidade? O convite aqui é para nos despirmos das máscaras que tão cuidadosamente esculpimos e finalmente habitarmos a verdade de quem somos.

O mundo nos incentiva a sermos pragmáticos, a ajustarmos nossas éticas à conveniência, a dividirmos nossa lealdade entre os valores eternos e os benefícios imediatos. A frase “negócios à parte” resume esse espírito: a integridade é relegada ao segundo plano quando o lucro, a aprovação ou o conforto estão em jogo. Mas será que viver dessa forma não nos deixa partidos por dentro? Será que a busca incessante por vantagem não cava um abismo entre nossa alma e a graça transformadora de Deus?

Ser íntegro é um ato de coragem, mas também de rendição. É permitir que Deus remende as fissuras do nosso caráter com os fios da Sua graça. É reconhecer que somos um campo de batalha entre o bem que desejamos e o mal que tantas vezes escolhemos. E, ainda assim, nesse conflito interno, Deus nos encontra, não para nos acusar, mas para nos curar. Ele não exige perfeição antes de nos amar; Ele nos ama para que possamos caminhar em direção à perfeição.

Quando somos íntegros, algo extraordinário acontece. A confiança que antes evitávamos construir por medo de sermos expostos floresce. As relações se tornam mais autênticas porque não estamos mais encenando, mas vivendo. E com Deus, a integridade nos leva a um lugar de intimidade onde não precisamos esconder nossos pecados, mas podemos confessá-los, sabendo que Seu amor não se retraí diante de nossa imperfeição.

O poeta Fernando Pessoa disse: “Seja você inteiro onde você estiver.” Isso não é apenas um ideal literário; é uma convocação divina. Deus não deseja pedaços de nós, não anseia por uma fidelidade fragmentada. Ele quer o nosso todo – nossas vitórias e nossas derrotas, nossa fé e nossas dúvidas, nossa luz e nossa sombra. E é somente quando nos entregamos inteiros que Ele nos refaz inteiros.

Integridade é caminho, não um destino. É o ato de peregrinar com Deus com os pés descalços da verdade, vulneráveis e expostos, mas profundamente seguros em Sua presença. Que possamos abandonar os caminhos tortuosos da hipocrisia e optar por uma vida de autenticidade, mesmo quando ela nos parecer difícil, mesmo quando expor nossas fraquezas parecer arriscado. Pois no final, é na luz da integridade que encontramos a segurança que tanto ansiamos.

E se ainda estamos hesitantes, que oremos: “Senhor, toma meu coração dividido e faz dele um só. Não para que eu seja perfeito, mas para que eu seja Teu.”

Este é o convite que a integridade nos faz: não o de conquistar a aprovação do mundo, mas de nos rendermos ao amor incondicional de Deus, que vê todas as nossas imperfeições e ainda assim nos chama de Seus.

Por Diego Gonçalves.

Devocional inspirado nos encontros 1/5 dos Encorajadores com Evandro Correia e Gerson Borges.

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