Martinho Lutero nasceu com o nome de Martin Luder. Posteriormente, ele alterou seu sobrenome para Luther, buscando uma forma que fosse considerada mais respeitável no meio acadêmico.
Naquela época, o latim era a língua franca da erudição e das instituições de ensino superior na Europa. Nomes com sonoridade ou grafia que remetiam mais facilmente ao latim ou ao grego clássico muitas vezes eram vistos como mais cultos e dignos de maior estima intelectual. A mudança de “Luder” para “Luther” pode ter sido motivada por essa busca por uma maior aceitação e credibilidade no ambiente acadêmico em que Lutero se inseria como estudante e, mais tarde, como professor de teologia na Universidade de Wittenberg.
É importante notar que Lutero demonstrou desde cedo uma grande capacidade intelectual. Ele concluiu seus graus de bacharel e mestre na Universidade de Erfurt no menor tempo possível e se destacou em disputações públicas, ganhando o apelido de “O Filósofo”. Seu pai, Hans Luder, tinha grandes ambições para o filho, esperando que ele se tornasse um advogado de sucesso. Nesse contexto de ascensão social e intelectual da família, a adoção de um sobrenome com uma sonoridade que pudesse ser percebida como mais refinada e alinhada com os padrões acadêmicos da época faria sentido.
Embora a fonte não detalhe especificamente por que “Luther” era considerado mais respeitável do que “Luder”, podemos inferir algumas possibilidades:
- Associação com figuras clássicas ou termos latinos/gregos: “Luther” poderia ter evocado alguma vaga associação com termos ou nomes de figuras da antiguidade clássica que eram altamente valorizadas no Renascimento, período em que Lutero viveu. Essa associação, mesmo que não direta, poderia contribuir para uma percepção de maior erudição.
- Sonoridade e grafia: A sonoridade e a grafia de “Luther” podem ter sido consideradas mais “refinadas” ou menos comuns em comparação com “Luder”, que poderia ter conotações mais populares ou vernaculares. A preferência por formas escritas e sonoras que se distanciavam da linguagem comum era uma característica da cultura erudita da época.
- Prática comum de adaptação de nomes: Era uma prática relativamente comum na época que indivíduos que ascendiam socialmente ou entravam para a vida acadêmica adaptassem seus nomes para formas latinizadas ou que soassem mais cultas. Essa adaptação poderia envolver pequenas alterações na grafia ou na terminação do nome. A mudança de “Luder” para “Luther” se encaixa nesse padrão.
A decisão de Lutero de mudar seu nome ocorreu provavelmente durante seu período de estudos universitários ou logo após iniciar sua carreira acadêmica. Essa mudança reflete não apenas o desejo de ser levado a sério no mundo da erudição, mas também uma certa conformidade com as convenções da época, onde a apresentação e a imagem, incluindo o próprio nome, desempenhavam um papel na percepção da autoridade e do respeito intelectual. A adoção do sobrenome “Luther” pode, portanto, ser vista como um passo deliberado para se estabelecer com maior firmeza no ambiente acadêmico e religioso em que ele viria a desempenhar um papel tão transformador.