Unidade: A Ruptura com o Passado: Despojando-se do Velho Homem e Revestindo-se do Novo em Cristo
1. Ideia central: Com a autoridade do Senhor, os crentes são enfaticamente exortados a abandonar a maneira de viver dos gentios, caracterizada pela futilidade da mente, obscurecimento do entendimento, alienação de Deus e entrega à impureza, e a, em vez disso, despojarem-se do velho homem corrompido e revestirem-se do novo homem criado segundo Deus em verdadeira justiça e santidade.
2. Principais temas:
- A autoridade apostólica na exortação.
- O contraste entre a vida dos crentes e a dos gentios.
- A futilidade da mente não renovada.
- O obscurecimento do entendimento espiritual.
- A alienação da vida de Deus.
- A causa da alienação: ignorância e dureza do coração.
- A consequência da alienação: insensibilidade e entrega à impureza.
- O aprendizado de Cristo como um rompimento com o passado.
- O imperativo de despojar-se do velho homem.
- A natureza corrupta do velho homem: concupiscências do engano.
- A necessidade de renovação no espírito da mente.
- O imperativo de revestir-se do novo homem.
- A natureza do novo homem: criado segundo Deus em justiça e santidade verdadeiras.
- A transformação como um processo contínuo.
3. Perguntas de fixação/reflexão:
- Com que solenidade Paulo inicia esta exortação? O que a frase “digo isto e testifico no Senhor” enfatiza?
- Qual é a ordem clara dada aos crentes em relação à sua maneira de viver? Como a vida dos crentes deve se diferenciar da dos gentios?
- Quais são as características da mente dos gentios, segundo o versículo 17? O que significa a “vaidade da sua mente”?
- Como Paulo descreve o entendimento dos gentios? Qual a implicação de estarem “obscurecidos no entendimento”?
- Por que os gentios estão “alienados da vida de Deus”? Qual a natureza dessa alienação?
- Quais são as duas causas principais dessa alienação mencionadas no versículo 18?
- O que significa ter o “coração endurecido”? Quais as consequências dessa dureza?
- Qual é o resultado da insensibilidade espiritual dos gentios? A que tipo de comportamento isso leva?
- O que significa entregar-se à “dissolução”? Que tipo de impureza é mencionada?
- Qual a motivação por trás da busca incessante por impureza dos gentios? O que significa “avidez”?
- Como a vida que os crentes aprenderam de Cristo se compara com essa antiga maneira de viver?
- Qual é o primeiro imperativo dado aos crentes no versículo 22? O que significa “despojar-vos do velho homem”?
- Como o velho homem é caracterizado? O que são as “concupiscências do engano”?
- Qual é o segundo imperativo dado aos crentes no versículo 23? Onde essa renovação deve ocorrer?
- O que significa ser “renovados no espírito da vossa mente”? Qual o papel da mente na transformação?
- Qual é o terceiro imperativo dado aos crentes no versículo 24? O que significa “revestir-vos do novo homem”?
- Como o novo homem é descrito? Quem é o modelo para essa nova criação?
- O que significa ser criado “segundo Deus”? Quais são as duas características principais do novo homem mencionadas?
- O que implica “justiça verdadeira”? Como ela se manifesta na vida do crente?
- O que significa “santidade verdadeira”? Como ela se diferencia da santidade superficial ou legalista?
- De que maneira essa passagem nos desafia a avaliar se ainda estamos vivendo de acordo com a velha maneira de viver em alguma área de nossa vida?
- Quais passos práticos podemos dar para nos despojarmos do velho homem e nos revestirmos do novo em Cristo?
4. Para entender o texto:
a. Texto em contexto:
Esta unidade (Efésios 4:17-24) segue a exortação à unidade e a descrição dos dons para a edificação da Igreja (Efésios 4:1-16). Paulo agora aplica essas verdades à conduta prática dos crentes, contrastando seu novo modo de vida em Cristo com a maneira como viviam antes de sua conversão, que era semelhante à dos gentios ao seu redor. Esta seção serve como uma instrução fundamental sobre a transformação que o evangelho opera na vida do crente, exigindo uma ruptura radical com o passado e um compromisso com uma nova maneira de viver em santidade. A estratégia retórica de Paulo aqui é usar um forte contraste entre o “antes” e o “depois” da conversão, motivando os crentes a viverem de acordo com a sua nova identidade em Cristo. Esta unidade contribui para o propósito geral do livro, que é exortar os crentes a viverem de maneira digna da sua vocação em Cristo, manifestando a sabedoria de Deus através de uma vida transformada.
b. Esboço/estrutura:
- Versículo 17-19: A Descrição da Velha Vida dos Gentios.
- Exortação a não andar como os gentios.
- Caracterização da mente dos gentios: vaidade, obscurecimento, alienação.
- Causa da alienação: ignorância e dureza do coração.
- Consequência da alienação: insensibilidade e entrega à impureza.
- Versículos 20-21: A Natureza da Nova Vida Aprendida em Cristo.
- Contraste: “Não foi assim que aprendestes a Cristo”.
- Ênfase na necessidade de ter ouvido e sido instruído em Cristo segundo a verdade em Jesus.
- Versículos 22-24: Os Imperativos da Transformação.
- Despojar-se do velho homem corrompido pelas concupiscências do engano.
- Renovar-se no espírito da mente.
- Revestir-se do novo homem criado segundo Deus em justiça e santidade verdadeiras.
c. Antecedentes históricos e culturais:
O mundo gentio no primeiro século era caracterizado por uma ampla gama de práticas religiosas e filosóficas, mas também por uma moralidade frequentemente permissiva e hedonista. Paulo, em suas cartas, frequentemente contrasta o estilo de vida dos crentes com os vícios e a impureza moral que eram comuns na cultura greco-romana. A cidade de Éfeso, em particular, era conhecida por seu templo dedicado à deusa Diana (Ártemis), um centro de atividades religiosas e também de práticas questionáveis. Os crentes em Éfeso, muitos dos quais vieram desse contexto gentio, precisavam ser constantemente lembrados da radical transformação que o evangelho exigia em suas vidas.
d. Considerações interpretativas:
Paulo inicia com uma solene advertência, enfatizando a autoridade divina de sua mensagem (“digo isto e testifico no Senhor”). Ele ordena aos crentes que “não andeis mais como andam os gentios”, descrevendo a vida destes como marcada pela “vaidade da sua mente”, um pensamento fútil e sem propósito. O “entendimento obscurecido” indica uma cegueira espiritual que os impede de compreender as verdades de Deus. A “alienação da vida de Deus” descreve sua separação da fonte de toda vida espiritual. Essa alienação é causada pela “ignorância que neles há, pela dureza do seu coração”, uma recusa obstinada em reconhecer e seguir a Deus. Como resultado, eles se tornam “insensíveis” à vergonha e se “entregaram à dissolução” para praticar “toda sorte de impureza com avidez”, indicando um desejo insaciável por gratificação pecaminosa.
Paulo então contrasta essa antiga maneira de viver com o que os crentes “aprenderam a Cristo”. Ele enfatiza que a verdadeira compreensão de Cristo e do evangelho implica uma transformação radical. Os imperativos que se seguem detalham essa transformação: “despojar-vos do velho homem”, que se refere à nossa natureza pecaminosa herdada, “corrompido pelas concupiscências do engano”; “renovar-vos no espírito da vossa mente”, indicando uma mudança fundamental em nossa maneira de pensar e raciocinar, sob a influência do Espírito Santo; e “revestir-vos do novo homem”, que é a nova natureza criada em nós em Cristo, “segundo Deus em justiça e santidade verdadeiras”. Essa nova natureza reflete o caráter de Deus e se manifesta em retidão e santidade genuínas, que vão além de meras aparências externas.
e. Considerações teológicas:
Esta passagem aborda a doutrina da santificação, o processo pelo qual os crentes se tornam cada vez mais semelhantes a Cristo. Ela enfatiza a necessidade de uma ruptura clara com o passado pecaminoso e um compromisso com uma nova vida de obediência a Deus. A distinção entre o “velho homem” (nossa natureza pecaminosa não regenerada) e o “novo homem” (nossa nova natureza em Cristo) é crucial. A renovação da mente é apresentada como um elemento essencial na transformação do crente. A verdadeira justiça e santidade não são apenas externas, mas refletem uma mudança interior de coração e mente, criada por Deus. A passagem também implica a responsabilidade do crente em participar ativamente desse processo de transformação, “despojando-se” e “revestindo-se”.
5. Para ensinar o texto:
A mensagem central desta passagem é um chamado urgente para uma transformação completa de vida. Uma vez que conhecemos a Cristo, não podemos mais viver como antes. A velha maneira de viver, caracterizada pela futilidade da mente, pela cegueira espiritual e pela entrega ao pecado, deve ser abandonada. Aprendemos de Cristo um caminho diferente, um caminho de verdade, justiça e santidade.
Essa transformação envolve um processo de duas partes: despojar-se do velho homem e revestir-se do novo. Despojar-se do velho homem significa renunciar aos nossos antigos hábitos, desejos e padrões de pensamento que são contrários à vontade de Deus. O velho homem é corrupto e enganoso, e suas concupiscências nos levam à destruição.
Mas não basta apenas abandonar o velho. Devemos também nos revestir do novo homem, que é criado segundo Deus em verdadeira justiça e santidade. Isso implica uma renovação da nossa mente pelo Espírito Santo, permitindo que pensemos, sintamos e ajamos de acordo com a vontade de Deus. Revestir-se do novo homem significa viver em retidão e santidade genuínas, refletindo o caráter de Cristo em todas as áreas de nossa vida.
Essa transformação não é instantânea, mas um processo contínuo que dura toda a nossa vida. Requer vigilância constante, dependência do Espírito Santo e um compromisso firme em seguir a Cristo. Devemos examinar nossas vidas regularmente, identificando as áreas onde ainda estamos vivendo de acordo com a velha maneira de viver, e buscar a graça de Deus para nos despojarmos dessas coisas e nos revestirmos da nova natureza que temos em Cristo. Que o Senhor nos ajude a viver de maneira digna do chamado que recebemos, manifestando ao mundo a transformação que o evangelho opera em nós.
6. Para ilustrar o texto:
- Imagine uma pessoa que abandona um velho casaco sujo e rasgado e veste uma nova roupa limpa e bem feita. A nova roupa não apenas muda sua aparência, mas também sua atitude e a maneira como os outros a percebem. Despojar-se do velho homem e revestir-se do novo em Cristo é uma transformação semelhante, onde abandonamos nossa velha maneira de viver pecaminosa e assumimos uma nova identidade em Cristo, que nos torna diferentes por dentro e por fora.
- Considere a metamorfose de uma lagarta em borboleta. A lagarta rasteja pela terra, focada em comer e crescer. Mas, em determinado momento, ela passa por uma transformação radical dentro do casulo, emergindo como uma criatura completamente nova, capaz de voar e apreciar um mundo mais amplo. A nossa transformação em Cristo é ainda mais maravilhosa, pois passamos da escravidão do pecado para a liberdade da vida em Deus, capazes de ascender a novas alturas espirituais.
- Pense em uma casa que está sendo reformada. Os antigos móveis desgastados são retirados, as paredes são repintadas e novos objetos são colocados no lugar. A casa velha é transformada em um lar novo e acolhedor. Da mesma forma, a nossa vida é como uma casa que precisa ser constantemente renovada. Precisamos nos despojar dos velhos hábitos e atitudes e permitir que Deus nos transforme à imagem de Cristo, tornando-nos um lugar onde a sua presença possa habitar plenamente.