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A reação racionalista ao estudo bíblico foi influenciada por diversos fatores inter-relacionados que surgiram no século XVIII, durante o Iluminismo. De acordo com a fonte, essa nova perspectiva buscou interpretar a Bíblia com “completa objetividade“, libertando-se gradualmente do controle eclesiástico e teológico, e encarando-a simplesmente como um produto da história.

Os principais fatores que contribuíram para essa reação racionalista foram:

  • O surgimento do racionalismo: Este movimento representou uma reação ao sobrenaturalismo. O racionalismo enfatizava a razão e a experiência como as principais fontes de conhecimento, questionando explicações baseadas em intervenções divinas ou eventos miraculosos. No contexto do estudo bíblico, isso levou a uma abordagem que buscava explicações naturais e históricas para os fenômenos descritos na Bíblia, em vez de aceitar interpretações sobrenaturais.
  • O desenvolvimento do método histórico: O aprimoramento das ferramentas e abordagens da historiografia forneceu um novo modo de analisar textos antigos, incluindo a Bíblia. A aplicação do método histórico levou os estudiosos a examinar a Bíblia dentro de seu contexto histórico, cultural e literário, buscando compreender a intenção dos autores humanos e o desenvolvimento das ideias religiosas ao longo do tempo. Isso contrastava com as abordagens anteriores que frequentemente ignoravam o contexto histórico em favor de interpretações dogmáticas ou alegóricas.
  • O surgimento da crítica literária: O desenvolvimento da crítica literária ofereceu novas maneiras de analisar os textos bíblicos como obras literárias, com suas próprias características de estilo, gênero e narrativa. Isso permitiu aos estudiosos examinar a estrutura, a autoria e as possíveis fontes dos textos bíblicos sob uma nova luz, levando a questionamentos sobre a sua unidade e integridade, bem como sobre a literalidade de seus relatos.

Essas influências levaram à conclusão de que os estudiosos não deveriam procurar uma teologia na Bíblia, mas sim a história da religião. A Bíblia passou a ser vista como uma compilação de escritos religiosos da antiguidade, preservando a história de um povo semítico antigo, e que deveria ser estudada com as mesmas pressuposições utilizadas no estudo de outras religiões antigas.

J. P. Gabler articulou claramente essa separação entre a teologia bíblica, que deveria ser estritamente histórica e independente da teologia dogmática, procurando traçar o surgimento das ideias religiosas em Israel, e a teologia dogmática, que faria uso da teologia bíblica para extrair aquilo que tem relevância universal através de conceitos filosóficos.

Em suma, a reação racionalista ao estudo bíblico foi impulsionada pela ascensão do pensamento racionalista, pelo desenvolvimento do método histórico e pela emergência da crítica literária. Esses fatores levaram a uma abordagem que priorizava a análise histórica e objetiva da Bíblia como um documento humano, com o objetivo de compreender a história da religião em vez de construir uma teologia normativa.

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