A relação entre a lei e o evangelho é fundamental para compreender o plano de Deus na história da redenção. A lei revela a santidade de Deus e a condição pecaminosa da humanidade, enquanto o evangelho anuncia a graça redentora de Cristo. Na teologia arminiana, a lei não salva, mas prepara o coração para receber o evangelho. Ambos desempenham papéis distintos, mas complementares, no propósito divino. Analisaremos aqui os fundamentos bíblicos, as implicações práticas e o significado teológico dessa relação.
1. A Função da Lei
A lei foi dada por Deus para revelar Sua vontade e expor o pecado humano. Em Romanos 3:20, lemos: “Porquanto pelas obras da lei nenhum homem será justificado diante dele; pois mediante a lei vem o pleno conhecimento do pecado.” A lei serve como espelho que reflete nossa incapacidade de alcançar a justiça divina.
Essa verdade é ampliada em Gálatas 3:24: “De modo que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo.” A função da lei nos ensina que ela aponta para a necessidade de um Salvador.
2. O Propósito do Evangelho
O evangelho é a boa notícia de que Cristo veio cumprir a lei e oferecer salvação pela graça. Em Romanos 1:16, lemos: “Porque não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê.” O evangelho anuncia que a justiça de Deus é recebida pela fé, não pelas obras da lei.
Essa dinâmica é ampliada em Efésios 2:8-9: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus, não de obras.” O propósito do evangelho nos ensina que a salvação é inteiramente pela graça.
3. A Lei como Revelação de Deus
A lei revela a santidade, justiça e bondade de Deus. Em Salmo 19:7, lemos: “A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma.” Embora a lei não possa salvar, ela continua sendo útil para instruir os crentes sobre como viver em conformidade com a vontade de Deus.
Essa perspectiva é ampliada em Tiago 1:25: “Mas aquele que considera atentamente na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera… esse será feliz no que fizer.” A lei como revelação de Deus nos ensina que ela ainda tem valor como guia moral.
4. O Evangelho como Realização da Lei
Cristo cumpriu a lei perfeitamente em nosso lugar. Em Mateus 5:17, Ele declara: “Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas; não vim para revogar, vim para cumprir.” O evangelho não anula a lei, mas a realiza plenamente.
Essa aplicação é ampliada em Romanos 8:3-4: “De modo que a exigência da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.” O evangelho como realização da lei nos ensina que somos libertos da maldição da lei por meio de Cristo.
5. A Tensão entre Lei e Graça
Embora a lei e o evangelho tenham papéis diferentes, eles não são opostos. Em Romanos 6:14, lemos: “Pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça.” Isto não significa que a lei seja irrelevante, mas que ela não é o meio de salvação.
Essa verdade é ampliada em João 1:17: “Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo.” A tensão entre lei e graça nos ensina que a lei aponta para a necessidade da graça.
6. As Implicações Práticas
A lei e o evangelho têm implicações práticas para a vida cristã. A lei nos ensina a viver de maneira agradável a Deus, enquanto o evangelho nos capacita a fazê-lo pela força do Espírito Santo. Em Filipenses 2:12-13, somos instruídos: “Trabalhai a vossa salvação com temor e tremor, pois é Deus quem efetua em vós tanto o querer como o realizar.”
Essa dinâmica é ampliada em Romanos 7:6: “Mas agora fomos libertados da lei, tendo morrido para aquilo em que estávamos retidos, para servirmos em novidade de espírito.” As implicações práticas nos ensinam que devemos viver sob a graça, mas respeitar a lei como padrão moral.
Conclusão
A lei e o evangelho desempenham papéis distintos, mas complementares, no plano de Deus. A lei revela nossa condição pecaminosa e aponta para a necessidade de um Salvador, enquanto o evangelho oferece a solução em Cristo. Esta relação sublinha que a salvação é pela graça, mas a vida cristã deve ser vivida em obediência à vontade de Deus.
Que possamos aprender com essa verdade a valorizar profundamente a lei como revelação de Deus e o evangelho como fonte de salvação. Ao fazer isso, somos capacitados para glorificar a Deus e testemunhar Sua graça ao mundo.