20250404 a reflective and intricate scene illustrating the u1

Vários fatores históricos levaram ao estudo da história do dogma como uma disciplina separada. Esse estudo, como uma área distinta, surgiu em uma data comparativamente recente. Embora material valioso para tal estudo tenha sido reunido nos séculos anteriores à Reforma, segundo Harnack, isso dificilmente preparou o caminho para uma perspectiva histórica da tradição dogmática.

Os principais fatores que impulsionaram o surgimento da história do dogma como disciplina incluem:

  • A Reforma Protestante: A Reforma rompeu com a suposição católica romana da imutabilidade do dogma. Ao questionar as doutrinas e práticas da Igreja Católica Romana e apelar às Escrituras e aos Pais da Igreja Primitiva para fundamentar suas opiniões, a Reforma criou a necessidade de um exame crítico da história do dogma. As igrejas católica romana e protestante acusavam-se mutuamente de terem se desviado da fé cristã histórica, e somente um estudo cuidadoso da história poderia resolver essa disputa.
  • Movimentos Inamistosos ao Dogma Eclesiástico: O pietismo, com sua convicção de que o escolasticismo protestante havia petrificado as verdades vivas da Reforma, e o racionalismo, hostil ao dogma baseado na autoridade em vez da razão, ambos contribuíram para o estudo da história do dogma. O racionalismo buscava mostrar que os dogmas eclesiásticos haviam se modificado repetidamente, questionando sua alegada permanência. Esses movimentos, embora distintos, uniram forças na oposição ao dogma e começaram a estudar sua história com o objetivo de solapá-lo.
  • O Despertar do Espírito Histórico: Sob a influência de Semler e outros, houve um despertar do espírito histórico. Semler deu início ao moderno estudo histórico das Escrituras e destacou o valor prático do método histórico. No campo da história eclesiástica, a obra de Moshein, embora não tratasse diretamente da história do dogma, impulsionou esse estudo. Elementos favoráveis também foram vistos nas obras de Lessing e Semler.

As verdadeiras origens do estudo da história do dogma se encontram nas obras de S.G. Lange e Muenscher. Muenscher, em sua obra, tentou responder como e por que a doutrina do cristianismo gradualmente tomou sua forma presente. Ele foi o primeiro a fazer a divisão do estudo em estudo geral e estudo especial do dogma, que foi adotada em muitas obras posteriores.

Sob a influência de Hegel, um melhor método histórico se iniciou, especialmente na obra de F. C. Baur. O princípio hegeliano de evolução foi introduzido para salientar uma ordem e um progresso definidos no surgimento dos dogmas eclesiásticos. A ideia de desenvolvimento gradualmente adquiriu outras aplicações além da hegeliana, sendo utilizada por escritores como Neander e Hagenbach.

A erudição católico-romana demorou a se interessar pelo estudo da história do dogma, iniciando-se com a concepção do dogma como declaração autoritária da igreja. Inicialmente, supunha-se que a Igreja Primitiva possuía o dogma completo, sem possibilidade de alteração, com apenas interpretações do depósito original. Mais tarde, Newman introduziu a teoria do desenvolvimento, embora não tenha sido universalmente aceita nos círculos católicos romanos.

Em resumo, o estudo da história do dogma surgiu como disciplina separada devido à ruptura com a ideia de dogma imutável causada pela Reforma, à oposição ao dogma por movimentos como o pietismo e o racionalismo, e ao desenvolvimento de um espírito histórico crítico. As obras de estudiosos como Muenscher e a influência da filosofia hegeliana também foram importantes no estabelecimento e na metodologia inicial desta área de estudo.

Gosta deste blog? Por favor, espalhe a palavra :)

Posts Similares

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *