Quem é Deus e Qual é Sua Natureza?
Oh, alma inquieta que anseia por conhecer o Inconhecível, a pergunta que agora ecoa em seu coração não é nova. Desde os primórdios da criação, homens e mulheres têm erguido seus olhos para o céu, suas mentes mergulhadas em reverência e admiração, buscando compreender Aquele que é chamado de “Senhor dos Exércitos” (Salmo 80:4) e “Pai das Misericórdias” (2 Coríntios 1:3). Quem é este Deus? E como podemos começar a descrever Sua natureza?
Deus, antes de tudo, é o Criador. Ele existe fora do tempo e do espaço, sendo o Autor e o Sustentador de todas as coisas. Não foi o acaso, mas a infinita sabedoria de Suas mãos que moldou o universo, desde a vastidão das galáxias até o sussurro delicado de uma brisa ao entardecer. Nas palavras do profeta Isaías, Ele declara: “Assim diz o Senhor, o teu Redentor, que te formou desde o ventre: Eu sou o Senhor, que faço todas as coisas” (Isaías 44:24). Deus não apenas criou, mas sustenta cada átomo e respiração com Seu poder. Como um músico habilidoso que mantém a harmonia entre as notas mais altas e baixas, Deus preserva a ordem deste mundo com majestade serena. O salmista Davi reconhece isso quando escreve: “Tu conservas a todos os que amam-te; mas aos ímpios exterminarás” (Salmo 145:20).
Mas Deus não é somente o Criador; Ele também é o Amante. Aqui reside um dos mistérios mais profundos da divindade: Ele não permanece distante, indiferente às angústias e alegrias de Suas criaturas. Ao contrário, Ele se inclina com ternura sobre nós, oferecendo graça mesmo quando nossa ingratidão tenta afastá-Lo. Ele é amor — não um amor vago ou sentimental, mas um amor ardente, determinado, que busca reconciliar o pecador perdido consigo mesmo. Este amor é revelado de maneira gloriosa no sacrifício de Cristo, pois é nas Escrituras que encontramos claramente quem Deus é: justo, misericordioso e compassivo. João, o apóstolo amado, escreve: “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16). Esse versículo nos leva a entender que o amor de Deus não é passivo, mas ativo, manifestado em sacrifício.
Ainda assim, devemos lembrar que Deus não é apenas bondade acessível; Ele é também Santo. Sua santidade é como uma luz ofuscante, que expõe nossas fraquezas e nos leva à humildade. Diante dEle, percebemos quão pequenos somos, quão finitos são nossos pensamentos comparados aos Seus. Contudo, essa santidade não deve nos amedrontar sem esperança, pois ela caminha lado a lado com Sua misericórdia. Deus não exige que subamos até Ele com nossas próprias forças; pelo contrário, Ele desce até nós, cobrindo-nos com vestes de justiça compradas pelo sangue de Seu Filho. Isaías experimentou isso quando viu a visão do Senhor assentado no trono alto e sublime, cercado por serafins que clamavam: “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória!” (Isaías 6:3). Mesmo diante dessa cena esmagadora de santidade, Deus enviou um anjo para purificar os lábios de Isaías com brasas vivas, simbolizando a redenção e restauração que Ele oferece.
Outra faceta essencial da natureza de Deus é Sua liberdade soberana. Ele age segundo Sua vontade, guiado por propósitos eternos que transcendem nossa compreensão limitada. No entanto, esta soberania jamais deve ser confundida com arbitrariedade. Deus é justo em todos os Seus caminhos, e cada ato dEle flui de um coração repleto de amor e retidão. Ele não força ninguém a segui-Lo contra sua escolha, pois Ele respeita a dignidade moral que concedeu à humanidade. Somos livres para aceitar ou rejeitar Seu chamado, embora o preço da rejeição seja grande. Paulo reflete sobre essa tensão entre soberania divina e responsabilidade humana em Romanos 9:20-21: “Mas, ó homem, quem és tu, para discutires com Deus? Porventura pode o objeto perguntar a quem o fez: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para fazer dum mesmo barro um vaso para honra e outro para desonra?” Ainda assim, Deus chama cada pessoa com paciência e convite gracioso: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações” (Hebreus 3:15).
Por fim, Deus é Espírito. Ele não está confinado a formas físicas ou templos feitos por mãos humanas. Jesus afirmou isso ao conversar com a mulher samaritana: “Deus é espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade” (João 4:24). Ao mesmo tempo, Ele é profundamente pessoal. Ele conhece o número de cabelos em nossa cabeça, ouve nossas orações mais secretas e responde com a precisão de um Pai que sabe exatamente o que Seus filhos necessitam. O Salmo 139:1-4 expressa isso vividamente: “Senhor, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me sento e quando me levanto; de longe percebes os meus pensamentos. (…) Antes que a palavra me chegue à língua, já tu a conheces por completo.”
Assim, caro leitor, ao contemplarmos a pergunta “Quem é Deus?”, somos confrontados com uma verdade que transcende palavras: Ele é o Todo-Poderoso, o Amor Infinito, o Santo Imutável, o Soberano Compassivo. Ele não pode ser contido por definições simples, pois Ele é misterioso em Sua grandeza, mas acessível em Sua graça. Que possamos buscar conhecê-Lo não apenas com nossas mentes, mas com nossos corações, sabendo que Ele promete revelar-Se àqueles que O buscam com sinceridade. Jeremias registrou essa promessa: “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração” (Jeremias 29:13).
E enquanto avançamos neste estudo, nunca percamos de vista a realidade central: Deus não é apenas um tema de teologia, mas um Ser vivo, cujo maior desejo é ser encontrado por você.