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No que concerne à definição de uma pessoa na Trindade, João Calvino debruçou-se amplamente sobre esta doutrina em sua obra magna, As Institutas da Religião Cristã. Defendendo a formulação trinitariana estabelecida pela Igreja Primitiva, Calvino não hesitava em empregar os termos “pessoa” e “Trindade”, inclusive criticando aqueles que os repeliam.

Para Calvino, a distinção das Pessoas na Trindade não implica em qualquer desigualdade de essência ou substância divina. Ele enfatizava a absoluta igualdade entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Um ponto crucial em sua compreensão reside na distinção entre a essência divina e a subsistência pessoal de cada uma das Pessoas. Calvino defendia a autoexistência do Filho enquanto Deus, independentemente da consideração de Sua Pessoa, ao mesmo tempo em que reconhecia a origem de Sua Pessoa no Pai.

Nas palavras do próprio Calvino, citadas na fonte: “a essência, tanto do Filho como do Espírito, não foi gerada”, e que “o Filho, como Deus, independentemente da consideração de pessoa, é auto-existente; mas, como Filho, dizemos que Ele é do Pai. Assim, a Sua essência não foi originada; todavia a origem de Sua pessoa é o próprio Deus”.

Desta afirmação, depreende-se que Calvino concebia uma “pessoa” na Trindade como possuindo uma subsistência pessoal distinta dentro da única e indivisível essência divina. A origem da Pessoa do Filho é o Pai, o que denota uma relação particular dentro da Trindade, mas esta origem não afeta a igualdade essencial entre eles. A essência divina é comum às três Pessoas, sendo não gerada em todas elas, enquanto a característica distintiva de cada Pessoa reside em sua maneira particular de subsistir e em suas relações mútuas.

Embora a fonte não detalhe exaustivamente todos os aspectos da definição calvinista de “pessoa”, ela claramente aponta para a compreensão de que cada Pessoa da Trindade é um modo distinto de subsistência da mesma essência divina. A unidade da Trindade reside na comunhão de uma mesma natureza divina, enquanto a distinção se manifesta nas relações eternas e nas propriedades pessoais de cada um: a não-geração do Pai, a geração eterna do Filho a partir do Pai, e a procedência do Espírito Santo do Pai (e, na teologia ocidental, também do Filho).

Calvino, ao manter a autoexistência do Filho enquanto Deus e a origem de Sua Pessoa no Pai, buscava salvaguardar tanto a unidade divina quanto a realidade da distinção pessoal dentro da Trindade, uma preocupação central na história da doutrina trinitariana desde os primeiros concílios da Igreja. Sua ênfase na Escritura como fundamento primário para a compreensão desta doutrina o levou a adotar e defender os termos consagrados pela tradição eclesiástica, como “pessoa”, para articular a fé no Deus uno em três Pessoas.

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