“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.”
(At 2.42)
Pregar, Adorar, Edificar e Servir
Qual é a missão da Igreja? A resposta mais comum e correta é: “Pregar o Evangelho”. A Grande Comissão, deixada por Jesus, é o nosso chamado fundamental. Mas será que a missão para por aí?
Quando olhamos para a Igreja Primitiva, descrita em Atos 2, vemos um retrato vivo de uma comunidade que ia além. Eles “perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações”. A missão deles era completa, integral. Nesta aula, vamos explorar as quatro dimensões essenciais da missão que Cristo confiou à sua Igreja.
1. Para Fora: A Missão de Proclamar e Discipular
Esta é a dimensão externa da nossa missão, o nosso chamado para o mundo.
- Proclamando as Boas-Novas: A Igreja existe para anunciar! Após sua ressurreição, Jesus ordenou aos discípulos: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16.15). A palavra grega para “pregar” aqui é keryssó, que significa proclamar como um arauto, anunciar uma notícia oficial e urgente. Nossa mensagem não é uma sugestão, mas a proclamação da vitória de Cristo.
- O Centro da Mensagem é uma Pessoa: O que nós anunciamos? Não são apenas ideias ou uma filosofia de vida. O foco da nossa pregação é uma Pessoa: Jesus Cristo. Os primeiros cristãos “não cessavam de ensinar e de anunciar a Jesus Cristo” (Atos 5.42). Proclamamos que Ele está vivo, que Ele perdoa pecados e que Ele é o único caminho para a salvação.
- Fazendo Discípulos, Não Apenas Convertidos: A missão não termina quando alguém levanta a mão em um apelo. Jesus não disse “ide e façam convertidos”, mas “ide, fazei discípulos de todas as nações” (Mateus 28.19). Discipular (matheteuo) é o processo de ensinar, treinar e acompanhar os novos crentes para que se tornem seguidores maduros de Jesus, capazes de também gerar outros discípulos. A Igreja não é um auditório de espectadores, mas uma escola de discípulos.
2. Para Cima e Para Dentro: A Missão de Adorar e Edificar
Esta dimensão trata do nosso relacionamento com Deus e uns com os outros.
- Uma Comunidade Adoradora: A adoração (latreia, em grego) é muito mais do que cantar hinos no culto de domingo. É uma vida de serviço e entrega total a Deus. Paulo nos exorta a apresentar nossos corpos como um “sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Romanos 12.1). Adoração é viver para a glória de Deus em tudo o que fazemos, seja no trabalho, em casa ou na igreja.
- Uma Comunidade Edificadora: A Igreja tem a missão de se construir mutuamente. A palavra grega para “edificar” é oikodomé, a mesma usada para construir um edifício. O propósito dos dons espirituais e dos ministérios (apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres) é justamente a “edificação do corpo de Cristo” (Efésios 4.12). Cada um de nós tem a responsabilidade de usar o que Deus nos deu para fortalecer, encorajar e ajudar nossos irmãos a crescer na fé.
3. Em Comunidade: A Missão de Amar e Servir
Esta dimensão é o reflexo prático do nosso amor a Deus, expresso no amor ao próximo.
- O Pilar da Comunhão (Koinonia): Um dos alicerces da Igreja Primitiva era a comunhão (koinonia), que significa parceria, participação e comunhão espiritual profunda (Atos 2.42). Não existe Igreja verdadeira onde seus membros vivem isolados. Somos chamados para compartilhar a vida, caminhar juntos, orar uns pelos outros e manter a unidade pela qual Jesus orou (João 17.21).
- A Fé Expressa em Ação Social: Essa comunhão inevitavelmente transborda em ações práticas. A fé cristã tem uma dimensão social inegável. Em Romanos 12.13, Paulo nos manda “comunicar com os santos nas suas necessidades”. A mesma raiz da palavra koinonia aqui significa “ajuda contributiva e partilha”. A igreja de Atos vendia propriedades para socorrer os necessitados. Não podemos fechar os olhos para as necessidades físicas e materiais das pessoas. Como questiona o apóstolo Tiago, de que adianta dizer a um irmão com fome e frio “vá em paz”, sem lhe dar o necessário? (Tiago 2.15-16).
Conclusão:
A missão da Igreja de Cristo é completa e dinâmica. Somos chamados para ser sal da terra e luz do mundo.
Como luz, brilhamos para fora, proclamando a mensagem de Cristo e fazendo discípulos. Como sal, agimos internamente, preservando a santidade através da adoração verdadeira, da edificação mútua e da comunhão sincera, que se manifesta em serviço prático.
Uma Igreja saudável busca o equilíbrio em todas essas áreas, cumprindo integralmente a missão para a qual foi chamada e impactando o mundo com o poder do Evangelho.