Obstáculos No Caminho
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Obstáculos no Caminho | Lucas 9: 51

INTRODUÇÃO: Estamos apenas a seis semanas da Páscoa e durante esse tempo, nosso foco será em alguns trechos importantes que antecederam a semana santa em que Jesus deu a sua vida na cidade de Jerusalém. A passagem em Lucas 9 dá início a essa caminhada, então é por aí que vamos começar.

Texto-Base:

Como se aproximava o tempo de ser elevado ao céu, Jesus partiu com determinação para Jerusalém. (Lucas 9: 51)

Nesta passagem bíblica que acabamos de ler, Jesus mostra pra gente o que é obediência de verdade. Lucas relata que Jesus, com toda determinação, saiu da Galileia rumo a Jerusalém. E a partir daí, em todo o evangelho de Lucas, Jerusalém fica sempre no horizonte de Jesus. Desde o capítulo nove até o dezenove, todos os passos de Jesus estão relacionados a Jerusalém.

A viagem da Galiléia até Jerusalém poderia ser feita a pé em três dias. Mas Jesus não estava com pressa. Ele gastou seis meses para fazer essa viagem, parando em várias cidades para ensinar e pregar.

Ele não estava sozinho, havia um grupo de discípulos com ele. Imagine que você é um desses discípulos, seguindo Jesus e ouvindo suas pregações e ensinamentos a caminho de Jerusalém.

De certa forma, nas próximas seis semanas, vamos embarcar juntos nessa viagem com Jesus para entender o que Jerusalém significava para ele e o que significa para nós.

Para Cristo, Jerusalém era sinônimo de dor e morte. Como Jesus disse aos seus discípulos em Lucas 9: 22,

“É necessário que o Filho do Homem sofra muitas coisas”, disse. “Ele será rejeitado pelos líderes do povo, pelos principais sacerdotes e pelos mestres da lei. Será morto, mas no terceiro dia ressuscitará.

(Lucas 9: 22)

Jerusalém, para Jesus, representava sofrimento e morte. Isso cria uma atmosfera pesada em todo o resto do evangelho de Lucas. À medida que Jesus se dirige a Jerusalém, ele também se dirige para a sua morte inevitável.

Para nós que seguimos a Cristo, Jerusalém se torna um símbolo de discipulado. Tomaremos a nossa cruz, negaremos a nós mesmos e seguiremos o Senhor? O que pode nos impedir de segui-lo?

Na nossa passagem de hoje, vamos listar cinco barreiras que podemos enfrentar no caminho para Jerusalém. No passado, esses cinco obstáculos impediram algumas pessoas de seguir a Cristo e hoje podem atrapalhar o caminho de outras pessoas também.

Então, ao olharmos para esses desafios hoje, quero pedir que você pense sobre eles na sua vida. Existe algum desses desafios que está te impedindo de seguir o caminho do discipulado? Ou você já venceu esses desafios e pode continuar seguindo Jesus até a cruz?

O obstáculo da rejeição (versículos 51-53)

O primeiro obstáculo que aparece é a rejeição. A rejeição acontece quando alguém recusa totalmente Jesus e nem sequer inicia o caminho do discipulado com Ele. Veja os versículos 51-53:

“Como se aproximava o tempo de ser elevado ao céu, Jesus partiu com determinação para Jerusalém. Enviou mensageiros adiante até um povoado samaritano, a fim de fazerem os preparativos para sua chegada. Contudo, os habitantes do povoado não receberam Jesus, porque parecia evidente que ele estava a caminho de Jerusalém”.

(Lucas 9: 51-53)

Minha gente, por um instante, pensa comigo naquele momento quando Jesus começou a ir para Jerusalém. O versículo 51 diz que “se aproximava o tempo de ser elevado ao céu”.

Nessa época, Jesus tinha uns 33 anos e Ele havia começado o seu ministério público há uns dois anos e meio antes. E agora, Jesus sabia que estava quase terminando seu trabalho.

Logo, iria acabar seu tempo na Terra e voltaria para o Pai. Mas antes disso, ainda tinha um algo para fazer em obediência ao Pai. Sabe o quê? ir para Jerusalém para morrer na cruz.

Se você reparar, a passagem de hoje acontece logo após Jesus ter sido glorificado no Monte da Transfiguração. Jesus não foi levado para o céu naquele instante. E olha que ele poderia ter sido. Ele já tinha vivido uma vida impecável / perfeita.

Mas Jesus não veio apenas para viver uma vida perfeita ou para ser nosso exemplo. Deus tinha um plano muito maior:

Qual era o plano? Que ele fosse a Jerusalém para sofrer e morrer.

Então, por mais que o episódio da transfiguração fosse glorioso, ali, Jesus ainda não estava pronto para ser levado ao céu. A ida de Jesus ao céu deveria acontecer após a sua crucificação e ressurreição. Jesus decidiu obedecer ao Pai, e é por isso que Lucas nos diz que ele “partiu com determinação” para Jerusalém.

No texto original grego, diz que Jesus “firmou (voltou) o rosto para Jerusalém”. Lucas está fazendo uma referência a Isaías 50: 7, que fala sobre Jesus, assim:

Porque o Senhor Soberano me ajuda, não serei envergonhado. Por isso, firmei o rosto como uma pedra e sei que não serei envergonhado.

Isaías 50: 7

Essa expressão em hebraico significa que alguém tem um propósito muito firme, mesmo quando as coisas estão difíceis ou perigosas. Ou seja, Jesus estava decidido a ir para Jerusalém, não importava o que acontecesse lá.

Continuando… No versículo 52, lemos:

Enviou mensageiros adiante até um povoado samaritano, a fim de fazerem os preparativos para sua chegada.

(Lucas 9: 52)

A palavra usada aqui para “enviou” é a mesma palavra grega de onde vem a nossa palavra “apóstolo”. Essa palavra significa mandar alguém como representante oficial ou autorizado. Então, Jesus enviou esses mensageiros como seus representantes oficiais para deixar tudo pronto para a sua chegada.

Lucas nos diz que eles foram para uma vila em Samaria. Bem, a relação entre judeus e samaritanos não era das melhores. Havia uma grande rivalidade e desgosto mútuo entre os dois grupos. No entanto, a rota mais rápida para Jerusalém passava por Samaria, então essa rota era comumente usada pelos peregrinos que se dirigiam a Jerusalém para várias celebrações ao longo do ano.

No versículo 53, lemos:

mas o povo dali não o recebeu porque ele se dirigia para Jerusalém.

(Lucas 9: 53)

Lucas nos mostra que os habitantes dessa vila não deram boas-vindas a Jesus. Eles não o aceitaram, nem aos seus mensageiros. Não proporcionaram nenhum tipo de hospitalidade. Deixaram bem claro que Jesus e seus discípulos não eram bem-vindos.

Lucas explica que a razão pela qual eles deram as costas a Jesus foi porque ele estava a caminho de Jerusalém. Isso incomodou os samaritanos porque eles tinham o seu próprio lugar de adoração no Monte Gerizim.

Eles se recusaram a aceitar Jerusalém como o verdadeiro centro de adoração. Talvez você se lembre do que a mulher samaritana disse a Jesus no poço:

Nossos antepassados adoraram neste monte, mas vocês, judeus, dizem que o lugar onde devemos adorar é em Jerusalém.

(João 4: 20)

Então, qual é a primeira barreira? É a barreira da rejeição. Muitas pessoas nem começam a jornada de serem discípulas porque recusam Jesus logo de cara. Isso é um problema para você? Os samaritanos não quiseram Jesus em seu vilarejo. E você? Você não quer Jesus em seu coração?

Os samaritanos não deram boas-vindas a Jesus quando ele chegou. E você? Já o recebeu me seu coração?

Lembre-se de João 1: 12 que nos diz:

“Contudo, aos que o receberam, aos que creem no seu nome, deu‑lhes a autoridade de se tornarem filhos de Deus”.

(João 1: 12)

Sabe o que mais impressiona nesta passagem? Os samaritanos deram as costas para Jesus sem nem mesmo entender quem ele realmente era. Eles não o rejeitaram porque ele falou que era o Filho de Deus ou por causa do que ele pregava ou dizia. Eles o rejeitaram só porque ele estava a caminho de Jerusalém.

E não é que acontece a mesma coisa hoje em dia? Muita gente rejeita Jesus sem realmente entender quem ele é ou o que ele fez por nós. Que coisa triste!

Como cristãos, é nosso papel garantir que as pessoas entendam isso, para que possam tomar uma decisão baseada na verdade, e não em uma imagem distorcida do que é o cristianismo. O primeiro obstáculo no caminho para Jerusalém é o obstáculo da rejeição.

O obstáculo de um espírito de julgamento (54-56)

A segunda barreira é ter um espírito de julgamento. Isso é evidente em Lucas 9: 54-56.

Ao verem isso, os discípulos Tiago e João perguntaram: ― Senhor, queres que façamos cair fogo do céu para destruí‑los? Jesus, porém, voltando‑se, repreendeu‑os. Então, ele e os seus discípulos foram para outro povoado.

Lucas 9: 54-56.

Tiago e João, também conhecidos como “Filhos do Trovão”, ficaram tão irritados com a rejeição dos samaritanos a Jesus que buscaram vingança. Eles se lembraram do profeta Elias, que havia chamado fogo do céu sobre os inimigos de Deus, e se ofereceram para fazer o mesmo por Jesus.

Uma coisa é certa. Você tem que admirar a fé deles nesse momento. Eles não tinham dúvidas de que poderiam fazer isso. Deus deu-lhes o poder de curar e expulsar demônios.

Eles tinham acabado de ver Moisés e Elias no Monte da Transfiguração. Talvez isso os tenha feito pensar em Elias! Eles ainda estavam numa onda de poder, mas não eram maduros o suficiente para lidar com isso.

Qual foi a reação de Jesus? Bom, o Lucas nos conta que Jesus reagiu dando uma bronca neles. Mas qual foi o problema? Não tinha nada errado com a fé deles ou com o entusiasmo.

O problema era na atitude deles e no fato de não terem entendido direito qual era a missão de Jesus. Jesus não queria que eles chamassem fogo do céu, porque Jesus não veio para destruir, mas para salvar.

Quando Jesus mandou seus discípulos em outras missões anteriores, ele falou:

Se não os receberem, saiam dessa cidade e sacudam a poeira dos pés como testemunho contra eles.

(Lucas 9: 5).

Sacudir a poeira dos pés é bem diferente de chamar fogo do céu! Sacudir a poeira dos pés era um aviso do julgamento que estava por vir, com a esperança de que as pessoas mudassem e fossem salvas. Mas chamar fogo do céu era um sinal de um julgamento imediato, sem chance de salvação. Por isso, Jesus deu uma bronca neles.

Paulo, escrevendo a Timóteo nos orienta sobre como devemos nos comportar com quem não aceita Jesus. Ele diz:

Ao servo do Senhor não convém brigar, mas sim ser amável para com todos, apto para ensinar, tolerante. Deve corrigir com mansidão os que se opõem a ele, na esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento, levando‑os ao conhecimento da verdade”.

(2 Timóteo 2: 24-25)

Como cristãos, nosso dever é sermos gentis e amigáveis, e não guardarmos rancor contra quem não concorda conosco. Mas, quantas vezes, em vez de orarmos por essas pessoas ou orientá-las com gentileza, “soltamos o verbo” contra elas, na esperança de que Deus faça algo em suas vidas?

Por que ser julgador é um problema para quem está seguindo Jesus? Reflita sobre isso. Como você pode seguir Jesus até a cruz se você está sempre julgando tudo e todos? Quando você decide seguir Jesus, você está escolhendo o caminho da cruz. E a cruz é sobre salvação, não sobre julgar os outros.

Se alguém rejeitar Jesus e sua cruz, eles serão julgados, mas esse julgamento não cabe a nós. Tiago 4: 12 diz:

Há apenas um Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e destruir. Mas quem é você para julgar o seu próximo?

Tiago 4: 12

Então, o segundo obstáculo para quem está seguindo Jesus é ser muito julgador.

O obstáculo do compromisso impulsivo (57-58)

Agora, esses três últimos obstáculos estão ligados a um trio de possíveis discípulos. Não sabemos com certeza se algum deles superou os desafios apresentados por Jesus. Honestamente, espero que sim, mas pelo tom da passagem, isso parece improvável.

Todos eles parecem ter a mesma atitude do jovem rico que se afastou de Jesus com tristeza. Seria legal saber se eles acabaram seguindo Jesus, mas o foco desta passagem está mais nas exigências de Jesus do que nas respostas desses possíveis discípulos. Então, quais são os três últimos obstáculos que esses homens tiveram que superar?

Primeiro, há a barreira do compromisso apressado. Vemos isso em Lucas 9: 57-58. Caminhando pela estrada, um cara disse:

Quando andavam pelo caminho, um homem disse a Jesus: ― Eu te seguirei para onde quer que fores. Jesus respondeu: ― As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.

(Lucas 9: 57-58)

Agora, as palavras que esse cara diz para Jesus são incríveis. O livro de Mateus nos conta que ele era um mestre da lei, tipo um professor. (conforme Mateus 8: 19-20)

Naquela época, ser discípulo geralmente significava seguir os ensinamentos de alguém. Mas esse cara não só quis seguir os ensinamentos de Jesus, ele quis seguir o próprio Jesus, literalmente. Ele quis fazer parte do grupo de discípulos que andavam com Jesus por aí.

E ainda disse que iria pra qualquer lugar – “onde você for, eu vou”, ele disse para Jesus. Isso é uma declaração de fé e compromisso muito forte, um exemplo pra todos nós. Dá pra imaginar os discípulos e as pessoas que estavam ali ouvindo esse homem, aplaudindo e concordando com a cabeça.

Mas Jesus percebeu a barreira. Esse cara estava falando tudo certo, mas na realidade, ele não tinha pensado bem sobre o que significaria seguir Jesus. Então, Jesus questionou o compromisso dele. Jesus disse:

“Até as raposas têm suas tocas e os pássaros têm seus ninhos, mas eu, o Filho do Homem, não tenho onde descansar”.

(Lucas 9: 58)

Ual, essa é uma visão bem diferente. É fácil seguir Jesus quando tudo está calmo e leve. Mas e quando as coisas ficam complicadas? A gente continua seguindo Jesus?

Jesus e seus amigos tinham acabado de ser rejeitados numa cidade. Embora raposas e pássaros tenham seus próprios lugares para morar, Jesus não tinha. Isso fazia parte do sofrimento e rejeição que Jesus enfrentou. Ele não veio ao mundo pra viver com conforto e luxo. Ele veio para servir e sofrer.

O que está rolando aqui? Jesus está dando uma força para esse cara entender o que realmente significa ser discípulo. O aluno não é maior que o professor. Esse professor da lei falou algo bem corajoso, mas não parou para pensar no que aquilo realmente significava.

Ele me faz lembrar um pouco do Pedro. Lembra quando Pedro disse para Jesus: “Mesmo que eu tenha que morrer com você, nunca vou te abandonar”? Mas depois, na mesma noite, Pedro acabou negando Jesus.

Quer mesmo seguir a Cristo? Então, precisa entender o que isso significa! É um compromisso para toda sua vida, e em alguns momentos, Cristo pode pedir que você enfrente sofrimentos.

É uma vida onde você precisa obedecer, comprometer-se e, apesar de tudo, é uma vida cheia de alegria. Mas, antes de tudo, você precisa avaliar o que isso significa para você. Não permita que um compromisso feito às pressas te impeça de seguir Jesus até o final.

O obstáculo da procrastinação (59-60)

O próximo desafio é a procrastinação. Esse é o oposto do compromisso impulsivo. A pessoa que enfrenta o desafio do compromisso impulsivo segue Jesus muito rapidamente sem pensar. Já a pessoa que esbarra na procrastinação demora demais para seguir a Cristo.

Veja Lucas 9: 59-60:

A outro, disse: ― Siga‑me. Ele, porém, respondeu: ― Senhor, deixa‑me ir primeiro sepultar o meu pai. Jesus lhe disse: ― Deixe que os mortos sepultem os seus próprios mortos; você, porém, vá e proclame o reino de Deus.

Lucas 9: 59-60

Jesus chamou outro homem para segui-lo. Mas esse homem disse: “Senhor, me permite primeiro ir enterrar meu pai”. Jesus respondeu: “Deixa os mortos enterrar seus mortos, mas você deve ir e espalhar a palavra do reino de Deus”.

O evangelho de Mateus nos diz que este homem já era um discípulo de Cristo, mas isso provavelmente significa um discípulo no sentido mais amplo de alguém que era favorável a Jesus e estava disposto a aprender.

Agora Jesus o convida a dar o próximo passo, juntando-se a este grupo de discípulos que seguem Jesus no caminho para Jerusalém.

Esse cara que queria seguir Jesus respondeu: “Senhor, antes me permite…” Isso é começar de maneira errada! Ele estava dando prioridade ao “eu” ao invés de dar ao “Cristo”! Ele estava pronto para adiar o chamado de Jesus para segui-lo.

Isso acontece quando respondemos ao chamado de Deus dizendo: “Senhor, antes deixa eu…” Não, Cristo sempre deve ser a prioridade.

Então, qual era a prioridade desse cara? “Primeiro, Senhor, deixa eu enterrar meu pai.” Parece justo, né? Afinal, o enterro é algo muito sério para os judeus. Enterrar os pais é uma forma de honrar o pai e a mãe.

A responsabilidade de enterrar um parente é mais importante do que os compromissos religiosos. É até mais importante do que estudar as leis religiosas. Se você ler Levítico 21: 1-3 vai ver que até os sacerdotes, que normalmente não podem tocar em corpos, podiam fazer isso se fosse um parente (conforme Levítico 21: 1-3).

Portanto, enterrar os familiares é visto como um dever e um ato de carinho. É bem visto até enterrar um estranho. Imagine então um parente. E ainda mais o próprio pai! Seria um absurdo para um judeu não cumprir essa responsabilidade sagrada.

Eu li que alguns comentaristas sugerem que talvez o pai do discípulo nem tivesse falecido ainda. Eles acham que o discípulo está pedindo algo meio absurdo: “Deixa eu ficar em casa até meu pai morrer, depois eu te sigo”.

Mas a interpretação mais provável do texto é que o pai acabou de morrer, e o futuro discípulo está pedindo para poder enterrá-lo primeiro.

Jesus diz: “Deixa que os mortos enterrem seus próprios mortos. Seu trabalho é sair e falar sobre o reino de Deus”. Isso te faz pensar: “Sério? Jesus não vai deixar o cara enterrar o próprio pai?” E a resposta é não. Não se isso atrapalhar o compromisso dele em seguir Jesus.

E nesse caso, parece que sim. O chamado de Jesus deve ser mais importante que tudo. Ele mesmo falou: “Busque primeiro o reino de Deus” (Mateus 6: 33). Portanto, isso deve sempre estar em primeiro lugar na sua vida. Não dá pra adiar!

Então, o que Jesus quer dizer com “Deixe os mortos enterrarem seus próprios mortos”? Ele está dizendo assim: “Deixe quem está espiritualmente morto cuidar dos que estão fisicamente mortos”.

Sim, é importante enterrar os mortos, mas neste momento, Jesus tinha uma missão mais urgente para esse cara – espalhar as boas novas para aqueles que ainda não tinham ouvido sobre Jesus.

Um teólogo disse: “Estamos aqui para fazer com que os pecadores mortos vivam, não para enterrar os pecadores mortos”.

Ou seja, o chamado de Cristo é tão importante que se sobrepõe até mesmo à responsabilidade de enterrar os próprios pais. Não importa se o pai estava vivo, morto ou perto da morte, o ponto aqui é o compromisso radical que Jesus pede.

Enquanto pesquisa algumas fontes, li que John McNeill, um pregador da Escócia que viveu no século XIX, estava na Inglaterra a caminho de um evento para pregar quando soube que seu pai havia morrido na Escócia. Ele pensou em cancelar o evento, porque todo mundo entenderia, né?

Afinal, a situação era bem difícil. Mas ele não conseguiu cancelar. Parecia que Jesus estava ao lado dele, dizendo: “Olha, eu estou aqui contigo. Vai lá e prega o evangelho para essas pessoas. Você prefere enterrar os mortos ou ressuscitá-los?” E assim, ele foi pregar.

Agora você pode se perguntar: é errado um palestrante cancelar uma apresentação para ir a um funeral? Eu diria que depende. Tudo gira em torno do chamado de Cristo. McNeill sentiu que Cristo o estava chamando para pregar naquele final de semana, então teria sido desobediente se não o fizesse.

Outro palestrante pode sentir que Deus o está chamando para voltar para casa e apoiar a família (de acordo com 1 Timóteo 5: 8). Mas, em qualquer situação, a questão é: o chamado de Cristo em sua vida é mais importante do que qualquer outra coisa!

Muita gente acaba se desviando do caminho de Jesus por conta da procrastinação. Elas costumam dizer: “Ainda não tô pronto pra me entregar totalmente a Cristo. Talvez no próximo ano. Quero te seguir, Jesus, mas antes deixa eu fazer isso, deixa eu resolver aquilo…” (e a lista de desculpas só aumenta).

Evite fazer promessas impulsivas de seguir a Cristo, mas também não fique adiando essa decisão. Pense bem sobre o que isso significa e opte por seguir a Cristo agora, não deixe para depois.

O obstáculo de um coração dividido (61-62)

E o último obstáculo é o obstáculo de um coração dividido. Vamos ler os versículos 61-62:

Ainda outro disse: ― Vou seguir‑te, Senhor, mas deixa‑me primeiro voltar e despedir‑me da minha família. Jesus respondeu: ― Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o reino de Deus.

(Lucas 9: 61-62)

Mais uma vez, parece que o pedido também faz sentido, não é mesmo? “Me deixa voltar pra casa e me despedir da minha família”.

Cerca de oitocentos anos antes, um cara chamado Eliseu pediu a mesma coisa antes de decidir seguir o profeta Elias. Elias não viu problema nisso e deixou Eliseu se despedir. (conforme 1 Reis 19: 19-21)

Mas agora temos alguém aqui que é ainda mais importante que Elias. Algumas pessoas tentam suavizar o que Jesus exige nesses versículos, fazendo parecer que os pedidos desses possíveis seguidores são mais absurdos do que realmente são.

Mas o principal aqui é que, mesmo que esses pedidos pareçam razoáveis e inofensivos, as respostas de Jesus a eles parecem bem radicais.

A questão aqui é com a palavra “mas”. “Eu vou te seguir, Senhor, mas…” Imagine alguém fazendo uma proposta de casamento: “Quer casar comigo?” e a resposta é: “Sim, mas…” Acredite, essa não é a resposta que você gostaria de ouvir!

Jesus falou pro cara: “Quem começa algo e fica olhando pra trás, não consegue servir bem no reino de Deus”. Isso lembra a situação de Eliseu, que recebeu o chamado pra seguir Elias enquanto estava arando a terra (conforme 1 Reis 19: 19).

A ideia aqui é a seguinte: ninguém não consegue dirigir reto se não olhar pra frente. E não dá pra seguir Jesus se você vive olhando pra trás, o tempo todo. Isso é tipo a lição que a gente aprende com a esposa de Ló, que olhou pra trás e virou uma estátua de sal (conforme Gênesis 19: 26).

Depois que você decide seguir Jesus, tem que ser 100%, sem olhar pra trás. Jesus diz que quem começa a seguir Ele, mas fica olhando pra trás, não serve pro reino de Deus.

Este cara que queria seguir Jesus estava com a cabeça em dois lugares ao mesmo tempo. Parte dele ainda estava presa na vida que ele tinha antes de decidir seguir Jesus. Quando a gente decide servir a Deus, precisamos ter foco total nessa decisão.

É só olhar para o exemplo de Jesus, que estava super determinado a ir para Jerusalém. Para Jesus, não tinha volta, ele estava totalmente comprometido com sua missão.

Ao decidir seguir Jesus, você abandona sua vida anterior. A pergunta é: você realmente deixou tudo para trás? Ou ainda está dando uma espiadinha no passado? Você está com o coração dividido?

CONCLUSÃO:

Jesus está a caminho de Jerusalém, rumo à cruz onde vai enfrentar sofrimento e morte. Ele te convida para acompanhá-lo nessa jornada. Isso é o coração do que significa ser um discípulo. Mas temos que ficar espertos para não tropeçar nos obstáculos que podem aparecer.

Quais são as barreiras que estão te impedindo de seguir Jesus hoje? Você está enfrentando a barreira da rejeição? Ou talvez seja a barreira de ser muito crítico? Ou você está se precipitando no compromisso? Está procrastinando? Ou seu coração está dividido?

Jesus tinha consciência do que o aguardava em Jerusalém, mas recuar não era uma opção. Ele estava determinado a ir para Jerusalém porque sabia que estava chegando a hora de retornar ao céu. Pode não parecer, mas a gente também está correndo contra o tempo. Então, vamos pegar nossa cruz e seguir o exemplo dele.

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