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O Antigo Testamento reclama distinção como Escritura Sagrada, tanto para os judeus, a quem estes escritos foram confiados, como para os cristãos. Vindo através dos meios naturais de autores humanos, o produto final escrito possuía o selo da aprovação divina. Sem dúvida, o Espírito de Deus utilizou a atenção, a investigação, a memória, a imaginação e a lógica de seus escritores. Em contraste com meios puramente mecânicos, a direção de Deus manifestou-se por meio das capacidades histórica, literária e teológica dos autores. A obra escrita, tal como recebida por judeus e cristãos, constituiu um produto divino-humano sem erro na escritura original. Como tal, continha a verdade para toda a raça humana.

Esta era a atitude de Jesus Cristo e dos apóstolos. Jesus, o Deus-Homem, aceitou a autoridade de todo o corpo literário conhecido como o Antigo Testamento e usou livremente estas Escrituras como base de apoio para o seu ensino. Da mesma forma agiram os apóstolos no período inicial da igreja cristã. Escrito por homens sob a direção divina, o Antigo Testamento foi aceito como digno de toda confiança.

Em nossos dias, é tão essencial considerar o Antigo Testamento como autoridade final como o foi em tempos do Novo Testamento para judeus e cristãos. Como um registro razoavelmente confiável, dando margem a erros de transmissão que necessitam consideração cuidadosa mediante o uso científico dos corretos princípios do criticismo atual, o Antigo Testamento fala com autoridade na linguagem do laico de dois ou mais milênios atrás. O que anuncia, declara com toda a verdade, quer use linguagem figurada ou literal, quer trate de questões de ética ou do mundo natural da ciência. As palavras dos escritores bíblicos, adequadamente interpretadas em seu contexto total e em seu sentido natural de acordo com o uso de seu tempo, ensinam a verdade sem erro. Assim, o Antigo Testamento fala ao leitor.

O Antigo Testamento não é meramente um relato de cultura ou história secular, nem possui valor somente como a literatura nacional dos judeus. Ele se manifesta como mais do que o relato histórico da nação judaica. Tanto para judeus quanto para cristãos, é a História Sagrada que descobre a Revelação que Deus faz de Si mesmo ao homem. Nele se registra não só o que Deus fez no passado, mas também o plano divino para o futuro da humanidade.

Através das experiências de Israel, Deus, o Criador do Universo e do homem, dirigiu o curso de seu povo escolhido na arena internacional das culturas antigas. Deus não é somente o Deus de Israel, mas o supremo governador que controla os assuntos de todas as nações. Consequentemente, o Antigo Testamento registra acontecimentos naturais nos quais, entrelaçadas por toda esta história, encontram-se as atividades de Deus de forma sobrenatural. Esta característica distintiva do Antigo Testamento – o descobrimento de Deus em acontecimentos e mensagens históricas – o eleva acima do nível da literatura e história seculares. Somente como História Sagrada pode o Antigo Testamento ser entendido em sua significação plena. O reconhecimento de que tanto o natural quanto o sobrenatural são fatores vitais em toda a Bíblia é indispensável para uma compreensão integral de seu conteúdo.

Na literatura mundial, o lugar que ocupa o Antigo Testamento é único. Nenhum livro – antigo ou moderno – teve tal atração em escala mundial, nem foi transmitido com tão cuidadosa exatidão, nem foi tão extensamente distribuído. Aclamado por homens de estado e seus súditos, por homens de letras e pessoas de escassa ou nula cultura, por ricos e pobres, o Antigo Testamento nos chega como um livro vivente, que de forma penetrante fala a todas as gerações. Sua origem remonta a um período de aproximadamente mil anos (de 1400 a 400 a.C.) e foi escrito por pelo menos trinta autores diferentes, embora a autoria de alguns livros seja desconhecida. A língua original da maior parte do Antigo Testamento foi o hebraico, uma língua semítica.

A transmissão do texto hebraico foi feita com extremo cuidado, utilizando pergaminho ou vitela como material de escrita. Os escribas judeus, particularmente os massoretas, dedicaram-se à exatidão na transmissão do texto, chegando a numerar versículos, palavras e letras, e inserindo sinais vocálicos para auxiliar na leitura. A descoberta dos Rolos do Mar Morto confirmou que os textos hebraicos preservados pelos massoretas foram transmitidos sem mudanças consideráveis desde o século I a.C..

A Septuaginta (LXX), uma tradução grega do Antigo Testamento iniciada no Egito no século III a.C., tornou-se essencial para os judeus de fala grega e foi adotada pela igreja cristã primitiva. Paulo e outros apóstolos provavelmente usaram o Antigo Testamento grego para apoiar a afirmação de que Jesus era o Messias. Embora os judeus tenham se apegado ao texto hebraico original, a igreja cristã tornou-se a guardiã da versão grega.

O Antigo Testamento, portanto, reclama distinção como Escritura Sagrada devido à sua origem divina, à sua transmissão cuidadosa, à sua autoridade reconhecida por Jesus e os apóstolos, ao seu conteúdo que revela o plano de Deus para a humanidade e ao seu impacto único na história e na literatura mundial.

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