Unidade 76: O Poder Secular em Juízo: O Rei Rejeitado
1. Ideia central: Logo pela manhã, após a decisão do Sinédrio, Jesus é levado a Pilatos, o governador romano, que o interroga sobre Sua alegação de ser o Rei dos Judeus. Apesar de Pilatos não encontrar nele culpa, ele cede à pressão da multidão, incitada pelos principais sacerdotes, e liberta Barrabás, entregando Jesus para ser crucificado.
2. Para entender o texto:
a. Texto em contexto: Esta passagem (Marcos 15:1-15) segue imediatamente a condenação de Jesus pelo Sinédrio (Marcos 14:53-65). Como o Sinédrio não tinha autoridade para executar a pena de morte sob o domínio romano, eles levaram Jesus a Pôncio Pilatos, o governador romano da Judeia, para obter sua aprovação e execução. Este encontro marca a transferência da jurisdição religiosa para a secular e revela as complexas dinâmicas políticas envolvidas na crucificação de Jesus.
b. Esboço/estrutura:
- Jesus é levado a Pilatos: (Marcos 15:1)
- Logo pela manhã, os principais sacerdotes, com os anciãos, os mestres da lei e todo o Sinédrio chegaram a uma decisão. Amarraram Jesus, levaram-no e o entregaram a Pilatos.
- O interrogatório de Pilatos: (Marcos 15:2)
- “Você é o Rei dos Judeus?”, perguntou Pilatos. “Tu o dizes”, respondeu Jesus.
- As acusações dos principais sacerdotes: (Marcos 15:3-5)
- Os principais sacerdotes O acusavam de muitas coisas.
- Novamente Pilatos perguntou: “Você não vai responder? Veja de quantas coisas eles O acusam!”
- Mas Jesus não respondeu mais nada, para grande admiração de Pilatos.
- A escolha entre Jesus e Barrabás: (Marcos 15:6-11)
- Ora, por ocasião da festa, Pilatos costumava soltar um prisioneiro, a quem eles pedissem.
- Um homem chamado Barrabás estava preso com os insurretos que haviam cometido assassinato na rebelião.
- A multidão subiu e começou a pedir a Pilatos que fizesse por eles o que costumava fazer.
- “Vocês querem que Eu solte para vocês o Rei dos Judeus?”, perguntou Pilatos,
- sabendo que os principais sacerdotes O haviam entregado por inveja.
- Mas os principais sacerdotes incitaram a multidão a pedir que Pilatos soltasse Barrabás.
- A decisão de Pilatos: (Marcos 15:12-15)
- “Então, o que farei com aquele a quem vocês chamam Rei dos Judeus?”, perguntou Pilatos novamente.
- “Crucifique-o!”, gritaram eles.
- “Por quê? Que crime Ele cometeu?”, perguntou Pilatos. Mas eles gritavam ainda mais alto: “Crucifique-o!”
- Querendo agradar a multidão, Pilatos soltou Barrabás e entregou Jesus para ser flagelado e crucificado.
c. Antecedentes históricos e culturais: Pôncio Pilatos foi o governador romano da Judeia de 26 a 36 d.C. Ele representava a autoridade imperial romana e tinha o poder de condenar à morte. O título “Rei dos Judeus” era politicamente sensível, pois poderia ser interpretado como uma ameaça ao domínio romano. A Festa da Páscoa era uma ocasião em que as tensões entre os judeus e os romanos podiam aumentar, e era costume romano libertar um prisioneiro durante essa festa como um gesto de apaziguamento. Barrabás era um criminoso notório, envolvido em rebelião e assassinato. A inveja dos principais sacerdotes em relação à popularidade de Jesus é mencionada como um fator em sua decisão de entregá-Lo. A crucificação era uma forma brutal de execução romana, geralmente reservada para criminosos e rebeldes. A flagelação era um prelúdio comum à crucificação, destinada a enfraquecer o condenado e intensificar seu sofrimento.
d. Considerações interpretativas:
- A apresentação a Pilatos (Marcos 15:1): A decisão do Sinédrio de levar Jesus a Pilatos demonstra sua determinação em obter a pena de morte para Ele.
- A pergunta de Pilatos (Marcos 15:2): A pergunta de Pilatos foca na acusação política de Jesus se autoproclamar “Rei dos Judeus”. A resposta de Jesus, “Tu o dizes”, é uma afirmação, mas com uma nuance que pode indicar que Ele entendia o título de uma maneira diferente da de Pilatos.
- O silêncio de Jesus (Marcos 15:4-5): O silêncio de Jesus diante das muitas acusações surpreende Pilatos, pois era incomum que um acusado não se defendesse quando sua vida estava em jogo.
- A tentativa de Pilatos de libertar Jesus (Marcos 15:6-9): Pilatos tenta usar o costume da libertação de um prisioneiro na Páscoa como um meio de evitar condenar Jesus, possivelmente reconhecendo sua inocência ou não vendo nele uma ameaça real.
- A manipulação da multidão (Marcos 15:10-11): Os principais sacerdotes incitam a multidão a pedir a libertação de Barrabás, um criminoso violento, em vez de Jesus. Isso demonstra o poder da influência religiosa sobre o povo.
- A escolha da multidão (Marcos 15:12-14): A multidão, influenciada pelos líderes religiosos, clama pela crucificação de Jesus, preferindo um assassino a Ele.
- A decisão de Pilatos (Marcos 15:15): Pilatos, buscando agradar a multidão e evitar tumultos, cede à pressão e entrega Jesus para ser crucificado, apesar de sua aparente convicção de que Ele era inocente.
e. Considerações teológicas:
- A Soberania de Deus e a Responsabilidade Humana: Embora a crucificação de Jesus fizesse parte do plano de Deus, as escolhas de Pilatos, dos principais sacerdotes e da multidão foram feitas livremente e eles são responsáveis por suas ações.
- A Injustiça do Julgamento: Jesus, mais uma vez, enfrenta um julgamento injusto, sendo condenado apesar da falta de evidências e da aparente convicção de Pilatos de Sua inocência.
- O Contraste entre Jesus e Barrabás: A escolha da multidão por Barrabás, um criminoso, em vez de Jesus, o Santo, ilustra a rejeição do verdadeiro Messias pela humanidade.
- O Sacrifício Vicário: A libertação de Barrabás no lugar de Jesus prefigura o sacrifício de Jesus como um substituto para os pecadores.
- A Natureza do Reino de Jesus: A pergunta de Pilatos sobre Jesus ser o “Rei dos Judeus” levanta a questão da natureza do reino de Jesus, que não era um reino político terreno como Pilatos imaginava.
3. Para ensinar o texto:
- Principais temas: Jesus é levado perante a autoridade romana; o interrogatório de Pilatos sobre a realeza de Jesus; a pressão dos líderes religiosos e da multidão; a escolha entre Jesus e um criminoso; a decisão injusta de Pilatos de entregar Jesus para ser crucificado.
- Aplicação: Devemos estar cientes da influência da opinião pública e da pressão de grupos na tomada de decisões, mesmo quando essas decisões são injustas. Devemos valorizar a verdade e a justiça acima da popularidade. A história da condenação de Jesus nos lembra do alto preço da nossa salvação e da importância de reconhecê-Lo como nosso verdadeiro Rei.
4. Para ilustrar o texto:
Imagine um líder político que, sabendo que uma pessoa é inocente, cede à pressão da opinião pública e a condena para evitar perder apoio popular. A decisão de Pilatos reflete essa dinâmica.
Pense em uma situação em que uma multidão é manipulada por líderes para tomar uma decisão que vai contra seus próprios1 interesses. A escolha da multidão por Barrabás ilustra o poder da influência e da manipulação.
Considere a ironia de um rei sendo julgado por seus súditos e preferindo libertar um criminoso em vez dele. A cena de Jesus perante Pilatos destaca essa inversão de papéis e a rejeição do verdadeiro Rei.
5. Perguntas de fixação/reflexão:
- Por que Jesus foi levado a Pilatos após o julgamento perante o Sinédrio (Marcos 15:1)? Qual a diferença entre a autoridade do Sinédrio e a de Pilatos?
- Qual foi a pergunta crucial que Pilatos fez a Jesus (Marcos 15:2)? Como Jesus respondeu?
- De que Jesus foi acusado pelos principais sacerdotes perante Pilatos (Marcos 15:3)? Por que Pilatos se admirou do silêncio de Jesus (Marcos 15:4-5)?
- Qual era o costume de Pilatos durante a Festa da Páscoa (Marcos 15:6)? Quem era Barrabás (Marcos 15:7)?
- O que Pilatos perguntou à multidão sobre Jesus (Marcos 15:9)? Por que Pilatos fez essa pergunta?
- Quem os principais sacerdotes incitaram a multidão a pedir (Marcos 15:11)? Por que eles fizeram isso?
- Qual foi a resposta da multidão quando Pilatos perguntou o que fazer com Jesus (Marcos 15:13)?
- Por que Pilatos finalmente entregou Jesus para ser crucificado (Marcos 15:15)? O que essa decisão revela sobre o caráter de Pilatos?
- De que maneira a escolha entre Jesus e Barrabás ilustra a rejeição de Jesus pela humanidade?
- Meditando em Marcos 15:1-15, qual o principal ensinamento que você extrai sobre a justiça, a pressão da opinião pública e a identidade de Jesus como Rei? Como essa passagem o desafia a reconhecer e seguir Jesus como seu verdadeiro Rei, mesmo quando isso vai contra a opinião da maioria?