Ef 4:1-4 – Uma vida digna do Senhor
Hoje, vamos mergulhar em Efésios 4, um capítulo que é um tesouro de sabedoria e orientação sobre a vida cristã, especialmente no contexto da comunidade de fé. Não vamos abordar o capítulo inteiro hoje, pois ele é muitíssimo rico e profundo. Vamos nos concentrar apenas na primeira metade agora, e quando possível, falaremos da segunda metade.
Paulo, o autor desta carta, tem um estilo de escrita que costuma dividir seus textos em duas partes: a doutrina e a prática. No início de Efésios, ele nos apresenta a doutrina da salvação e a unidade entre judeus e gentios na igreja. No entanto, ele também nos lembra que a teologia não é um exercício acadêmico, mas uma realidade para se viver. Agora, em Efésios 4, ele nos mostra como aplicar essas verdades teóricas em nossa vida cotidiana.
Paulo começa o capítulo com uma exortação: viver de maneira digna da vocação que recebemos de Deus. Ele não está falando de uma vocação profissional, mas da vocação cristã, da chamada para seguir a Cristo. Isso é crucial, pois muitas vezes ouvimos que, uma vez que somos salvos pela graça, nossas ações não importam. Isso não poderia estar mais longe da verdade. A maneira como vivemos deve refletir nossa nova identidade em Cristo. E essa chamada tem um caráter duplo: unidade com os irmãos e santidade diante de Deus.
Para ilustrar, pense em um homem que se casa e continua agindo como se fosse solteiro, ignorando suas novas responsabilidades. Ou imagine alguém que consegue um emprego e não se ajusta às exigências desse novo papel. Da mesma forma, quando entramos em um relacionamento com Cristo, nossa vida deve mudar de acordo.
Por isso, Paulo nos diz que a unidade depende da qualidade do nosso caráter e conduta. Devemos ser humildes, mansos, pacientes e tolerantes em amor. A unidade não é algo que acontece automaticamente; ela requer esforço e comprometimento. Isto é, a unidade é mais do que uma mera tolerância ou coexistência pacífica; é uma profunda comunhão que reflete a unidade da própria Trindade.
Paulo nos lembra que essa unidade não é algo que possamos criar; ela é um dom do Espírito Santo. Mas é nossa responsabilidade mantê-la. E isso, é bom ressaltar, requer esforço, paciência, humildade e amor. Não é uma tarefa fácil, especialmente em uma cultura que frequentemente valoriza a individualidade em detrimento da comunidade. Mas é essencial. A unidade é o testemunho mais poderoso que podemos dar ao mundo sobre quem é Deus.
Em um dos textos mais significativos da Escritura, Jesus afirmou que Ele edificaria Sua igreja e que as portas do inferno não prevaleceriam contra ela. Veja bem: a igreja é poderosa quando está unida sob a liderança de Cristo. Uma vez que o inimigo sabe que não pode destruir a igreja de fora para dentro, então ele tenta semear discórdia de dentro para fora. Neste sentido, a igreja desunida torna-se como um guerreiro forte que está sendo corroído por uma doença interna.
Assim, a conclusão que se segue é que a unidade é melhor vivida em Santidade. Esse é o desfecho do capítulo 4 de Efésios. A santidade, explicada por Paulo, é a resposta natural à graça de Deus em nossas vidas. Não é uma lista de “faça isso, não faça aquilo”, mas um desejo profundo de viver de uma maneira que agrade a Deus e reflita seu caráter, isto é, uma vida digna do Senhor. E isso também tem implicações comunitárias. Logo, a santidade não é um projeto solo; ela é vivida no contexto da comunidade de fé.
Paulo também fala sobre os dons espirituais, lembrando-nos que eles são dados para o bem da comunidade, para a edificação do corpo de Cristo. Cada um de nós tem um papel a desempenhar, e quando cada parte faz sua parte, o corpo funciona como deveria.
Mas Paulo não termina aí. Ele nos lembra que o objetivo final de tudo isso é a maturidade espiritual. Deus quer que cresçamos, que nos tornemos mais parecidos com Cristo. E isso é um projeto comunitário. Crescemos juntos, à medida que cada um faz sua parte.
Então, enquanto refletimos sobre esse rico capítulo, somos desafiados a olhar para nossas próprias vidas e comunidades. Estamos vivendo de uma maneira digna da vocação que recebemos? Estamos fazendo todo o esforço para manter a unidade do Espírito? Estamos buscando a santidade em nossas vidas? Estamos usando nossos dons para a edificação do corpo de Cristo? E estamos crescendo em direção à maturidade espiritual?
Que essas perguntas nos levem a uma profunda reflexão e, mais importante, a uma ação transformadora, para que possamos viver de uma maneira que honre a Deus e edifique sua igreja.
Por Diego Gonçalves