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Unidade: O Apóstolo dos Gentios e a Revelação do Mistério da União em Cristo

1. Ideia central: Paulo, como prisioneiro de Cristo, recebeu a incumbência de revelar o mistério de que os gentios são co-herdeiros, membros do mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho, uma verdade antes oculta mas agora manifesta pela sabedoria de Deus.

2. Principais temas:

  • O apostolado de Paulo aos gentios.
  • A prisão de Paulo por causa do evangelho.
  • A dispensação da graça de Deus confiada a Paulo.
  • A revelação do mistério de Cristo.
  • A inclusão dos gentios como co-herdeiros.
  • A unidade de judeus e gentios no corpo de Cristo.
  • A participação dos gentios na promessa em Cristo.
  • A sabedoria multifacetada de Deus manifesta na Igreja.
  • O acesso a Deus com ousadia e confiança pela fé em Cristo.
  • O propósito eterno de Deus realizado em Cristo Jesus.
  • O sofrimento de Paulo como parte do seu ministério.

3. Perguntas de fixação/reflexão:

  1. Por que Paulo se identifica como “prisioneiro de Cristo Jesus”? Qual o significado dessa designação?
  2. A quem Paulo se refere quando diz “por amor de vós, gentios”? Qual a implicação disso para o seu ministério?
  3. O que Paulo entende por “dispensação da graça de Deus que me foi confiada para convosco”?
  4. Como o “mistério de Cristo” foi dado a conhecer a Paulo? Qual a natureza dessa revelação?
  5. O que significa dizer que esse mistério “noutras gerações não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, como agora foi revelado aos seus santos apóstolos e profetas no Espírito”?
  6. Qual é a essência desse mistério revelado? Quais são os três aspectos principais mencionados nos versículos 6?
  7. O que significa ser “co-herdeiros” em Cristo? Com quem os gentios compartilham essa herança?
  8. O que implica serem “membros do mesmo corpo”? Que corpo é esse?
  9. Como os gentios se tornam “participantes da promessa em Cristo Jesus”? Qual promessa é essa?
  10. Qual é o meio pelo qual os gentios se tornam participantes dessa promessa?
  11. Quem tornou Paulo ministro desse evangelho? Qual foi o critério para essa escolha?
  12. O que Paulo reconhece sobre si mesmo ao afirmar que é “o menor de todos os santos”? Como essa humildade se relaciona com o seu chamado?
  13. Qual foi a graça que foi dada a Paulo? Qual o propósito dessa graça em relação aos gentios?
  14. O que Paulo tinha o privilégio de anunciar entre os gentios? Qual a natureza dessas “riquezas insondáveis”?
  15. Qual era o propósito de Paulo ao levar luz a todos sobre a dispensação do mistério? Quem estava envolvido nessa dispensação?
  16. O que estava oculto desde os séculos em Deus, que criou todas as coisas?
  17. Qual o propósito final dessa revelação do mistério através da Igreja? A quem essa sabedoria é manifesta?
  18. O que significa a expressão “sabedoria multifacetada de Deus”? Como a Igreja a manifesta?
  19. Por meio de quem temos ousadia e acesso com confiança a Deus? Qual o fundamento dessa ousadia e confiança?
  20. Qual o propósito dos sofrimentos de Paulo por causa dos gentios? Como eles deveriam ser vistos pelos crentes?
  21. De que maneira essa passagem nos encoraja a valorizar a unidade da Igreja, composta por pessoas de diferentes origens?
  22. Como a revelação desse mistério impacta a nossa compreensão do plano de Deus para a humanidade?

4. Para entender o texto:

a. Texto em contexto:

Esta unidade (Efésios 3:1-13) segue a exposição de Paulo sobre a salvação pela graça e a reconciliação entre judeus e gentios em Cristo (capítulo 2). Aqui, Paulo se concentra em seu papel específico como apóstolo dos gentios e na revelação do “mistério” que lhe foi confiado. Ele enfatiza que sua prisão é por causa dessa missão de levar o evangelho aos gentios. Este trecho serve para aprofundar a compreensão do plano de Deus revelado em Cristo, mostrando que a inclusão dos gentios não era um plano secundário, mas fazia parte do propósito eterno de Deus, agora manifestado na Igreja. A estratégia retórica de Paulo é apresentar-se como um servo de Cristo, comissionado para revelar uma verdade antes oculta, mas agora clara através do Espírito Santo, fortalecendo assim a fé dos seus leitores gentios e reafirmando a legitimidade do seu apostolado. Esta unidade contribui para1 o propósito geral do livro, que é revelar o mistério da união de judeus e gentios no corpo de Cristo e exortar os crentes a viverem de acordo com essa nova identidade e unidade, compreendendo a profundidade do amor e da sabedoria de Deus manifestos na Igreja.

b. Esboço/estrutura:

  • Versículos 1-2: A Prisão e o Chamado de Paulo aos Gentios.
    • Paulo, prisioneiro de Cristo Jesus por amor dos gentios.
    • A dispensação da graça de Deus confiada a Paulo para eles.
  • Versículos 3-6: A Revelação do Mistério de Cristo.
    • O mistério dado a conhecer por revelação.
    • Mistério antes não revelado, agora manifestado aos apóstolos e profetas no Espírito.
    • Os gentios são co-herdeiros, membros do mesmo corpo e participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho.
  • Versículos 7-9: Paulo como Ministro do Evangelho.
    • Paulo feito ministro segundo a graça de Deus.
    • Sua humildade como o menor de todos os santos.
    • A graça de anunciar aos gentios as riquezas insondáveis de Cristo.
    • Levar luz a todos sobre a dispensação do mistério oculto em Deus.
  • Versículos 10-13: O Propósito Eterno de Deus Manifestado na Igreja.
    • A sabedoria multifacetada de Deus manifesta aos principados e potestades nos lugares celestiais através da Igreja.
    • Segundo o eterno propósito de Deus realizado em Cristo Jesus.
    • Em quem temos ousadia e acesso com confiança pela fé.
    • O pedido de Paulo para que não desfaleçam por suas tribulações, pois elas são glória para os gentios.

c. Antecedentes históricos e culturais:

No contexto do primeiro século, a ideia de que os gentios pudessem ter igual acesso a Deus e serem herdeiros juntamente com os judeus era revolucionária e até ofensiva para muitos judeus. As Escrituras do Antigo Testamento, embora contivessem promessas de bênção para as nações, eram frequentemente interpretadas dentro de uma estrutura de primazia judaica. A pregação de Paulo de que, em Cristo, as distinções étnicas e religiosas eram abolidas e que os gentios eram plenamente incluídos no povo de Deus gerou forte oposição e foi uma das razões pelas quais ele enfrentou perseguição e prisão. A própria prisão de Paulo, mencionada no início do capítulo, era um testemunho do seu compromisso com essa mensagem do evangelho para os gentios. O termo “mistério” (em grego, mysterion) no contexto paulino refere-se a uma verdade divina que estava oculta no passado, mas que agora foi revelada por Deus através do Espírito Santo aos apóstolos e profetas.

d. Considerações interpretativas:

A designação de Paulo como “prisioneiro de Cristo Jesus por amor de vós, gentios” enfatiza que sua prisão não era um revés, mas parte do plano divino para o avanço do evangelho entre os gentios. A “dispensação da graça de Deus” refere-se à responsabilidade e ao privilégio que Paulo recebeu de administrar e proclamar a mensagem da graça de Deus aos gentios. O “mistério de Cristo” é o cerne da revelação que Paulo recebeu, e ele o descreve como o fato de que os gentios são “co-herdeiros” com Israel das bênçãos de Deus, “membros do mesmo corpo” de Cristo (a Igreja), e “participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho”. Essa participação é plena e igualitária, sem a necessidade de se tornarem judeus ou se submeterem à Lei mosaica.

A afirmação de que esse mistério “noutras gerações não foi dado a conhecer” não significa que o Antigo Testamento não continha nenhuma indicação da inclusão dos gentios, mas sim que a plena extensão e a maneira como isso se daria através da união em Cristo não foram claramente compreendidas até a revelação feita aos apóstolos e profetas no Novo Testamento. Paulo reconhece a sua indignidade ao se chamar “o menor de todos os santos”, mas enfatiza que a graça de Deus o capacitou a anunciar as “riquezas insondáveis de Cristo” aos gentios, riquezas que vão além da compreensão humana. O propósito de levar luz a todos sobre a “dispensação do mistério” era revelar o plano eterno de Deus, que estava oculto desde a criação, de unir judeus e gentios em Cristo. Através da Igreja, essa “sabedoria multifacetada de Deus” é agora manifesta aos “principados e potestades nos lugares celestiais”, referindo-se provavelmente aos seres angelicais, que aprendem sobre a sabedoria divina através da obra da redenção e da formação da Igreja. Em Cristo, temos “ousadia e acesso com confiança” a Deus pela fé, um privilégio antes restrito. Paulo pede aos efésios que não desfaleçam por suas tribulações, pois elas eram um sinal da glória que o evangelho estava alcançando entre os gentios.

e. Considerações teológicas:

Esta passagem é crucial para a teologia da missão e da eclesiologia. Ela destaca a universalidade do plano de salvação de Deus, que inclui tanto judeus quanto gentios em igualdade de condições através de Cristo. A doutrina da revelação é enfatizada, mostrando como Deus progressivamente revela o seu plano ao longo da história, culminando na revelação do mistério de Cristo aos apóstolos e profetas. A natureza da Igreja como um corpo unificado de crentes, composto por pessoas de todas as nações, é central aqui. A sabedoria de Deus é demonstrada na maneira como ele planejou e executou a redenção, unindo aqueles que antes estavam separados. A doutrina do acesso a Deus pela fé em Cristo é reafirmada, mostrando que todos os crentes têm o privilégio de se aproximarem de Deus com ousadia e confiança. O sofrimento do apóstolo Paulo é apresentado como parte do seu chamado e como um meio pelo qual o evangelho avança.

5. Para ensinar o texto:

A mensagem central desta passagem é a revelação gloriosa de um mistério que estava oculto por séculos, mas que agora foi manifestado em Cristo Jesus: a inclusão dos gentios no plano redentor de Deus em igualdade com os judeus. Paulo, como apóstolo dos gentios, foi o instrumento escolhido por Deus para levar essa luz a todas as nações. Sua prisão, longe de ser um sinal de derrota, era na verdade uma consequência direta do seu compromisso com essa missão divina.

O mistério revelado é que, através do evangelho, os gentios se tornaram co-herdeiros com Israel das bênçãos de Deus, membros do mesmo corpo de Cristo (a Igreja), e participantes da mesma promessa em Cristo Jesus. Essa união transcende as barreiras étnicas, culturais e religiosas, criando uma nova realidade onde todos os que creem em Cristo são um em seu corpo.

Essa revelação não apenas demonstra o amor e a graça de Deus para com os gentios, mas também revela a sua sabedoria multifacetada. Através da Igreja, composta por pessoas de todas as nações unidas em Cristo, a sabedoria de Deus é manifesta até mesmo aos seres angelicais nos lugares celestiais. O propósito eterno de Deus, planejado antes da fundação do mundo, está sendo realizado em Cristo Jesus, e nós, como crentes, temos o privilégio de fazer parte desse plano.

Portanto, a nossa identidade como cristãos transcende qualquer distinção terrena. Somos todos unidos em Cristo, com igual acesso ao Pai pelo Espírito Santo. Devemos valorizar e proteger essa unidade, reconhecendo que ela é um testemunho poderoso da sabedoria e do amor de Deus para o mundo. As dificuldades e os sofrimentos que enfrentamos por causa do evangelho não devem nos desanimar, mas sim nos lembrar que estamos participando de um propósito eterno e glorioso. Em Cristo, temos ousadia e confiança para nos aproximarmos de Deus, sabendo que somos amados e aceitos em seu Filho.

6. Para ilustrar o texto:

  1. Imagine um mapa antigo do mundo que mostra apenas uma pequena porção da terra como conhecida e importante, deixando vastas áreas inexploradas e desconhecidas. Então, um explorador corajoso e persistente descobre essas novas terras, revelando sua riqueza e importância para todos. Paulo foi como esse explorador, trazendo à luz o mistério de que o plano de Deus para a salvação se estendia muito além do que era inicialmente compreendido, alcançando todas as nações da terra.
  2. Considere uma receita secreta de um prato delicioso que foi guardada por gerações em uma família. Ninguém de fora da família conhece os ingredientes ou o modo de preparo. Mas, em determinado momento, a receita é revelada a todos, permitindo que pessoas de todas as origens desfrutem dessa iguaria. O mistério da inclusão dos gentios no plano de Deus era como essa receita secreta, agora revelada através do evangelho para que todos possam participar das bênçãos de Deus em Cristo.
  3. Pense em um grande mosaico sendo construído com peças de diferentes cores e formatos. Inicialmente, as peças podem parecer isoladas e sem sentido. Mas, à medida que o artista as une, uma bela imagem começa a surgir, revelando o seu propósito e design. A Igreja é como esse mosaico, composta por pessoas de diferentes origens e culturas. O mistério revelado é que, em Cristo, todas essas peças são unidas para formar uma obra de arte gloriosa que reflete a sabedoria e a beleza de Deus.
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