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Estudo Bíblico Indutivo: O Chamado de Levi (Mateus) e a Refeição com Pecadores (Marcos 2:13-17)

Unidade 10: A Graça Inclusiva: Chamado ao Desprezado e Comunhão com o Necessitado

1. Ideia central: Jesus demonstra a natureza inclusiva de Seu chamado e de Seu ministério ao convidar Levi, um cobrador de impostos desprezado, para ser Seu discípulo e, subsequentemente, ao participar de uma refeição com outros cobradores de impostos e pecadores, justificando Sua conduta ao afirmar que veio para chamar não os justos, mas os pecadores, revelando a extensão da graça divina a todos, independentemente de sua posição social ou histórico de vida.

2. Para entender o texto:

a. Texto em contexto: Esta seção (Marcos 2:13-17) segue a demonstração da autoridade de Jesus para perdoar e curar (Marcos 2:1-12). O chamado de Levi e a refeição com pecadores intensificam o conflito com os líderes religiosos, especialmente os fariseus, que questionam a associação de Jesus com aqueles considerados impuros e pecadores pela sociedade judaica. Este episódio sublinha a natureza revolucionária do ministério de Jesus, quebrando as barreiras sociais e religiosas estabelecidas e oferecendo esperança e aceitação àqueles que eram marginalizados.

b. Esboço/estrutura:

  • Jesus ensina junto ao mar: (Marcos 2:13)
    • Jesus sai novamente para a beira do mar da Galileia.
    • Uma grande multidão se reúne, e Ele os ensina.
  • O chamado de Levi (Mateus): (Marcos 2:14)
    • Jesus vê Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria de impostos.
    • O chamado direto de Jesus: “Siga-me.”
    • A resposta imediata de Levi: ele se levanta e o segue.
  • A refeição de Jesus com cobradores de impostos e pecadores: (Marcos 2:15)
    • Jesus está reclinado à mesa na casa de Levi.
    • Muitos cobradores de impostos e pecadores estão com Ele e Seus discípulos.
    • A observação de Marcos de que havia muitos que o seguiam.
  • A crítica dos fariseus e a resposta de Jesus: (Marcos 2:16-17)
    • Os fariseus veem Jesus comer com cobradores de impostos e pecadores.
    • Eles perguntam aos discípulos de Jesus por que Ele come com tais pessoas.
    • Jesus ouve e responde, afirmando que não são os saudáveis que precisam de médico, mas sim os doentes, e que Ele veio para chamar pecadores, não justos.

c. Antecedentes históricos e culturais: Os cobradores de impostos na Palestina do primeiro século eram judeus que trabalhavam para o Império Romano. Eles eram frequentemente vistos como traidores de seu próprio povo e eram conhecidos por serem corruptos e extorsivos, enriquecendo-se à custa de seus compatriotas. Consequentemente, eram desprezados e considerados pecadores públicos, excluídos da comunhão religiosa pela maioria dos judeus piedosos, incluindo os fariseus. Comer com alguém era um sinal de comunhão e aceitação. Os fariseus eram um grupo religioso judaico que enfatizava a estrita observância da Lei de Moisés e das tradições rabínicas, buscando a pureza ritual e a separação dos “impuros”, incluindo os pecadores notórios.

d. Considerações interpretativas:

  • “Jesus saiu novamente para a beira do mar. Uma grande multidão veio a ele, e ele os ensinava” (Marcos 2:13): Jesus continua Seu ministério de ensino, atraindo grandes multidões com Sua mensagem. O mar da Galileia era um local frequente para Seu ensino público.
  • “Passando, viu Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria de impostos. ‘Siga-me’, disse-lhe Jesus, e Levi se levantou e o seguiu” (Marcos 2:14): O chamado de Jesus a Levi é direto e autoritário. A profissão de Levi era desprezada, tornando seu chamado ainda mais surpreendente. A resposta imediata de Levi, levantando-se e seguindo Jesus, demonstra a força do chamado de Cristo e a disposição de Levi em abandonar sua antiga vida. Mateus, o autor do primeiro evangelho, é tradicionalmente identificado com este Levi.
  • “Enquanto Jesus estava reclinado à mesa na casa de Levi, muitos cobradores de impostos e pecadores estavam com ele e seus discípulos, pois havia muitos que o seguiam” (Marcos 2:15): A refeição na casa de Levi indica a celebração do novo discipulado e a comunhão de Jesus com aqueles que eram considerados pecadores pela sociedade. A presença de muitos outros cobradores de impostos e pecadores sugere que Levi pode ter compartilhado sua nova fé com seus antigos colegas.
  • “Quando os fariseus viram Jesus comer com cobradores de impostos e pecadores, perguntaram aos seus discípulos: ‘Por que ele come com cobradores de impostos e pecadores?'” (Marcos 2:16): Os fariseus, observando a conduta de Jesus, expressam sua indignação e questionam Seus discípulos, buscando minar Sua reputação e influência. Sua pergunta revela sua mentalidade de separação e exclusão dos considerados impuros.
  • “Ouvindo isso, Jesus lhes disse: ‘Não são os que estão saudáveis que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim para chamar justos, mas pecadores'” (Marcos 2:17): Jesus responde diretamente à crítica dos fariseus, usando uma analogia simples e poderosa. Ele se apresenta como o médico espiritual que veio para curar os doentes, ou seja, aqueles que reconhecem sua necessidade de perdão e restauração. Sua missão é alcançar os pecadores e oferecer-lhes a oportunidade de arrependimento e uma nova vida. A implicação é que aqueles que se consideram justos e não necessitados não reconhecem sua necessidade de Jesus.

e. Considerações teológicas:

  • A Chamada Inclusiva de Jesus: O chamado de Levi demonstra que Jesus não faz acepção de pessoas e chama para o discipulado indivíduos de todas as origens e profissões, mesmo aqueles desprezados pela sociedade religiosa.
  • A Graça para os Pecadores: A refeição de Jesus com pecadores revela a extensão da graça divina, que se manifesta no amor e na aceitação de Deus por aqueles que estão afastados Dele. Jesus veio para oferecer salvação a todos, independentemente de seus pecados passados.
  • O Propósito da Vinda de Jesus: A declaração de Jesus de que Ele veio para chamar pecadores, não justos, resume Seu propósito redentor. Sua missão é buscar e salvar os perdidos (Lucas 19:10).
  • A Natureza da Justiça Própria: A reação dos fariseus revela o perigo da justiça própria e da exclusão daqueles que são considerados pecadores. Jesus confronta essa atitude, mostrando que Sua graça é oferecida a todos.
  • A Importância do Arrependimento: Embora Jesus tenha vindo para chamar pecadores, isso não implica em tolerância ao pecado. Seu chamado é um convite ao arrependimento e à transformação de vida.

3. Para ensinar o texto:

  • Principais temas: A natureza inclusiva do chamado de Jesus; a extensão da graça de Deus a todos os pecadores; o propósito redentor da vinda de Cristo; o perigo da justiça própria e da exclusão; a importância de estender a graça e a aceitação aos outros.
  • Aplicação: Devemos estar abertos ao chamado de Jesus, mesmo que sintamos que não somos dignos. Devemos reconhecer que a graça de Deus é oferecida a todos, incluindo aqueles que a sociedade despreza. Devemos seguir o exemplo de Jesus, buscando a comunhão com aqueles que estão necessitados de amor e aceitação, oferecendo-lhes a oportunidade de conhecer a Cristo. Devemos examinar nossos próprios corações para garantir que não estamos excluindo outros com base em nossa própria justiça.

4. Para ilustrar o texto:

Imagine um médico que se especializa em tratar doenças raras e contagiosas, indo ativamente em busca dos pacientes que mais precisam de sua ajuda, em vez de esperar que eles venham até ele. Jesus é esse médico espiritual, buscando aqueles que estão espiritualmente doentes e necessitados de cura.

Pense em uma festa onde o anfitrião convida não apenas seus amigos mais próximos, mas também aqueles que estão sozinhos e marginalizados, oferecendo-lhes comida, companhia e um senso de pertencimento. A refeição de Jesus com os cobradores de impostos e pecadores é como essa festa inclusiva.

Considere um farol que emite sua luz para guiar todos os navios em segurança para o porto, sem discriminar com base em seu tamanho ou condição. A graça de Jesus é como essa luz, oferecendo esperança e direção a todos os que estão perdidos.

5. Perguntas de fixação/reflexão:

  1. Por que o chamado de Levi, um cobrador de impostos, foi tão surpreendente para as pessoas da época (Marcos 2:14)? O que isso nos ensina sobre os critérios de Jesus para escolher Seus discípulos?
  2. Qual o significado da refeição de Jesus com cobradores de impostos e pecadores na casa de Levi (Marcos 2:15)? O que essa ação comunicava?
  3. Por que os fariseus questionaram os discípulos de Jesus sobre Sua associação com pecadores (Marcos 2:16)? O que essa pergunta revela sobre a mentalidade deles?
  4. Como a resposta de Jesus aos fariseus (“Não são os que estão saudáveis que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim para chamar justos, mas pecadores”) resume o propósito de Seu ministério (Marcos 2:17)?
  5. O que essa passagem nos ensina sobre a natureza da justiça própria e o perigo de nos considerarmos superiores aos outros?
  6. De que maneiras podemos, como seguidores de Cristo, estender a graça e a aceitação àqueles que são marginalizados ou desprezados pela sociedade?
  7. Você se identifica mais com os “justos” que não viam sua necessidade de Jesus ou com os “pecadores” que reconheciam sua necessidade de cura e perdão? Por quê?
  8. Como podemos equilibrar a necessidade de confrontar o pecado com a importância de oferecer graça e amor aos pecadores, seguindo o exemplo de Jesus?
  9. Refletindo sobre o chamado de Levi, há alguém em sua vida que você considera improvável para ser alcançado pela graça de Deus? Como essa passagem desafia essa perspectiva?
  10. Meditando em Marcos 2:13-17, qual o principal ensinamento que você extrai sobre a natureza inclusiva do amor de Deus? Como essa passagem o desafia a viver com mais graça e aceitação em seus relacionamentos e em seu testemunho?
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