A visão reformada sobre o batismo infantil fundamenta-se na convicção de que o batismo foi instituído para os que creem, mas também considera que as crianças dos crentes podem ser consideradas crentes em certo sentido, antes mesmo do batismo. Essa perspectiva busca comprovar, em contraste com os anabatistas (que negavam a validade do batismo infantil) e também em diálogo com católicos romanos e luteranos, que as crianças têm um lugar legítimo no batismo.
Os reformados partem da premissa de que o batismo não gera fé, mas a fortalece. Diante disso, enfrentam a dificuldade de explicar o benefício espiritual que uma criança recebe no batismo, visto que ainda não possui a capacidade de exercer fé ativa e, portanto, não pode ser fortalecida nela.
De modo geral, os reformados geralmente afirmam que o batismo confere aos pais a certeza de que seu filho passou a fazer parte da aliança, representando uma rica fonte de consolo para a criança ao longo de seu crescimento. Além disso, concede à criança, mesmo em seu estado inconsciente, o direito a todas as bênçãos da aliança.
As respostas sobre como considerar as crianças que receberam o batismo variaram desde o início da Reforma. Houve um consenso geral em estabelecer o direito ao batismo infantil mediante um apelo às Escrituras, especialmente à doutrina bíblica da aliança. Os filhos dos crentes são considerados filhos da aliança e, portanto, têm direito ao sacramento.
No entanto, surgiram diferentes opiniões quanto às implicações desse relacionamento com a aliança. Segundo alguns, isso fundamenta a suposição de que os filhos de pais crentes são regenerados, a menos que o contrário se manifeste em sua doutrina ou vida. Outros, conscientes de que muitas dessas crianças crescem sem evidenciar sinais de vida espiritual, hesitam em aceitar essa teoria. Reconhecem a possibilidade de regeneração antes do batismo, mas preferem deixar em aberto se as crianças eleitas são regeneradas antes, durante ou muito tempo depois do batismo, entendendo que pode haver variações entre os casos individuais, não se conformando a uma regra geral.
Em consonância com essa ideia, o efeito espiritual do batismo como meio de graça não se limita ao momento da administração do sacramento. Alguns consideravam o batismo como nada mais que um sinal da aliança externa. Sob a influência de socinianos, arminianos e anabatistas, firmou-se em alguns círculos a negação de que o batismo fosse um selo da graça divina, vendo-o como um mero ato de profissão por parte dos homens.
Apesar dessas nuances, a tradição reformada majoritariamente mantém o batismo infantil como um sinal e selo da aliança da graça, um testemunho do compromisso de Deus com as famílias dos crentes e uma promessa das bênçãos espirituais em Cristo, a serem apropriadas pela fé ao longo da vida. Os reformados, em contraste com a visão católica romana, não consideram o batismo como operando ex opere operato (pela própria realização do ato), mas como eficaz pela promessa de Deus anexada à ordenança, recebida pela fé.