Estudo Bíblico Indutivo: A Escolha dos Doze Apóstolos (Marcos 3:13-19)

Unidade 15: O Estabelecimento do Fundamento: A Escolha e o Propósito dos Doze

1. Ideia central: Jesus, exercendo Sua soberana vontade, escolhe doze homens dentre Seus muitos seguidores para serem Seus apóstolos, designando-os para um propósito específico: estar continuamente com Ele, serem enviados para pregar o evangelho e possuírem autoridade para expulsar demônios, estabelecendo assim a base para a propagação de Sua mensagem e a expansão do Seu Reino.

2. Para entender o texto:

a. Texto em contexto: Esta seção (Marcos 3:13-19) segue o relato do crescente impacto do ministério de Jesus e da grande multidão que O seguia (Marcos 3:7-12). Diante dessa resposta popular e da crescente oposição dos líderes religiosos (Marcos 3:6), Jesus toma a iniciativa de selecionar um grupo específico de homens para serem Seus colaboradores mais próximos. A escolha dos doze apóstolos marca um momento crucial no desenvolvimento do ministério de Jesus, pois eles seriam os futuros líderes e propagadores do evangelho após a Sua ascensão.

b. Esboço/estrutura:

• Jesus sobe ao monte e chama os que Ele quis: (Marcos 3:13)
  • Jesus sobe a um monte.
  • Ele chama para junto de Si aqueles que Ele quis.
  • Eles vêm para Ele.
• A designação dos doze como apóstolos e seus propósitos: (Marcos 3:14-15)
  • Jesus designa doze para estarem com Ele.
  • Eles seriam enviados para pregar.
  • Eles teriam autoridade para expulsar demônios.
• A lista dos nomes dos doze apóstolos: (Marcos 3:16-19)
  • Simão, a quem deu o nome de Pedro.
  • Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais deu o nome de Boanerges, que significa Filhos do Trovão.
  • André.
  • Filipe.
  • Bartolomeu.
  • Mateus.
  • Tomé.
  • Tiago, filho de Alfeu.
  • Tadeu.
  • Simão, o Zelote.
  • Judas Iscariotes, que o traiu.

c. Antecedentes históricos e culturais: A escolha de doze apóstolos pode ter sido intencional para simbolizar as doze tribos de Israel, sugerindo que Jesus estava estabelecendo uma nova comunidade do povo de Deus. A palavra “apóstolo” (do grego “apostolos”) significa “enviado” ou “mensageiro”, indicando que esses homens receberiam uma comissão especial de Jesus. A autoridade para expulsar demônios era uma característica do ministério de Jesus (Marcos 1:39), e ao delegar essa autoridade aos doze, Ele os capacitava a participar de Sua obra de libertação. A lista dos apóstolos inclui homens de diferentes origens sociais e ocupações, como pescadores (Pedro, André, Tiago e João) e um cobrador de impostos (Mateus), mostrando a abrangência do chamado de Jesus. A inclusão de Simão, o Zelote, destaca a diversidade ideológica dentro do grupo, já que os zelotes eram conhecidos por seu fervor nacionalista e resistência ao domínio romano.

d. Considerações interpretativas:

• “Jesus subiu a um monte e chamou para junto de si aqueles que ele quis, e eles vieram para ele” (Marcos 3:13): A iniciativa de Jesus em subir ao monte e chamar aqueles que Ele quis enfatiza Sua soberania e autoridade na escolha de Seus colaboradores. A resposta deles, vindo para Ele, demonstra sua disposição em atender ao Seu chamado.
• “Ele designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar” (Marcos 3:14): Este versículo destaca os dois propósitos principais da designação dos doze: primeiro, “estarem com Ele”, o que implica um relacionamento íntimo e aprendizado direto de Jesus; segundo, “para os enviar a pregar”, indicando que eles seriam Seus representantes na proclamação do evangelho.
• “e para terem autoridade para expulsar demônios” (Marcos 3:15): Além de pregar, os apóstolos receberam poder e autoridade para expulsar demônios, continuando a obra de libertação que Jesus havia iniciado. Isso demonstra que eles seriam capacitados para enfrentar as forças do mal em Seu nome.
• A lista dos nomes (Marcos 3:16-19): A inclusão dos nomes dos doze apóstolos é importante para a história da igreja. Simão recebe o nome de Pedro, que significa “pedra”, indicando seu papel de liderança. Tiago e João recebem o apelido de Boanerges, “Filhos do Trovão”, talvez por seu temperamento impetuoso. Judas Iscariotes é mencionado com a ressalva de que foi quem traiu Jesus, um prenúncio dos eventos futuros.

e. Considerações teológicas:

• A Soberania de Deus no Chamado: A escolha dos doze apóstolos demonstra a soberania de Deus em chamar pessoas para o Seu serviço, de acordo com o Seu propósito e vontade.
• O Propósito do Apostolado: Os apóstolos foram escolhidos para um papel único e fundamental na fundação da Igreja, sendo testemunhas oculares da vida, morte e ressurreição de Jesus, e recebendo autoridade especial para ensinar e liderar.
• A Importância do Relacionamento com Cristo: O primeiro propósito da escolha dos doze foi “estarem com Ele”, enfatizando a prioridade do relacionamento pessoal com Jesus como base para todo o serviço cristão.
• A Missão da Igreja: A designação dos apóstolos para pregar o evangelho e expulsar demônios estabelece o padrão para a missão da Igreja de proclamar as boas novas e confrontar as forças do mal.
• A Capacitação para o Serviço: A autoridade dada aos apóstolos para expulsar demônios demonstra que Deus capacita aqueles que Ele chama para realizar a Sua obra.

3. Para ensinar o texto:

• Principais temas: A soberania de Deus no chamado para o serviço; o propósito do apostolado como fundamento da Igreja; a prioridade do relacionamento íntimo com Jesus; a missão da Igreja de pregar e libertar; a capacitação divina para o serviço cristão.
• Aplicação: Devemos reconhecer que Deus chama pessoas para o Seu serviço de maneiras diversas e de acordo com o Seu propósito. Devemos valorizar o relacionamento pessoal com Jesus como a base de nossa vida cristã e de nosso serviço a Ele. Devemos estar dispostos a atender ao chamado de Deus para participar da Sua missão de proclamar o evangelho e confrontar o mal. Devemos confiar que Deus nos capacitará para a obra que Ele nos chama a realizar.

4. Para ilustrar o texto:

Imagine um general escolhendo cuidadosamente doze de seus soldados mais confiáveis para formar um grupo de elite que o acompanhará de perto, aprenderá suas estratégias e será enviado em missões especiais para estabelecer sua presença e autoridade em um novo território. A escolha dos doze apóstolos por Jesus pode ser comparada a essa ação estratégica.

Pense em um mestre artesão selecionando doze aprendizes talentosos para viverem e trabalharem em sua oficina, aprendendo diretamente com ele suas habilidades e técnicas, e que futuramente serão enviados para¹ abrir suas próprias oficinas e continuar seu legado. Jesus, o Mestre divino, escolheu os doze para serem² Seus aprendizes e futuros mestres na propagação do evangelho.

Considere a fundação de uma nova nação, onde um líder escolhe doze indivíduos para formarem o núcleo de seu governo, cada um com responsabilidades específicas para estabelecer as bases da nova sociedade. A escolha dos doze apóstolos por Jesus estabeleceu o fundamento para a Igreja, o novo povo de Deus.

5. Perguntas de fixação/reflexão:

1. Por que Jesus subiu a um monte para escolher os doze apóstolos (Marcos 3:13)? O que isso pode nos ensinar sobre a importância da oração e da busca pela vontade de Deus em momentos de decisão?
2. Quais foram os dois propósitos principais para os quais Jesus designou os doze (Marcos 3:14)? Como esses propósitos se relacionam entre si?
3. Além de pregar, que outra autoridade foi dada aos doze apóstolos (Marcos 3:15)? Qual a importância dessa autoridade no contexto do ministério de Jesus?
4. O que o fato de Jesus ter escolhido homens de diferentes origens sociais e ocupações nos ensina sobre o chamado de Deus (Marcos 3:16-19)?
5. Qual a importância de “estar com Jesus” como o primeiro propósito da escolha dos doze (Marcos 3:14)? Como podemos aplicar esse princípio em nossa própria vida cristã?
6. De que maneiras a missão dos doze apóstolos de pregar e expulsar demônios continua a ser a missão da Igreja hoje?
7. Refletindo sobre a lista dos doze apóstolos, quais características você observa que podem ter levado Jesus a escolhê-los?
8. Como a inclusão de Judas Iscariotes na lista dos doze nos lembra da realidade da liberdade humana e da possibilidade de apostasia?
9. Em sua própria vida, você sente que Deus o chamou para algum propósito específico? Quais passos você está tomando para discernir e atender a esse chamado?
10. Meditando em Marcos 3:13-19, qual o principal ensinamento que você extrai sobre a liderança de Jesus e o estabelecimento da Igreja? Como essa passagem o desafia a valorizar seu relacionamento com Cristo e a se envolver na missão do Seu Reino?