Cuidado Com O Que Você Pede!
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1Sm 8:1-25 – Cuidado com o que você pede!

Hoje é o último texto da nossa série sobre a vida de Samuel. Embora Samuel só morra no capítulo 25 e ainda tenha um papel importante nos próximos capítulos, o foco muda para Saul e, eventualmente, para o rei Davi após o capítulo 8.

O capítulo 8 é um capítulo de transição, onde vemos a transição de Samuel para Saul, de juiz para realeza, de Israel como teocracia para Israel como monarquia e da realeza de Deus para a realeza do homem. Além disso, aprendemos importantes princípios sobre a oração e orar de acordo com a vontade de Deus.

Aliás, me permita perguntar: Você costuma ser cuidadoso ao orar a Deus? Pensa antes de falar? Considera cuidadosamente seus pedidos antes de levá-los a Deus? Eclesiastes nos lembra de não ser rápido em falar diante de Deus, pois Ele está no céu e nós na terra. Então, que nossas palavras sejam poucas. (Eclesiastes 5:2)

É importante lembrar que Deus é nosso Pai e se alegra quando falamos com Ele. Portanto, Eclesiastes não nos diz para não orar ou orar pouco, mas sim que devemos considerar como nos aproximamos de Deus em oração.

Essa é a lição de oração que aprendemos no capítulo 8. É notável, pois Israel pede algo contra a vontade de Deus e Ele realmente diz sim! Isso é assustador e deve ser levado a sério quando examinamos nossa própria vida de oração diante de Deus.

O capítulo 8 nos ensina que há três coisas que precisamos considerar ao nos aproximarmos de Deus em oração.

  1. Considerar a vontade de Deus na questão.
  2. Considerar as consequências.
  3. Considerar a teimosia do seu próprio coração.

I. Considere a vontade de Deus na questão (1-9)

Vejamos, então, cada um deles. Em primeiro lugar, considere a vontade de Deus na questão.

a. Você é chamado a ser diferente do mundo ao seu redor (1-5)

Os versículos 1-5 descrevem o pedido de Israel e nos mostram uma lição fundamental: você é chamado para ser diferente do mundo ao seu redor. Veja o que os versículos 1-5 dizem:

“Samuel já estava em idade avançada e colocou seus filhos como juízes de Israel. O primeiro se chamava Joel e o segundo, Abias, ambos atuavam em Berseba. Porém, eles não seguiram os ensinamentos de Samuel, buscando vantagens pessoais e se corrompendo. Assim, os líderes de Israel foram até Samuel e lhe disseram: ‘Já estás velho, e teus filhos não seguem teu exemplo. Queremos um rei, assim como outras nações’.” (1 Samuel 8:1-5)

Com a idade avançando, Samuel esperava que seus filhos o sucedessem de forma justa. No entanto, eles não eram íntegros, aceitando subornos e agindo de forma injusta.

O povo de Israel não estava satisfeito com essa situação. Eles confrontaram Samuel sobre seus filhos e fizeram um pedido: queriam um rei, assim como as outras nações.

O erro não estava em desejar um rei, pois Deus já havia prometido um rei a Israel. O problema era o motivo: queriam ser iguais às outras nações. Deus escolheu Israel para ser especial, como diz em Levítico: “Devem ser santos, pois Eu sou santo e os separei para serem meus.” (Levítico 20:26)

Israel tinha um privilégio único. Eles eram escolhidos por Deus para serem diferentes, mas agora queriam ser iguais aos demais.

Da mesma forma, como cristãos, somos chamados a ser diferentes. Pode ser tentador se adaptar ao que todos estão fazendo, mas como parte do povo de Deus, nosso chamado é nos destacar. E isso deve guiar nossa relação com Deus.

B. Rejeitar a vontade de Deus é o mesmo que rejeitar o próprio Deus (6-9)

O próximo ponto importante dessa história é: se rejeitamos o que Deus quer, é como se estivéssemos rejeitando o próprio Deus. Veja o que os versículos 6-9 dizem:

“Samuel ficou chateado quando o povo pediu um rei. Ele se sentiu pessoalmente rejeitado. Mas Deus lhe explicou: ‘Eles não estão rejeitando você, mas a mim como rei deles.’ Desde que os trouxe do Egito, eles me abandonaram várias vezes. Estão fazendo o mesmo agora. Mas escute o que eles dizem, só que avise-os sobre as consequências de ter um rei.” (1 Samuel 8:6-9)

Samuel se entristeceu quando Israel quis um rei. Ele se sentiu deixado de lado. No entanto, Deus esclareceu: “Eles não estão rejeitando você, mas a mim.” O povo estava ignorando que Deus era o verdadeiro rei. Esse pedido foi, na verdade, uma quebra do primeiro mandamento: “Não adorarás outros deuses.” (Êxodo 20:3)

Não era errado querer um rei mas o motivo e o tempo de Israel não estavam certos. Eles estavam com pressa e não queriam esperar pelo plano de Deus. Se tivessem esperado, Deus teria dado a eles um rei especial, como Davi, e finalmente, Jesus.

Às vezes, dizer “agora” para Deus é tão errado quanto dizer “não”. Devemos respeitar o tempo de Deus e esperar pelo melhor. E há uma diferença entre pedir ajuda a Deus e dizer-lhe o que fazer. Israel tinha problemas porque Samuel estava envelhecendo e seus filhos não eram bons líderes. Em vez de simplesmente pedir a Deus uma solução, eles tentaram resolver do jeito deles. Não fazemos isso também? Quantas vezes tentamos dizer a Deus como agir?

Por isso, quando falamos com Deus, devemos pensar no que Ele quer. Temos que nos lembrar de que somos chamados a ser diferentes e que ignorar o que Deus deseja é como ignorá-lo diretamente.

II. Considere as consequências (10-18)

“Em seguida, pense nas consequências. Como diz Provérbios 22:3: “O prudente percebe o perigo e se protege, enquanto os descuidados avançam e pagam o preço”. Uma pessoa sábia sempre avalia as consequências antes de agir. Ao fazer um pedido a Deus, reflita sobre estas duas questões: Como será se Deus responder “sim” agora? E o que ocorrerá se Ele responder “não” depois?”

a. O que acontece se Deus disser “sim”? (10-17)

Vejamos 1 Samuel 8:10-17:

Samuel advertiu o povo de Israel sobre o que significaria ter um rei. Ele disse que um rei tomaria seus filhos para servir no exército e nas lavouras. Suas filhas seriam levadas para trabalhar no palácio. O rei pegaria as melhores terras e colheitas para ele e seus assistentes. Até um décimo de seus rebanhos seria dele. Em resumo, o povo acabaria sendo menos livre.

Samuel estava mostrando a Israel as consequências de seu desejo. Mesmo querendo muito um rei, ter um poderia trazer muitos problemas.

Da mesma forma, devemos pensar bem no que pedimos a Deus. Já quis ganhar na loteria? E se ganhasse, será que seria uma bênção ou causaria mais problemas? Muitos ganhadores da loteria enfrentaram mais dificuldades do que alegrias após ganhar.

E nos relacionamentos? Pode ser que você queira muito que algo dê certo com alguém. Mas e se Deus atender seu pedido e esse relacionamento não for bom para você? Ou e se perder a chance de um relacionamento ainda melhor?

Devemos pensar bem antes de pedir algo, considerando todas as possíveis consequências. Nem sempre pensamos no futuro distante; focamos apenas no agora. Mas Deus quer que vejamos o quadro completo. Isso exige sabedoria, conhecer a Escritura, orar e ouvir conselhos. Pergunte-se: “O que acontece se Deus atender meu pedido agora?”

b. O que acontecerá se Deus responder “não” mais tarde? (1 Samuel 8:18)

Imagine esta situação: e se Deus disser “não” quando mais precisarmos? No versículo 18 de 1 Samuel, é dito:

“Haverá um dia em que clamareis pelo alívio contra o rei que escolheram, e nesse dia o Senhor não vos ouvirá.”

Os israelitas desejavam um rei, ansiando por proteção contra seus adversários. No entanto, Samuel alerta que pode vir o dia em que, ao invés de pedirem proteção contra inimigos, pedirão alívio do próprio rei. E nesse momento, Deus pode escolher não ouvir.

Se pedirmos a Deus algo arriscado e Ele concordar, e depois pedirmos ajuda para sair daquela situação, e se Ele disser “não”? Isso nos faz refletir sobre as consequências das nossas escolhas. Algumas decisões, uma vez tomadas, não podem ser desfeitas. Talvez você se encontre em uma circunstância que originalmente não estava nos planos de Deus para você. Contudo, uma vez ali, o caminho é seguir em frente, confiando e servindo a Ele.

Por isso, é fundamental ponderar bem o que se deseja. É vital considerar o propósito de Deus e as possíveis consequências.

III. Considere a teimosia do seu próprio coração (19-22)

E, em terceiro lugar, considere a teimosia do seu próprio coração. Alguém teimoso por aí hoje? Por acaso, temos alguém aqui tão teimoso, mas tão teimoso a ponto admitir sua própria teimosia?

a. Nossa teimosia pode nos colocar em apuros (19-20)

Precisamos considerar a teimosia de nossos corações em primeiro lugar, porque nossa teimosia pode nos colocar em apuros.

Observe que Deus não atendeu ao pedido de Israel imediatamente. Ele mandou Samuel conversar com eles sobre as consequências do pedido deles primeiro. Ele mostrou a eles todas as desvantagens de ter um rei, todas as consequências negativas que um rei traria. Você pensaria que, depois de ser confrontado com as consequências, Israel teria recuado, eles teriam retirado seu pedido. Mas infelizmente não foi isso que aconteceu. Veja os versículos 19-20: Mas o povo se recusou a ouvir Samuel. “Não!”, disseram. “Queremos um rei sobre nós. 20 Então seremos como todas as outras nações, com um rei para nos guiar e sair diante de nós e travar nossas batalhas.” (1 Samuel 8:19-20)

Mesmo depois que Samuel ensaiou todas as consequências negativas para eles, Israel ainda exigiu um rei. Eles queriam ser como todas as outras nações. Eles queriam um rei para levá-los à batalha. Deus sempre foi antes deles e travou suas batalhas; agora eles querem que um rei vá antes deles e lute suas batalhas.

Oh, a teimosia do coração humano! O povo se recusou a ouvir Samuel, e quantas vezes nos recusamos a ouvir a Deus. A realidade por trás disso é que a nossa teimosia pode nos colocar em grandes problemas

B. O “sim” de Deus pode ser a disciplina de Deus para você (21-22)

E então, em segundo lugar, há momentos em que o “sim” de Deus pode ser uma maneira de nos disciplinar. No livro de 1 Samuel 8:21-22, encontramos um exemplo disso:

“Samuel, ao ouvir as palavras do povo, relatou tudo ao Senhor. E o Senhor disse: “Atenda ao pedido deles e dê-lhes um rei.” Samuel, então, instruiu os israelitas a retornarem às suas cidades.”

Deus, em sua infinita sabedoria, às vezes usa a resposta “sim” como uma lição para nós. Por exemplo, quando Israel estava no deserto, seu povo reclamou a Moisés, pedindo carne. E a resposta de Deus a essa situação está no Salmo 106:14-15:

“Eles sucumbiram à tentação no deserto e testaram Deus naquele lugar. Ele atendeu ao pedido deles, mas também lhes enviou uma doença.”

Isso nos mostra que um “sim” de Deus não é sempre um sinal de Sua aprovação. Às vezes, é uma forma de disciplina para corações resistentes e teimosos. Portanto, ao fazer pedidos a Deus, é vital refletir sobre nossas intenções. Pergunte-se: Estou alinhado com a vontade de Deus? Já pensei nas consequências? Será que estou sendo teimoso em meu coração?

Algumas Orientações para uma Oração que Agrade a Deus:

1 Samuel 8 nos ensina sobre atitudes a evitar ao orar a Deus. No entanto, quero focar nas práticas positivas. Aqui estão três diretrizes para uma oração que agrade a Deus:

  1. Humilhe-se Diante do Senhor:
  • Comece sua oração louvando e reconhecendo a grandeza de Deus.
  • Confesse seus erros e fraquezas a Ele. Não tema, pois ao se aproximar de Deus através de Jesus, você é perdoado. Ele não o julgará, mas o encherá de amor. Este passo ajuda a acalmar um coração frequentemente teimoso.
  1. Busque a Vontade de Deus em Primeiro Lugar:
  • Jesus nos ensinou: “Busquem primeiro o reino de Deus e a sua justiça…” (Mateus 6:33).
  • Sempre peça de acordo com a vontade de Deus, não apenas a sua. Isso é crucial para ter suas orações atendidas. O objetivo é dizer “Seja feita a Tua vontade” e não “Seja feita a minha vontade”.
  1. Confie em Deus Quanto à Resposta:
  • As respostas às suas orações podem não ser exatamente o que você esperava ou desejava. Contudo, é essencial confiar em Deus, pois Ele deseja o melhor para você.

Em resumo, ao orar: humilhe-se, busque a vontade de Deus e confie Nele. Seja consciente do que pede em sua oração.

*foto da capa por Paweł Furman / Unsplash

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