Jacó utilizou duas táticas principais para obter a primogenitura: primeiro, negociou e aproveitou-se da situação de Esaú para adquirir os direitos de primogenitura; segundo, recorreu a um engano, instigado por sua mãe Rebeca, para obter a bênção patriarcal no leito de morte de seu pai Isaque.
A primeira tática empregada por Jacó envolveu uma negociação em um momento de vulnerabilidade de Esaú. Segundo o relato bíblico, Esaú retornou de uma expedição de caça exausto e sem sucesso. Em tal estado de fadiga temporária e exaustão, Esaú demonstrou um “irreal sentido do valor das coisas” ao desprezar o significado de seus direitos de primogenitura. Jacó, percebendo a oportunidade, negociou com Esaú, oferecendo-lhe um prato de lentilhas em troca da primogenitura. De acordo com os costumes de Nuzu da época, Jacó “negociou com Esaú para assegurar-se a herança e seus direitos”. A capacidade de negociador de Jacó é destacada em sua obtenção dos direitos de primogenitura por um preço considerado insignificante. O texto bíblico coloca ênfase no fato de que Esaú aparentemente não compreendia o valor de sua primogenitura, trocando-a por uma satisfação imediata de sua fome.
A segunda tática de Jacó para garantir a bênção, que estava intrinsecamente ligada à primogenitura e à chefia familiar, foi através de um engano. Isaque, já em idade avançada e com a visão debilitada, pretendia abençoar Esaú, seu filho mais velho e favorito. Rebeca, mãe de Jacó e Esaú, favorecia Jacó e, temendo o provável matrimônio de Jacó com mulheres hititas, além da possível vingança de Esaú, concebeu um plano para que Jacó recebesse a bênção destinada a Esaú. Ela instruiu Jacó a se disfarçar, cobrindo os braços e o pescoço com peles de cabrito para simular a textura pilosa da pele de Esaú. Além disso, preparou um prato saboroso que Isaque apreciava e instruiu Jacó a levá-lo a seu pai, fingindo ser Esaú.
O engano foi bem-sucedido. Isaque, ao sentir o tato das peles e ao reconhecer o sabor da comida que esperava de Esaú, foi induzido a acreditar que estava abençoando seu filho mais velho. A bênção proferida por Isaque a Jacó tinha implicações significativas, pois, de acordo com as leis contemporâneas, tais bênçãos orais eram consideradas legalmente válidas. O relato bíblico enfatiza que a importância desta aquisição reside na chefia familiar, que era considerada superior às bênçãos materiais. As bênçãos de Jacó, proferidas em seu leito de morte, mantiveram as promessas divinas feitas aos patriarcas e possuíam uma significação profética.
Em resumo, as táticas de Jacó para obter a primogenitura envolveram tanto uma exploração calculista da fraqueza momentânea de Esaú através de uma negociação, quanto um ato de decepção premeditado, orquestrado com a ajuda de sua mãe, para assegurar a bênção patriarcal. Ambas as ações foram cruciais para que Jacó se estabelecesse como o herdeiro da aliança.
