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Para os cristãos, o Antigo Testamento possui uma importância fundamental e multifacetada. Longe de ser um livro obsoleto ou suplantado pelo Novo, ele serve como alicerce essencial para a compreensão da fé cristã em sua totalidade.

Primeiramente, o próprio Jesus Cristo e os apóstolos enfatizaram que as Escrituras do Antigo Testamento testificavam sobre Ele. De fato, a pergunta primordial que um crente deveria fazer ao se deparar com uma passagem do Antigo Testamento não é sobre si mesmo, mas sim sobre como aquela passagem aponta para Cristo. A vida do cristão é definida por Jesus Cristo, aquele que cumpre o Antigo Testamento. Se o Antigo Testamento não apontar para Cristo, ele também não aponta para o cristão. Os heróis do Antigo Testamento servem como exemplos para nós apenas na medida em que prenunciam e apontam para Cristo.

O Antigo Testamento fornece o contexto indispensável para a compreensão da pessoa e da obra de Cristo. Ele estabelece a obra da criação, a rebelião do homem contra Deus, a morte como consequência do pecado, a eleição de um povo específico, a revelação do pecado por meio da lei, a história e as obras de Deus em meio aos outros povos. As parábolas de Jesus frequentemente se referem à história iniciada em Gênesis, suas disputas com os fariseus se enraízam em diferentes interpretações da Lei, e as epístolas frequentemente se fundamentam no Antigo Testamento. Para entender o propósito de Deus na história e a linha histórica em si, é necessário começar do princípio.

O Novo Testamento apresenta o cumprimento das promessas de Deus, enquanto o Antigo Testamento nos conta as promessas que Ele fez. Se não compreendermos o que o Antigo Testamento ensina, nunca entenderemos plenamente a Cristo. Nosso Deus não desperdiça palavras, e um Testamento necessita do outro. Entender a questão que o Antigo Testamento deixou sem resposta nos torna mais capazes de compreender a cruz de Cristo, pois a cruz é a resposta.

O Antigo Testamento transmite de forma insubstituível a grandiosidade da obra de Deus, a magnificência de seu plano e a tenacidade de seu amor. Privar-se dessa parte da revelação divina faz com que nosso entendimento de Deus se torne menor, menos santo e menos amoroso do que Ele realmente é.

Jesus mesmo instruiu seus seguidores a entenderem sua obra à luz do Antigo Testamento. Ele lembrou a necessidade do sofrimento de Cristo, começando por Moisés e por todos os profetas, explicando-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras. Suas palavras finais sobre a explicação das Escrituras do Antigo Testamento ressaltaram que estava escrito e convinha que o Cristo padecesse, ressuscitasse e que, em seu nome, se pregasse o arrependimento e a remissão de pecados. Isso só pode significar que o Antigo Testamento é sobre o evangelho de Cristo.

A história bíblica é uma só, com muita variedade e diversidade, mas ainda assim uma mesma história. Do ponto de vista cristão, ela se inicia com Cristo, o Criador, chega ao ápice com Cristo, o Salvador, e se consuma com o retorno de Cristo em glória. Não podemos isolar a narrativa do Antigo Testamento do Cristo que lhe provê sentido.

O Antigo Testamento revela a paixão de Deus pela santidade. As alianças que Deus fez com seu povo no Antigo Testamento eram compromissos relacionais de confiança, amor e cuidado. O desejo de Deus por santidade se torna mais evidente quando seu povo quebra os termos dessa aliança. O pecado é definido como uma quebra na aliança e um desafio à santidade de Deus. A ira divina, presente no Antigo Testamento, é uma reação justa ao pecado e ao sofrimento que ele causa.

O conceito de expiação, fundamental para a redenção, é apresentado no Antigo Testamento no contexto de um relacionamento pactual entre Deus e o homem. Os sacrifícios, ordenados por Deus, não eram iniciativas humanas para apaziguar divindades, mas a forma pela qual o Deus vivo instruiu seu povo a se aproximar Dele para a reconciliação. O sangue dos sacrifícios apontava para a seriedade do pecado e o preço da salvação.

O “enigma” do Antigo Testamento reside em como Deus pode perdoar o pecado sem deixar o culpado impune. A promessa de esperança presente no Antigo Testamento encontra sua resposta em Jesus Cristo. Cristo resolve o enigma ao sofrer a punição de todos que se arrependeriam e confiariam nele. Ele é o nosso Sacerdote mediador que garante um novo relacionamento com Deus ao resolver essa questão. Em Cristo, Deus tem o que sempre desejou de seu povo: um remanescente santo para louvá-lo.

Portanto, o Antigo Testamento não é meramente uma coleção de histórias antigas, mas a história específica da obra de Deus e de seu relacionamento com a humanidade, culminando na promessa e na preparação para a vinda de Jesus Cristo. Ele revela o caráter de Deus, sua santidade, justiça, amor e misericórdia através de suas ações e de suas leis. Ignorar o Antigo Testamento é ignorar as promessas de Deus e, consequentemente, ter uma compreensão incompleta de seu cumprimento em Cristo e da própria essência do evangelho. O estudo do Antigo Testamento é, portanto, essencial para todo cristão que deseja conhecer profundamente a Deus e a sua obra redentora.

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