As Crônicas de Nárnia e o Advento do Natal
Introdução:
Hoje quero compartilhar algo que, acredito, combina com o Advento do Natal – e que fala da chegada de um Rei. E eu quero fazer isso inspirado nas Crônicas de Nárnia de C.S. Lewis.
Quem aqui já leu ou assistiu? A maioria das pessoas que se deparam com essa obra, percebe os muitos reflexos das Escrituras nela.
Minha primeira experiência com Nárnia foi lá por volta do ano de 2006, quando meus filhos ainda eram pequenos. Eu me lembro de como filme me marcou.
I. Conhecendo Aslam, o Leão de Nárnia
Entre todos os personagens, um sempre se destacou pra mim: Aslam, aquele Leão grande e bonito. E de fato ele é o centro da narrativa, o coração pulsante de Nárnia.
Hoje, por meio desse sermão temático, quero explorar o que podemos aprender sobre o Advento ao olhar para o Leão de Nárnia – e para o verdadeiro Rei que veio redimir o mundo.
Vamos ler juntos uma passagem que está em Apocalipse 5:1-14 e orar em seguida.
Em uma visão, João foi levado até o ambiente celestial e ali, ele viu e descreveu uma das cenas mais importantes de toda a história: o Leão da Tribo de Judá, que também é o Cordeiro sacrificado.
O poder do Evangelho é revelado nesta passagem: o Leão é forte e triunfante, mas seu triunfo é alcançado por meio da sua obra como Cordeiro. O governante justo é também o Redentor misericordioso.
Para retratar essa imagem, CS Lewis nos apresenta Aslam como um reflexo desse Rei celestial. Ele é forte e poderoso, mas é totalmente bom. Ele não pode ser domesticado, mas sua bondade nunca falha.
Interessante que Aslam é um nome que ressoa muito forte. Dizem que Aslam é a tradução da palavra Leão em turco. A primeira vez que ouvimos o nome de Aslam é quando os irmãos Pedro, Edmundo, Susana e Lúcia, encontram o Sr. Castor – um castor falante. E quando o Sr. castor menciona: “Aslam está a caminho”, algo curioso acontece. (vamos assistir um trecho no vídeo abaixo?)
Nenhuma das crianças sabe quem é Aslam, mas todas sentem algo profundo e único quando ouvem o seu nome. Então Edmundo pergunta: “Quem é Aslam?”, o Sr. Castor responde: “Aslam? Ele é o Rei. O Senhor de toda esta terra.”
Mais tarde, Susana, intrigada, pergunta: “Vamos vê-lo?” e o castor responde com convicção: “Foi para isso que os trouxe até aqui.” Quando Lúcia continua: “Ele é um homem?”, o castor retruca: “Aslam, um homem? Claro que não! Ele é o Rei… ele é o Filho do Grande Imperador-Além-do-Mar. Ele é o Leão – o grande Leão.”
Mas então Lúcia pergunta: “Ele é seguro?” e o Sr. Castor dá uma resposta que revela a essência de Aslam:“Seguro? Quem disse alguma coisa sobre segurança? Claro que ele não é domável. Mas ele é bom. Ele é o Rei.”
Aslam não é domesticado, nem controlável, mas é infinitamente bom. Ele é o tipo de rei que destrói o que precisa ser destruído e restaura o que foi perdido. Agora, ao mesmo tempo, vemos em Aslam o encontro da força selvagem e a ternura em ação.
Ele é forte o suficiente para enfrentar a Feiticeira Branca e suas forças do mal, mas é humilde o suficiente para se entregar voluntariamente em sacrifício por Edmundo, o traidor.
Quando ele caminha para sua morte, há um silêncio que pesa como chumbo. Ele se deixa humilhar, sofrer e morrer. (vamos assistir mais uma cena).
Contra todas as expectativas, Aslam ressuscita. Sua força não está em evitar a dor, mas em superá-la. (Assista mais uma cena aqui.)
Tem outra cena muito bonita que mostra Aslam enviando as crianças de volta ao nosso mundo. Com lágrimas, Lúcia diz:”Você vai nos visitar em nosso mundo”. Aslam, com sua voz firme, mas cheia de ternura, responde: “Vou ficar vigiando vocês sempre. Em seu mundo, Eu tenho outro nome. Devem aprender me reconhecer nele”. (vamos assistir essa cena)
Então, nos ano 1960, uma menina chamada Hila escreveu para C.S. Lewis, perguntando qual seria o “outro nome” de Aslam. Ele respondeu: “Pense bem. Já houve alguém neste mundo que chegou junto com o Papai Noel, se declarou Filho do Grande Imperador, se entregou para morrer por outro, ressuscitou, e às vezes é chamado de Cordeiro. Você não sabe quem Ele é?”Mais tarde, o próprio Aslam diz:”Foi para isso que vocês vieram a Nárnia, para que, ao me conhecerem aqui, possam me conhecer melhor lá.”
Então, quando o cristão assiste Nárnia, ele facilmente conecta é uma representação de Jesus Cristo.**
II. Conhecendo a Jesus, o Leão de Judá
Agora, por que C.S. Lewis escolheu um leão para representar Aslam? Ele poderia ter escolhido qualquer criatura – um homem, um cavalo, até mesmo um pássaro que simbolizasse liberdade. Mas ele escolheu um leão. Por quê?
Porque o leão representa algo que muitas vezes esquecemos sobre Deus: Ele é forte. Ele é selvagem. Ele não pode ser domado. O leão é chamado de rei dos animais, não por ser o maior, mas por ser o mais majestoso. Seu rugido é um som que paralisa e, ao mesmo tempo, desperta. É um som que diz: “Eu estou aqui. Eu governo aqui.”
C.S. Lewis sabia disso. Ele sabia que um leão seria o símbolo perfeito para refletir a majestade e o poder de Deus. Porque, vamos ser honestos, nós, muitas vezes, tentamos transformar Deus em algo previsível, confortável, controlável. Mas Deus não é assim. Deus é o Leão.
A Bíblia entende isso. No Antigo Testamento, o leão é usado para descrever poder e autoridade. O trono de Salomão era adornado com leões (1 Reis 10:19-21) – símbolos de uma autoridade que ninguém ousava desafiar. Jeremias 17:12 descreve o rugido do Senhor como o de um leão levantando-se em julgamento, e Amós 3:8 nos diz: “O leão rugiu – quem não temerá?” Esse é o tipo de Deus que adoramos. Não um Deus manso ou tímido, mas um Deus cujos planos não podem ser frustrados, cuja palavra faz o universo tremer.
E então, chegamos a Gênesis 49:9. Jacó, à beira da morte, olha para seu filho Judá e diz: “Você é como um filhote de leão.” Ele profetiza que o cetro não se afastará de Judá até que venha aquele a quem ele pertence – o verdadeiro Rei, aquele que merece a obediência de todas as nações. Essa profecia aponta para Jesus. Não para um Messias fraco ou hesitante, mas para o Leão da Tribo de Judá, aquele que é poderoso para governar e forte para salvar.
Mas aqui está o paradoxo. Nós gostamos da ideia de um Rei poderoso, não é? Mas um Rei poderoso sem bondade é assustador. É por isso que a pergunta de Lúcia em Nárnia ressoa tão profundamente: “Aslam é seguro?”A resposta é do Sr. Castor é clara: “Seguro? Quem disse alguma coisa sobre segurança? Ele é um leão. Mas ele é bom. Ele é o Rei.”
Jesus, o Leão da Tribo de Judá, não é previsível. Ele não se encaixa nas nossas caixas. Ele não faz o que queremos ou esperamos. Ele é selvagem. Ele é livre. Mas Ele é bom. Sua bondade é o que nos dá esperança. Ele é o tipo de Rei que luta por nós, que destrói o que nos destrói, que restaura o que foi quebrado. Ele é um Leão temível, mas você pode confiar nele com sua vida, porque Ele é bom.
Veja bem, essa imagem do leão nos chama a adorar um Deus que é maior do que podemos entender. Um Deus que é justo e forte, mas também cheio de misericórdia. Jesus é o verdadeiro Leão da Tribo de Judá, o Filho eterno de Deus. E, assim como Aslam em Nárnia, Ele nos desafia a confiar. Mesmo quando não entendemos, mesmo quando o caminho parece incerto, Ele está no controle.
Você consegue ouvir o rugido? É um som que nos chama para mais perto, para confiar, para nos render.
III. O Leão é o Cordeiro
Agora, há uma cena no filme A Viagem do Peregrino da Alvorada que é quase subliminar, mas captura algo profundo sobre Deus e que deixa qualquer um sem palavras.
É uma cena simples, mas com uma beleza que corta a alma. Quando as crianças chegam na praia da terra de Aslam, elas caminham em direção as paredes de águas, e as sombras vão se formando no chão, quando de repente, aparece a sombra de um cordeiro que logo depois se torna a sombra de um leão.
Na verdade, essa cena foi adaptada, pois no livro, à medida que se aproximam, as crianças encontram não apenas a sombra do Cordeiro, mas o próprio Cordeiro. Este Cordeiro, em sua simplicidade e pureza, dá as boas-vindas e os convida para o café da manhã.”
Venham comer”, ele diz, lembrando a cena de João 21, onde Jesus ressuscitado prepara uma refeição para os discípulos na praia. Aqueles discípulos estavam cansados e feridos pela dúvida. É o mesmo convite: “Venham. Sentem-se. Estejam comigo.” Ou seja, o que Jesus faz ali não é apenas um convite para comer, mas para descansar na presença de quem conhece nossas falhas e ainda assim nos ama.
Em um instante, Lewis nos dá duas imagens que aparentemente não combinam: o Leão – força, majestade, realeza – e o Cordeiro – humildade, sacrifício, pureza. Mas essas duas imagens são exatamente quem Cristo é.
Em Apocalipse 5, o apóstolo João nos leva a um momento que desafia nossa compreensão. Ele vê um pergaminho, selado, inacessível, e chora porque ninguém no céu ou na terra é digno de abri-lo. Então, um dos anciãos diz: “Não chore! Veja, o Leão da Tribo de Judá triunfou!”
Imagine a expectativa de João ao ouvir isso. Ele se vira, esperando um Leão forte e rugidor… mas o que ele vê é um Cordeiro. Um Cordeiro como que tivesse sido morto, mas agora está em pé, vivo e cheio de glória.
O Leão é o Cordeiro. Pense nisso por um momento. Craig Keener disse que, enquanto o leão simboliza poder absoluto, o cordeiro abatido representa fraqueza total. E, no entanto, no centro da história, o Rei que governa triunfa não com a força de um rugido, mas com o sacrifício do Cordeiro. A vitória de Cristo não veio pela força bruta, mas pela entrega. Ele não conquistou com violência, mas com amor.
C.S. Lewis entendeu isso profundamente. Ele retratou Aslam como Leão e Cordeiro porque sabia que Jesus Cristo é ambas as coisas. Ele é o Leão da Tribo de Judá, o Rei que governa com justiça. Mas ele também é o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, carregando nossos fardos, aceitando o castigo que merecíamos. O Rei que poderia destruir tudo escolheu ser ferido em nosso lugar.
Você percebe o que isso significa? A força do Leão está na sua capacidade de se tornar um Cordeiro. Ele não abriu mão de sua majestade; ele a usou para nos redimir. Ele não prometeu a segurança como o mundo define, mas garantiu que sua bondade nunca falharia. Ele é o tipo de Rei que você pode seguir com confiança, mesmo no vale mais escuro, porque Ele já passou por lá – por você.
Conclusão:
E então, assim como Aslam chama as crianças para confiar nele, Jesus nos chama hoje. Ele é o Leão e o Cordeiro. Ele é o Rei que luta por você, mas também o Salvador que se entregou por você. O convite é simples, mas radical: confie nele. Ele não é domesticável, mas Ele é bom. Ele é o Rei que transforma sua dor em esperança e sua dúvida em fé.
Você consegue ouvir o rugido? Ou sente o silêncio pacífico do Cordeiro? Seja qual for a forma como Ele se aproxima de você hoje, saiba disso: Ele te ama. Ele é forte o suficiente para vencer qualquer batalha que você enfrenta, a carregar seus fardos e ser gentil o suficiente para segurar sua mão enquanto você luta.Hoje, o Rei está a caminho. O Leão e o Cordeiro. Ele chama você para confiar nele, para se render à sua graça. E quando você o fizer, verá que Ele é tudo o que você precisa.
Vamos orar:
“Senhor Jesus, reconhecemos que Tu és o Leão que governa e o Cordeiro que se entregou por nós. Tu és poderoso para salvar e bom para nos acolher. Hoje, colocamos nossas vidas em Tuas mãos. Pedimos que governes nossos corações e nos transformes com Tua graça. Obrigado por morrer em nosso lugar, por vencer o pecado e por nos dar esperança eterna. Nós confiamos em Ti, Senhor, e proclamamos que Tu és o Rei. Amém.”
Se você orou comigo, lembre-se: Jesus, o Leão e o Cordeiro, caminha com você. Confie nele hoje e sempre.