1. Ideia central: Jesus Cristo, confrontado com uma mulher apanhada em adultério e trazida por seus acusadores para ser julgada sob a lei mosaica, demonstra sabedoria divina ao expor a hipocrisia dos acusadores, oferecendo perdão e uma ordem para abandonar o pecado, revelando sua graça e misericórdia que transcendem a mera aplicação da lei.
2. Principais temas:
- Os escribas e fariseus trazendo a Jesus uma mulher apanhada em adultério.
- O posicionamento da mulher no meio da multidão.
- A pergunta dos acusadores a Jesus sobre o que ele deveria dizer, citando a Lei de Moisés sobre o apedrejamento.
- O motivo dos acusadores: testar e acusar Jesus.
- Jesus se inclinando e escrevendo no chão.
- A resposta de Jesus: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro a atirar pedra nela.”
- A reação dos acusadores: eles se retiraram um por um, começando pelos mais velhos.
- Jesus ficando1 sozinho com a mulher.
- Jesus perguntando à mulher onde estavam seus acusadores e se ninguém a havia condenado.
- A resposta da mulher de que ninguém a havia condenado.
- As palavras de Jesus à mulher: “Nem eu te condeno; vai-te, e não peques mais.”
3. Perguntas de fixação/reflexão:
- Onde cada um foi depois da discussão no templo registrada em João 7:50-52? O que isso sugere sobre o estado de espírito deles?
- Quem trouxe a mulher apanhada em adultério a Jesus? Qual era a profissão ou posição religiosa dessas pessoas?
- Onde a mulher foi colocada quando foi trazida a Jesus? Qual o significado desse posicionamento?
- Qual lei mosaica os acusadores citaram ao perguntar a opinião de Jesus sobre o que fazer com a mulher? Qual era a penalidade prescrita?
- Qual era a verdadeira intenção dos escribas e fariseus ao trazerem essa mulher a Jesus? Eles estavam realmente preocupados com a justiça?
- Qual foi a primeira reação de Jesus à pergunta deles? O que ele fez?
- Quando os acusadores persistiram em sua pergunta, o que Jesus finalmente lhes disse?
- Qual foi a condição que Jesus estabeleceu para que alguém pudesse atirar a primeira pedra na mulher? O que essa condição revelou sobre os acusadores?
- Qual foi a reação dos acusadores às palavras de Jesus? Quem foi o primeiro a se retirar? O que isso sugere sobre a consciência deles?
- Depois que todos os acusadores se foram, quem ficou com Jesus?
- Que pergunta Jesus fez à mulher sobre seus acusadores?
- Qual foi a resposta da mulher à pergunta de Jesus?
- Qual foi a declaração final de Jesus para a mulher? Ele a condenou?
- Além de não a condenar, o que mais Jesus ordenou à mulher que fizesse? Qual a importância dessa ordem?
- Reflita sobre a sabedoria de Jesus em lidar com essa situação delicada. Como ele evitou cair na armadilha dos seus oponentes?
- O que a ação de Jesus de escrever no chão pode ter significado? Houve várias interpretações ao longo da história da igreja.
- Como a resposta de Jesus expôs a hipocrisia dos acusadores? O que isso nos ensina sobre a importância de examinarmos a nós mesmos antes de julgarmos os outros?
- De que maneira a ausência de condenação por parte de Jesus demonstra sua graça e misericórdia? Isso significa que ele aprovou o pecado da mulher?
- O que a ordem de Jesus para a mulher “não peques mais” nos ensina sobre a necessidade de arrependimento e mudança de vida?
- Como essa passagem ilustra o equilíbrio entre a justiça e a misericórdia no caráter de Jesus?
- De que maneira essa história desafia nossas próprias atitudes em relação ao pecado e ao julgamento dos outros?
- O que podemos aprender com o exemplo de Jesus sobre como lidar com situações de conflito e acusação?
- Como essa passagem se encaixa na mensagem geral do Evangelho de João sobre a identidade e a missão de Jesus?
4. Para entender o texto:
a. Texto em contexto:
Esta passagem ocorre após o final do capítulo 7 e antes do início do capítulo 8 no Evangelho de João. No entanto, é importante notar que a autenticidade desta perícope tem sido debatida por estudiosos textuais ao longo da história da igreja, com alguns dos manuscritos mais antigos e confiáveis omitindo-a. Apesar disso, a história tem sido amplamente aceita como canônica e reflete o caráter e os ensinamentos de Jesus encontrados em outras partes dos Evangelhos. No contexto da narrativa de João, ela segue a crescente oposição a Jesus durante a Festa dos Tabernáculos e ilustra sua autoridade e sabedoria em lidar com seus oponentes e com os pecadores. A estratégia retórica aqui é mostrar a superioridade de Jesus em relação à lei quando aplicada sem misericórdia e com hipocrisia. Esta unidade contribui para o propósito do livro ao revelar a graça e a misericórdia de Jesus, bem como sua capacidade de expor a hipocrisia dos líderes religiosos.
b. Esboço/estrutura:
- Versículos 53 do capítulo 7 e 1 do capítulo 8: Transição para o templo onde Jesus volta a ensinar pela manhã. (Nota: Alguns manuscritos omitem 7:53-8:1).
- Versículos 2-6a: Os escribas e fariseus trazem a mulher apanhada em adultério a Jesus e o questionam sobre o que fazer com ela, citando a lei e buscando uma maneira de acusá-lo.
- Versículo 6b: Jesus se inclina e escreve no chão.
- Versículos 7-8: Jesus responde ao persistente questionamento, estabelecendo a condição para o apedrejamento.
- Versículo 9: Os acusadores se retiram, começando pelos mais velhos.
- Versículos 10-11: Jesus interage com a mulher, perguntando sobre seus acusadores e oferecendo perdão e uma ordem para não pecar mais.
c. Antecedentes históricos e culturais:
O adultério era considerado um pecado grave na sociedade judaica do primeiro século, com a pena de morte por apedrejamento prescrita na Lei de Moisés (Levítico 20:10; Deuteronômio 22:22). No entanto, sob o domínio romano, os judeus haviam perdido o direito de executar a pena capital, o que pode ter sido um dos motivos pelos quais os acusadores trouxeram a mulher a Jesus, buscando forçá-lo a tomar uma posição que o colocasse em conflito com a lei romana ou com a lei judaica. A ação de Jesus de escrever no chão não é explicada no texto, e várias interpretações foram propostas ao longo da história, incluindo a possibilidade de ele estar escrevendo os pecados dos acusadores.
d. Considerações interpretativas:
A pergunta dos acusadores era uma armadilha: se Jesus dissesse para apedrejar a mulher, ele seria visto como contrário ao seu ensino de amor e misericórdia e poderia ter problemas com as autoridades romanas; se dissesse para não apedrejar, seria acusado de violar a Lei de Moisés. A resposta de Jesus foi magistral, desviando a atenção da mulher para o pecado dos próprios acusadores. Ao desafiá-los a olhar para dentro de si e reconhecer sua própria pecaminosidade, ele os impediu de exercerem um julgamento hipócrita. A graça e o perdão oferecidos por Jesus à mulher não significam que ele tolerou o pecado, mas sim que ele ofereceu uma oportunidade de arrependimento e uma nova vida. A ordem para “não peques mais” enfatiza a importância da mudança de comportamento e da busca pela santidade.
e. Considerações teológicas:
Esta passagem ilustra a tensão entre a lei e a graça, um tema central na teologia cristã. Enquanto a lei revela o pecado e exige justiça, a graça oferece perdão e restauração através de Jesus Cristo. A história também destaca a universalidade do pecado, mostrando que todos, incluindo aqueles que se consideram justos, estão sob a condenação do pecado. A resposta de Jesus reflete sua identidade como o Filho de Deus, que tem autoridade para perdoar pecados e oferecer uma nova vida àqueles que se arrependem.
5. Para ensinar o texto:
A mensagem central desta passagem é que Jesus Cristo oferece graça e perdão aos pecadores arrependidos, ao mesmo tempo em que nos chama a abandonar o pecado. Ele também nos adverte contra a hipocrisia e nos lembra da nossa própria necessidade de misericórdia. Ao ensinar este texto, podemos enfatizar os seguintes pontos:
- A graça e a misericórdia de Jesus para com os pecadores: Mostrar como Jesus ofereceu perdão à mulher, apesar de seu pecado.
- A universalidade do pecado e a necessidade de autoexame: Destacar como a resposta de Jesus expôs o pecado dos acusadores e nos desafia a olhar para dentro de nós mesmos.
- O chamado ao arrependimento e à mudança de vida: Ensinar que o perdão de Jesus está ligado ao seu chamado para abandonarmos o pecado.
- A importância de não julgarmos os outros com hipocrisia: Alertar contra a tendência de condenar os outros pelos mesmos pecados que cometemos.
As aplicações práticas para a vida dos ouvintes podem incluir:
- Buscar o perdão de Jesus para nossos próprios pecados, reconhecendo nossa necessidade de sua graça.
- Examinar nossos próprios corações para identificar qualquer hipocrisia em nossas atitudes em relação ao pecado dos outros.
- Estar dispostos a oferecer misericórdia e perdão aos outros, assim como Jesus fez.
- Comprometer-nos a abandonar o pecado e a viver uma vida que agrade a Deus.
6. Para ilustrar o texto:
Imagine um juiz severo que está pronto para condenar um criminoso, mas então se lembra de suas próprias transgressões passadas e percebe que ele também precisa de misericórdia. A resposta de Jesus aos acusadores da mulher os confrontou com sua própria pecaminosidade, impedindo-os de julgá-la com hipocrisia.
Pense em um médico que trata um paciente com uma doença contagiosa. Ele não condena o paciente por estar doente, mas oferece cura e o aconselha a evitar comportamentos que possam propagar a doença. Jesus não condenou a mulher por seu pecado, mas a curou com seu perdão e a instruiu a não pecar mais.
Considere um espelho que reflete a imagem de quem olha para ele. Quando os acusadores ouviram as palavras de Jesus, elas agiram como um espelho, mostrando-lhes sua própria pecaminosidade e impedindo-os de atirar pedras. A verdade de Jesus tem o poder de nos confrontar com nós mesmos e nos levar ao arrependimento.