O objetivo dos sacrifícios pacíficos era primordialmente estabelecer e celebrar uma comunhão viva, companheirismo e amizade entre o homem e Deus. Embora a representação e a expiação estivessem incluídas nesses sacrifícios, a sua característica principal era a refeição sacrificial. Tratava-se de uma oferta totalmente voluntária.
Após a apresentação do animal no altar, a imposição da mão do ofertante sobre a vítima e a sua morte, o sangue era aspergido sobre o altar para realizar a expiação pelo pecado. Em seguida, a gordura do animal era queimada sobre o altar. Através de ritos que envolviam os movimentos das mãos do ofertante, o sacerdote dedicava porções específicas do animal a Deus, nomeadamente a coxa e o peito.
O restante da oferta servia como um banquete para o ofertante e seus convidados. Era permitido à família e aos amigos juntarem-se ao ofertante nesta refeição sacrificial. Esta alegre camaradagem simbolizava o laço de amizade existente entre Deus e o homem. Desta forma, o israelita tinha o privilégio de entrar no gozo prático da sua relação de aliança com Deus.
Existiam três classes de ofertas pacíficas, que variavam de acordo com a motivação do ofertante. Quando o sacrifício era feito em reconhecimento de uma bênção inesperada ou imerecida, chamava-se oferta de ação de graças. Esta oferta tinha a duração de um dia. Se a oferta era realizada em pagamento de um voto ou uma promessa, era denominada oferta votiva. Se o motivo da oferta era uma expressão de amor a Deus, era chamada de oferta voluntária. As ofertas votivas e voluntárias podiam estender-se por dois dias, com a condição de que qualquer parte restante fosse consumida pelo fogo no terceiro dia.
É importante notar que, ao contrário do holocausto onde a totalidade do sacrifício era consumida no altar, ou da oferta pelo pecado e da oferta de expiação da culpa que visavam especificamente a remissão de transgressões, a oferta pacífica enfatizava a partilha e a comunhão.
As regras gerais para a realização do sacrifício indicavam que, quando um indivíduo sacrificava por si mesmo, ele trazia o animal, colocava a mão sobre ele e o matava. O sacerdote, então, aspergia o sangue e queimava o sacrifício. O ofertante não podia comer a carne do sacrifício, exceto no caso de uma oferta pacífica. Quando se produziam vários sacrifícios ao mesmo tempo, a oferta pelo pecado precedia sempre o holocausto e a oferta pacífica.
Além disso, parece que uma parte destas ofertas era acompanhada de uma quantidade proporcional de vinho para as suas libações. A oferta de cereal era vista como um complemento necessário para as ofertas de paz e de fogo.
Em suma, o objetivo primordial dos sacrifícios pacíficos era expressar e fortalecer a relação de paz, amizade e comunhão entre o povo de Israel e o seu Deus. Através da refeição sacrificial partilhada, o ofertante, sua família e amigos celebravam a sua aliança com Deus, fosse em agradecimento pelas Suas bênçãos, em cumprimento de votos ou simplesmente como uma demonstração de amor e devoção.