Unidade 70: O Novo Pacto Celebrado: O Cordeiro Pascal e a Nova Aliança
1. Ideia central: Na véspera da Festa dos Pães Asmos, Jesus, seguindo as instruções divinas, celebra a Páscoa com Seus discípulos, instituindo uma nova aliança através do pão e do vinho, simbolizando Seu corpo a ser entregue e Seu sangue a ser derramado para a remissão de pecados, e prediz a traição de um deles e a negação de Pedro.
2. Para entender o texto:
a. Texto em contexto: Esta passagem (Marcos 14:12-26) ocorre imediatamente após a decisão de Judas de trair Jesus (Marcos 14:10-11) e precede a prisão de Jesus no Getsêmani (Marcos 14:32-52). Este relato da Última Ceia é central para a compreensão da paixão de Cristo e da instituição da Ceia do Senhor como um memorial da Sua morte e ressurreição. Ele conecta a antiga celebração da Páscoa com o sacrifício redentor de Jesus, o Cordeiro Pascal definitivo, e estabelece um novo pacto entre Deus e a humanidade.
b. Esboço/estrutura:
- A preparação para a Páscoa: (Marcos 14:12-16)
- No primeiro dia da Festa dos Pães Asmos, quando se costumava sacrificar o cordeiro pascal, os discípulos perguntaram a Jesus: “Onde queres que vamos e preparemos a refeição da Páscoa para Ti?”
- Ele enviou dois de Seus discípulos, dizendo-lhes: “Vão à cidade; um homem carregando um cântaro de água virá ao encontro de vocês. Sigam-no,
- e digam ao dono da casa em que ele entrar: ‘O Mestre pergunta: Onde é a Minha sala de hóspedes, na qual poderei comer a Páscoa com os Meus discípulos?’
- Ele lhes mostrará uma grande sala no andar superior, mobiliada e pronta. Preparem ali a refeição da Páscoa para nós.”
- Os discípulos saíram, foram para a cidade e encontraram tudo como Jesus lhes tinha dito. Então prepararam a refeição da Páscoa.
- A refeição da Páscoa e a revelação do traidor: (Marcos 14:17-21)
- Ao cair da tarde, Jesus chegou com os Doze.
- Enquanto estavam reclinados à mesa, comendo, Jesus disse: “Digo-lhes a verdade: um de vocês que está comendo Comigo Me trairá.”
- Eles ficaram tristes e, um por um, Lhe disseram: “Certamente não sou eu!”
- “É um dos Doze”, respondeu Ele, “aquele que come Comigo do mesmo prato.
- O Filho do Homem irá, como está escrito a Seu respeito; mas ai daquele que trai o Filho do Homem! Melhor seria para ele não ter nascido.”
- A instituição da Ceia do Senhor: (Marcos 14:22-25)
- Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, deu graças e o partiu, e o deu aos Seus discípulos, dizendo: “Tomem; isto é o Meu corpo.”
- Em seguida, tomou o cálice, deu graças e o ofereceu a eles, e todos beberam dele.
- “Isto é o Meu sangue da aliança”, disse Ele, “que é derramado por muitos.
- Em verdade lhes digo que não beberei mais do fruto da videira até aquele dia em que beberei o vinho novo no Reino de Deus.”
- O canto de um hino e a partida: (Marcos 14:26)
- Depois de cantarem um hino, saíram para o Monte das Oliveiras.
c. Antecedentes históricos e culturais: A Páscoa era celebrada com rituais específicos, incluindo o sacrifício de um cordeiro e a refeição com pão sem fermento, ervas amargas e vinho, comemorando a libertação de Israel da escravidão no Egito. Jesus, como um judeu piedoso, estava celebrando a Páscoa com Seus discípulos. A instrução para encontrar um homem carregando um cântaro de água era incomum, pois essa era geralmente uma tarefa feminina, o que tornava o homem um sinal distintivo. A sala no andar superior era um local comum para refeições importantes. A frase “sangue da aliança” remete à aliança que Deus fez com Israel através de Moisés (Êxodo 24:8) e agora é usada por Jesus para instituir uma nova aliança baseada em Seu sacrifício.
d. Considerações interpretativas:
- O Cordeiro Pascal (Marcos 14:12): A menção do sacrifício do cordeiro pascal no primeiro dia da Festa dos Pães Asmos estabelece Jesus como o verdadeiro Cordeiro Pascal, cujo sacrifício traria a libertação do pecado.
- A previsão da traição (Marcos 14:18-21): A tristeza e a indagação dos discípulos revelam seu amor por Jesus e sua dificuldade em acreditar que um deles seria capaz de tal ato. A afirmação de Jesus sobre o destino do traidor enfatiza a seriedade de sua escolha.
- O pão como o corpo de Jesus (Marcos 14:22): As palavras de Jesus “Isto é o Meu corpo” indicam uma identificação simbólica do pão com Seu corpo que seria entregue em sacrifício.
- O vinho como o sangue da aliança (Marcos 14:24): Da mesma forma, as palavras “Isto é o Meu sangue da aliança, que é derramado por muitos” estabelecem o vinho como um símbolo do Seu sangue que seria derramado para a remissão de pecados, inaugurando a nova aliança.
- A esperança futura (Marcos 14:25): A promessa de Jesus de beber vinho novo no Reino de Deus aponta para a celebração final com Seus seguidores após Sua volta.
- O canto de um hino (Marcos 14:26): Era costume cantar hinos durante a celebração da Páscoa, demonstrando a fé e a esperança dos participantes.
e. Considerações teológicas:
- A Instituição da Ceia do Senhor: Jesus instituiu a Ceia do Senhor como um memorial perpétuo de Seu sacrifício e um meio de comunhão entre os crentes e Ele.
- O Significado do Sacrifício de Cristo: A Última Ceia revela que a morte de Jesus não foi uma tragédia inesperada, mas um sacrifício planejado por Deus para a redenção da humanidade e a instituição de uma nova aliança.
- A Nova Aliança: Através do Seu sangue derramado, Jesus estabeleceu uma nova aliança com Deus, substituindo a antiga aliança baseada na Lei. Esta nova aliança é fundamentada na graça e acessível a todos que creem.
- A Comunhão dos Santos: A Ceia do Senhor é também um momento de comunhão entre os crentes, que participam juntos do corpo e do sangue de Cristo em um ato de unidade e lembrança.
- A Esperança da Volta de Cristo: A promessa de Jesus de beber vinho novo no Reino de Deus nos lembra da nossa esperança futura e da consumação da nossa salvação em Sua presença.
3. Para ensinar o texto:
- Principais temas: A celebração da Páscoa por Jesus com Seus discípulos; a instituição da Ceia do Senhor como um memorial do Seu sacrifício; o simbolismo do pão e do vinho como Seu corpo e sangue da nova aliança; a previsão da traição de Judas; a esperança da volta de Cristo e da celebração final no Seu Reino.
- Aplicação: Devemos participar da Ceia do Senhor com reverência e gratidão, lembrando-nos do sacrifício de Jesus por nós e renovando nossa aliança com Ele. Devemos viver em comunhão uns com os outros, aguardando com esperança a Sua volta e a celebração final no Seu Reino.
4. Para ilustrar o texto:
Imagine um monumento erguido em memória de um evento histórico importante. A Ceia do Senhor é um memorial instituído pelo próprio Cristo para nos lembrar do Seu sacrifício redentor.
Pense em um contrato que estabelece um novo relacionamento entre duas partes. A Última Ceia representa a instituição de uma nova aliança entre Deus e a humanidade,1 selada pelo sangue de Jesus.
Considere uma refeição especial compartilhada entre amigos íntimos, fortalecendo seus laços e lembrando-os de sua história em comum. A Ceia do Senhor é um momento de comunhão especial entre os crentes e seu Senhor.
5. Perguntas de fixação/reflexão:
- Por que a Última Ceia foi celebrada durante a Festa dos Pães Asmos (Marcos 14:12)? Qual a conexão entre a Páscoa judaica e a Ceia do Senhor?
- Quais instruções Jesus deu para a preparação da refeição da Páscoa (Marcos 14:13-16)? O que isso revela sobre o Seu conhecimento e autoridade?
- Como os discípulos reagiram ao anúncio de Jesus sobre a traição (Marcos 14:19)? O que isso demonstra sobre o relacionamento deles com Jesus?
- O que Jesus fez com o pão e o vinho durante a refeição (Marcos 14:22-24)? Qual o significado das Suas palavras “Isto é o Meu corpo” e “Isto é o Meu sangue da aliança”?
- O que a frase “sangue da aliança” nos ensina sobre o propósito da morte de Jesus? A que aliança essa frase se refere?
- Qual a esperança futura expressa por Jesus em Marcos 14:25? O que significa beber “vinho novo no Reino de Deus”?
- O que Jesus e Seus discípulos fizeram depois da refeição (Marcos 14:26)? Qual a importância do canto de um hino nesse contexto?
- De que maneira a Última Ceia estabelece um novo significado para a celebração da Páscoa?
- Como a participação na Ceia do Senhor deve impactar a vida dos crentes hoje? Que atitude devemos ter ao participar desse memorial?
- Meditando em Marcos 14:12-26, qual o principal ensinamento que você extrai sobre o significado da Última Ceia e a importância de lembrar o sacrifício de Jesus? Como essa passagem o desafia a viver em aliança com Deus e em comunhão com outros crentes?