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A necessidade bíblica para o derramamento de sangue está intrinsecamente ligada à natureza de Deus e à realidade do pecado. No Antigo Testamento, a expiação, o meio pelo qual a reconciliação com Deus é efetuada, está fundamentalmente ligada ao sacrifício. Contudo, diferentemente de práticas em outras culturas, na Bíblia, o sacrifício para a expiação não nasce da iniciativa humana numa tentativa de apaziguar uma divindade irada; antes, é o Deus vivo quem fala e instrui o Seu povo sobre como se aproximar d’Ele. Deus toma a iniciativa de prover a forma pela qual a reconciliação será realizada.

Desde os primórdios, o sacrifício desempenhou um papel crucial. Logo após a queda, Caim e Abel oferecem sacrifícios. Aos israelitas, antes de sua libertação do Egito, é ordenado que imolem um cordeiro pascal sem defeitos e marquem as portas de suas casas com o sangue. Este sangue servia como um sinal para que o Espírito de Deus poupasse a vida do primogênito da família, representando a família inteira, da justa punição do Senhor por causa do pecado. Em todos esses eventos, fica claro que o Senhor era o objeto do ato sacrificial; os sacrifícios eram oferecidos para satisfazê-Lo e às Suas justas exigências. O próprio Deus declara a Moisés: “Vendo eu sangue, passarei por cima de vós”.

A Bíblia inteira enfatiza que a expiação devia ocorrer por meio do sangue. Levítico 17:11 declara: “Porque a alma da carne está no sangue, pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pela vossa alma, porquanto é o sangue que fará expiação pela alma”. Deus utilizava o ato sacrificial para gravar na mente do Seu povo a imagem de uma vida inocente sendo trocada por uma culpada. O derramamento de sangue revela inequivocamente que o pecado acarreta a morte; o pecado tem um custo elevado, assim como a salvação e o perdão. Essa ideia de sacrifícios e sangue pode ser impopular hoje, mas é a maneira como o Antigo Testamento ilustra a santidade de Deus e Sua ira contra o pecado. Diferentemente de outros sacrifícios antigos, os sacrifícios bíblicos eram, em sua maioria, oferecidos pelos culpados, e não pelos agradecidos; por aqueles que eram instruídos, e não pelos ignorantes.

A promessa de esperança no Antigo Testamento não residia na história do povo de Israel, que provou a sua queda moral e espiritual, nem no sistema sacrificial em si mesmo, pois como disse o salmista, “Sacrifício e oferta não quiseste”. Para mitigar a justa ira de Deus, era necessário o derramamento de sangue. A justiça divina exige que o pecado seja pago pelo próprio culpado OU por um substituto inocente que sofra e morra em favor do culpado. Além disso, a punição de um substituto requer algum tipo de relação entre o culpado e aquele que é oferecido em sacrifício.

No Antigo Testamento, Deus especificou que os animais utilizados como ofertas deveriam ser sem defeito, especiais, e o sacrifício deveria ser oferecido de livre e espontânea vontade. A vida do adorador culpado era trocada pela vida do animal sem mácula, simbolizada pelo seu sangue. O sangue do cordeiro da Páscoa era trocado pelo primogênito. Os sacrifícios levíticos exigiam que a parte humana culpada colocasse a mão sobre a cabeça do animal a ser sacrificado, indicando a transferência da culpa.

O Dia da Expiação ilustrava tanto a paixão de Deus pela santidade quanto a ineficácia final do sacrifício animal para remover pecados. O sumo sacerdote, representando o povo, entrava no Santo dos Santos uma vez por ano para oferecer um sacrifício na presença de Deus, primeiro por si mesmo e depois por todo o povo. A repetição anual desse ritual ensinava aos israelitas sua contínua necessidade de expiação e sua separação de Deus, independentemente das circunstâncias nacionais. Nenhum sacrifício de animal era perfeito o suficiente para remover permanentemente os pecados.

A expiação requer o sofrimento e a morte substitutivos de um inocente em favor do culpado. No entanto, era necessário mais do que a morte de um animal; era preciso um relacionamento mais profundo entre a vítima e o culpado. A resposta para o enigma do Antigo Testamento não estava nas pessoas nem nos cordeiros, mas na pessoa prometida por Deus.

O Novo Testamento revela que Jesus Cristo é esse substituto perfeito, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Sua morte e o derramamento do Seu sangue cumprem a necessidade bíblica de expiação de uma vez por todas. Pedro declara que fomos redimidos da nossa vã maneira de viver não com prata ou ouro, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado. Jesus ensinou que veio para dar a Sua vida em resgate por muitos. Em Apocalipse, os redimidos louvam o Cordeiro, pois com o Seu sangue compraram pessoas para Deus de toda tribo, língua, povo e nação.

Portanto, a necessidade bíblica para o derramamento de sangue reside na justiça de Deus que exige uma resposta ao pecado, e na Sua provisão graciosa de um substituto perfeito cujo sacrifício sangrento satisfaz essa justiça, oferecendo perdão e reconciliação àqueles que creem. O sistema sacrificial do Antigo Testamento apontava para essa realidade final em Cristo.

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