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Cipriano, discípulo de Tertuliano e bispo de Cartago, é reconhecido como o primeiro a desenvolver a doutrina da Igreja episcopal, e sua concepção da unidade eclesiástica teve um impacto significativo no pensamento cristão subsequente. Para Cipriano, os bispos, escolhidos pelo próprio Senhor, eram os verdadeiros sucessores dos apóstolos. Fundamentando-se em Mateus 16:18, ele sustentava que a Igreja havia sido estabelecida sobre os bispos.

Na visão de Cipriano, o bispo era o governante absoluto da igreja local. Era sua prerrogativa determinar quem podia pertencer à igreja e quem poderia ser restaurado à comunhão. O bispo também liderava o culto como um sacerdote de Deus, oferecendo sacrifícios nessa capacidade. Cipriano foi pioneiro ao ensinar sobre um sacerdócio real do clero, em virtude de sua função sacrificial.

Ademais, Cipriano concebia os bispos como constituindo um colégio, denominado episcopado, e como tal, representavam a unidade da Igreja. Ele alicerçava a unidade da Igreja sobre a unidade dos bispos. É importante notar que, embora defendesse a importância do episcopado, Cipriano mantinha a paridade entre os bispos e não atribuía qualquer primado ao bispo de Roma.

Para Cipriano, a submissão ao bispo legítimo era fundamental para a comunhão com a Igreja e, consequentemente, para a salvação. Rebelar-se contra o bispo era equivalente a rebelar-se contra Deus. Qualquer indivíduo que se recusasse a submeter-se ao bispo legítimo perdia sua comunhão com a Igreja e, por extensão, sua salvação. Os verdadeiros membros da Igreja sempre obedeceriam e permaneceriam nela, pois fora dela não haveria possibilidade de salvação.

Essa concepção da Igreja Cristã levou Cipriano a negar logicamente a validade do batismo administrado por hereges. Em sua perspectiva, alguém que estava fora da Igreja não poderia validamente introduzir outros nela. Além disso, ele acreditava que somente os líderes que recebiam o Espírito – e Ele era recebido somente na Igreja – poderiam proporcionar o perdão de pecados.

Dessa forma, Cipriano foi o primeiro a destacar, clara e distintamente, a ideia de uma Igreja Católica que abrangeria todos os ramos autênticos da Igreja de Cristo, ligados por uma unidade visível e externa. Essa unidade era garantida pela comunhão entre os bispos, sucessores dos apóstolos, cada um governando sua diocese, mas unidos em um corpo colegiado. Cunningham, citado no texto, chega a considerar essa contribuição de Cipriano como um grande passo no desenvolvimento do erro e da corrupção na Igreja.

Em resumo, Cipriano concebia a unidade da Igreja primariamente através da unidade do episcopado. A Igreja era una porque os bispos, como sucessores dos apóstolos, estavam unidos em um colégio, cada um exercendo autoridade em sua igreja local, mas todos compartilhando da mesma fé e ministério. A obediência aos bispos era vista como essencial para a pertença à Igreja e para a salvação, e a validade dos atos sacramentais estava intrinsecamente ligada à sua administração dentro da Igreja unida sob a liderança dos bispos legítimos. Sua ênfase na unidade visível e na autoridade do episcopado lançou as bases para desenvolvimentos posteriores na doutrina da Igreja, particularmente no que diz respeito à estrutura e à autoridade eclesiástica.

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