A intensidade e o alcance da pregação de George Whitefield foram catalisadores centrais do Grande Despertar e exerceram uma influência formativa na identidade colonial americana.
A pregação de Whitefield caracterizava-se por uma intensidade emocional e dramática notável para a época. Ministros anglicanos eram, em geral, mais controlados e dignificados em seus púlpitos. Em contraste, Whitefield pregava com paixão, frequentemente derramando lágrimas e manifestando agitação física. Observadores relataram ser difícil suportar o uso irrestrito de lágrimas em suas pregações, com Whitefield sendo frequentemente tomado pela emoção. Sua explicação era direta: como poderia conter-se vendo almas imortais à beira da destruição, enquanto seus ouvintes não se comoviam?.
Essa intensidade não era um mero artifício retórico; Whitefield pregava com frequência e por longas horas. Acordava às 4 da manhã para pregar às 5 ou 6, chegando a pregar uma dúzia de vezes ou mais por semana, passando 40 ou 50 horas no púlpito. Essa dedicação exaustiva era tamanha que, após pregar, frequentemente experimentava um “vasto corrimento do estômago, geralmente com uma quantidade considerável de sangue”. Apesar da falta de preparação formal para seus sermões, sua “sensibilidade dramática” e prodigiosa memória permitiam-lhe transformar o púlpito em um “teatro sagrado” que representava vidas bíblicas para seus ouvintes cativados.
O alcance da pregação de Whitefield foi igualmente extraordinário. Embora pouco conhecido hoje, ele foi a primeira celebridade da América. Estima-se que cerca de 80% de todos os colonos americanos o ouviram pregar pelo menos uma vez. Ele viajou extensivamente pelas colônias americanas, da Nova Hampshire à Geórgia. Suas turnês de pregação atraíam multidões sem precedentes, muitas vezes maiores que a população das cidades onde pregava. Seu sermão de despedida no Boston Common reuniu 23.000 pessoas, mais que toda a população de Boston na época.
Quando as igrejas não conseguiam acomodar as vastas multidões, Whitefield passou a pregar ao ar livre, em campos. Essa abordagem, embora não inédita, foi elevada por ele a uma forma de arte, permitindo-lhe alcançar um público ainda maior. A notícia de sua pregação se espalhava rapidamente pelas colônias, muitas vezes surpreendendo Whitefield com a rapidez com que as multidões se reuniam com tão pouco aviso.
A intensidade e o alcance da pregação de Whitefield foram instrumentais na catalisação do Grande Despertar. Sua turnê de pregação de 1739-40 é amplamente considerada o evento que desencadeou esse movimento religioso. Sua mensagem apaixonada sobre a necessidade do “Novo Nascimento” ressoou profundamente com os colonos. O impacto do Despertar foi tão profundo que foi comparado às demonstrações pelos direitos civis e aos distúrbios urbanos da década de 1960, em termos de sua capacidade de gerar agitação social.
Além de seu impacto religioso, a pregação de Whitefield desempenhou um papel significativo na moldagem da identidade colonial americana. Antes de sua chegada, não havia uma figura ou evento que unisse as treze colônias díspares. Whitefield, com suas viagens constantes e sua fama generalizada, tornou-se a primeira figura intercolonial amplamente conhecida e admirada. Ele foi, para muitos, o primeiro “herói cultural” americano.
Seu ministério transcendeu as fronteiras denominacionais, atraindo pessoas de diversas origens religiosas. Sua abordagem não denominacional contribuiu para uma identidade cristã mais ampla nas colônias. Além disso, sua utilização eficaz da imprensa para divulgar suas pregações e periódicos estabeleceu um precedente para a comunicação em massa, influenciando potencialmente até mesmo a retórica política durante a Revolução Americana.
Em resumo, a intensidade emocional e a abrangência geográfica da pregação de George Whitefield foram forças motrizes por trás do Grande Despertar. Ao alcançar uma vasta audiência com uma mensagem apaixonada de transformação pessoal e ao transcender as divisões coloniais, ele desempenhou um papel crucial na forja de uma identidade americana compartilhada, muito antes da independência política.