Mt 11 17 Genealogia Todo Mundo Tem Um Passado
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Mt 1:1-17 – Genealogia | Todo mundo tem um Passado

Este é o primeiro estudo no evangelho de Mateus. Nele exploramos a genealogia de Jesus em Mateus e destacamos como ela está enraizada na história, soberania, promessas e graça de Deus. Também destacamos as mulheres incluídas na genealogia e como isso demonstra a graça de Deus. No final, incluímos algumas questões para fixação e reflexão.

Escrito por Diego Gonçalves e entregue para o mep da Igreja DaeHan em 17/01/2023.

INTRODUÇÃO:

Deus nos presenteou com quatro evangelhos no Novo Testamento, cada um com seu próprio enfoque particular. Em Marcos, Jesus é apresentado como um servo humilde e sofredor. Em Lucas, Jesus é apresentado como o Filho do Homem. Já em João, Jesus é apresentado como o Filho de Deus. E em Mateus, que será o objeto do nosso estudo, Jesus é apresentado como o Messias e Rei.

Ao longo do evangelho, Mateus minuciosamente investiga todas as Escrituras do Antigo Testamento para comprovar como Jesus realmente é o Messias prometido. Algo que chama a atenção nesse estudo é que Mateus usa a palavra “rei” com mais frequência do que qualquer outro escritor do Novo Testamento (22 vezes).

Desde o primeiro versículo, Mateus enfatiza que Jesus é o Cristo, o Messias, descendente de Davi, o que o coloca na linhagem real dos reis.

Vamos começar lendo Mateus 1.1-17, a genealogia de Cristo.

Este é o registro dos antepassados de Jesus Cristo, descendente de Davi e de Abraão: 2. Abraão gerou Isaque. Isaque gerou Jacó. Jacó gerou Judá e seus irmãos. 3. Judá gerou Perez e Zerá, cuja mãe foi Tamar. Perez gerou Esrom. Esrom gerou Rão. 4. Rão gerou Aminadabe. Aminadabe gerou Naassom. Naassom gerou Salmom.5. Salmom gerou Boaz, cuja mãe foi Raabe. Boaz gerou Obede, cuja mãe foi Rute. Obede gerou Jessé. 6.Jessé gerou o rei Davi. Davi gerou Salomão, cuja mãe foi Bate-Seba, viúva de Urias. 7. Salomão gerou Roboão. Roboão gerou Abias. Abias gerou Asa. 8.Asa gerou Josafá. Josafá gerou Jeorão. Jeorão gerou Uzias. 9. Uzias gerou Jotão. Jotão gerou Acaz. Acaz gerou Ezequias. 10. Ezequias gerou Manassés. Manassés gerou Amom. Amom gerou Josias. 11. Josias gerou Joaquim e seus irmãos, nascidos no tempo do exílio na Babilônia. 12. Depois do exílio na Babilônia: Joaquim gerou Salatiel. Salatiel gerou Zorobabel. 13. Zorobabel gerou Abiúde. Abiúde gerou Eliaquim. Eliaquim gerou Azor. 14.Azor gerou Sadoque. Sadoque gerou Aquim. Aquim gerou Eliúde. 15. Eliúde gerou Eleazar. Eleazar gerou Matã. Matã gerou Jacó. 16. Jacó gerou José, marido de Maria. Maria deu à luz Jesus, que é chamado Cristo. 17 Portanto, são catorze gerações de Abraão até Davi, catorze de Davi até o exílio na Babilônia e catorze do exílio na Babilônia até Cristo. (Mateus 1: 1-17)

DESENVOLVIMENTO:

Você pode estar se perguntando por que acabamos de ler todos esses nomes. Na verdade, muitas pessoas se perguntam a mesma coisa quando começam a ler o Novo Testamento. Por que Mateus começou seu livro escrevendo todos esses nomes?

O versículo 1 diz:

“Este é o registro dos antepassados de Jesus Cristo, descendente de Davi e de Abraão…” (Mateus 1:1)

O Evangelho de Mateus foi escrito originalmente em grego, e as palavras iniciais são um trocadilho que podem ser traduzidas literalmente como “o livro da gênese de Jesus Cristo”. Assim como o Antigo Testamento começa com o livro de Gênesis, o Novo Testamento começa com “o livro da gênese de Jesus Cristo”. É a partir desse enredo que a história de Jesus começa, e a genealogia escrita por Mateus serve como uma ponte perfeita do Antigo Testamento para o Novo.

Vale ressaltar que há quatro maneiras de visualizar essa genealogia. A primeira é como uma longa lista de nomes. A segunda é olhando mais de perto e percebendo que os nomes estão divididos em três grupos de quatorze gerações. A terceira é notando que o início de cada uma dessas seções é liderado por três grandes divisões na história de Israel – Abraão, Davi e o exílio. E a quarta forma de visualizar essa genealogia é observando com mais atenção e notando que há quatro mulheres inseridas ao longo da genealogia.

Então, podemos olhar para a genealogia de quatro maneiras diferentes. Através dessas perspectivas, podemos aprender quatro coisas: Primeiro, que o nascimento de Jesus está enraizado na história. Segundo, que o nascimento de Jesus está enraizado na soberania de Deus. Terceiro, que o nascimento de Jesus está enraizado nas promessas de Deus e quarto, que o nascimento de Jesus está enraizado na graça de Deus.

Agora, vamos explorar esses quatro pontos começando com o fato de que todo mundo tem um passado e Jesus não é excessão. Vamos dar uma olhada mais de perto na genealogia dele.

1. O nascimento de Jesus está enraizado na história

Primeiramente, é importante destacar que o nascimento de Jesus tem raízes históricas. A extensa lista de nomes presente nesse texto nos ensina que Jesus teve um passado e não surgiu do nada. Portanto, podemos afirmar que o nascimento de Jesus está enraizado na história.

A. A importância das genealogias (1 Crônicas 1-9)

As genealogias são e continuam a ser extremamente importantes para muitos povos e culturas. Até hoje, em nossa cultura, vemos pessoas interessadas em pesquisar sua história familiar. Eu sei que existe um exame de DNA que mostra de quais povos os antepassados pertenciam e também sei que existem alguns sites disponíveis na internet que ajudam a traçar a árvore genealógica. De qualquer modo, sabemos que aprender sobre nossa história familiar pode nos dar um novo senso de identidade. Algumas pessoas chamam isso de raízes. De todo modo, é sempre fascinante encontrar seu lugar na história.

Assim, as genealogias eram especialmente importantes para o povo judeu. Elas foram mantidas pelo Sinédrio por centenas de anos (o Sinédrio pode ser chamado de cartório ou corte jurídica e legislativa do povo judeu). Essas genealogias foram preservadas até que os registros fossem destruídos no ano 70 d.C., época em que todos os judeus podiam dizer sua linhagem e tribo de origem. Por isso, não era incomum um judeu começar um livro com uma genealogia. Por exemplo, o historiador judeu muito conhecido chamado Flávio Joséfo começou sua autobiografia com sua própria genealogia. Além desse exemplo, se você já leu o livro de 1 Crônicas, sabe que os primeiros nove capítulos são todos uma longa genealogia! Portanto, tudo isso significa que as genealogias são importantes porque as pessoas são importantes, e cada pessoa é muito importante para Deus.

B. Estabelece a verdadeira humanidade de Jesus (Mateus 1:1-16)

Bem, ao escrever o evangelho começando com a genealogia de Jesus, Mateus estabelece a verdadeira humanidade de Jesus. A ideia por trás desta abordagem é simplesmente mostrar que Jesus “não é um semideus da mitologia pagã, mas sim um homem real com uma raiz histórica e genealógica”. (G.B. Caird, Luke, p.77) Isso significa que Jesus é uma pessoa real, com pais, avós, irmãos, irmãs e primos. São quarenta e seis nomes do passado listados aqui na genealogia de Mateus. O interessante é que a genealogia vai até José e, em seguida, muda para Maria. Observe o versículo 16 comigo:

“… Jacó gerou José, marido de Maria. Maria deu à luz Jesus, que é chamado Cristo.” (Mateus 1:16)

Muitas vezes, na genealogia, lemos algo como “essa pessoa era o pai daquela outra pessoa. E essa outra pessoa era o pai daquela outra pessoa.” E assim por diante, até o final da lista. Mas quando chegamos a José, a linguagem paterna desaparece. Isso ocorre porque Jesus nasceu de Maria e foi apenas adotado pelo marido de Maria, José. Então, por que Mateus escreve essa longa genealogia que vai até José, se José não era o pai biológico de Jesus? Isso ocorre porque, segundo a lei palestina, o chefe de uma família não era menos pai de seus filhos adotivos do que daqueles filhos que ele havia procriado. (Pierre Bonnard, Matthieu, p. 17) Portanto, o relacionamento adotivo de Jesus com José o coloca em um relacionamento real com todas as pessoas que vieram antes dele. E este é o nosso primeiro ponto de hoje: o nascimento de Jesus está enraizado na história.

II. O nascimento de Jesus está enraizado na soberania de Deus

Em segundo lugar, o nascimento de Jesus está profundamente enraizado na soberania de Deus. E Mateus ilustra isso ao dividir a genealogia de Jesus em três seções, cada uma com quatorze nomes.

A. O uso de genealogias seletivas (cf. Gênesis 5 e 11; Mateus 1:1,8,11)

Agora, antes de analisarmos o significado das divisões de Mateus, é necessário examinar o uso de genealogias seletivas na Bíblia.

  • O que é genealogia seletiva?

A Bíblia frequentemente utiliza genealogias seletivas para resumir narrativas históricas e destacar os nomes mais importantes. Por exemplo, as genealogias em Gênesis 5 e 11 são divididas em grupos de dez nomes cada. No entanto, é importante lembrar que a palavra “pai” era usada no mundo antigo não só para se referir ao pai, mas também ao avô, bisavô ou mesmo ancestral. Isso é exemplificado em Mateus 1:1, onde Jesus é chamado de “filho de Davi e de Abraão”. Sabemos, no entanto, que esta sequência de nomes não inclui apenas três gerações, pois Abraão não era pai de Davi, e Davi não era pai de Jesus. No verso um, Mateus destaca apenas os nomes mais importantes da sequência genealógica, seguindo a convenção cultural da época. Não há nenhuma intenção de enganar, pois a palavra “pai” tinha um significado ampliado na cultura da época, e os leitores da época entendiam o que Mateus quis dizer. O objetivo era simplesmente mostrar que Jesus era descendente de Davi, que por sua vez era descendente de Abraão.

Existem outros exemplos de nomes seletivos na genealogia de Jesus também. Por exemplo, o versículo 8 diz: “Jeorão gerou Uzias.” (Mateus 1:8) No entanto, Jeorão era o bisavô de Uzias. Isso significa que Mateus pulou mais de três gerações aqui, deixando de fora Acazias, Joás e Amazias. (Cf. 1Cr 3.11-12). Mateus fez isso novamente no versículo 11, onde lemos: “Josias gerou Jeconias”. (Mateus 1:11) Josias era na verdade o avô de Jeconias e Mateus ignorou o rei Jeoaquim. Pode parecer confuso para nós, pois pensamos em genealogias como inclusivas e queremos ter certeza de listar todos os nomes. Mas para os judeus, não havia problema em destacar os nomes mais importantes e listar avôs ou ancestrais em vez de apenas pais.

B. Três grupos de quatorze gerações (Mateus 1:17)

Então, por que Mateus divide sua genealogia em três grupos de quatorze gerações? Observe o versículo 17:

“Portanto, são catorze gerações de Abraão até Davi, catorze de Davi até o exílio na Babilônia e catorze do exílio na Babilônia até Cristo.” (Mateus 1:17).

Mateus apresenta um ponto de vista teológico, no qual ele mostra que Deus é soberano até mesmo sobre os eventos históricos de Israel. O período que vai desde Abraão até Davi foi um período de acúmulo de poder, à medida que o povo de Deus se multiplicava e se estabelecia na Terra Prometida, e assim o reino foi estabelecido. Já o período de Davi até o exílio foi um período de declínio de poder, pois a nação de Israel se dividiu e se rebelou contra Deus, o que levou ao exílio babilônico. No entanto, o período do exílio até Cristo foi um período de reconstrução, quando um povo remanescente retornou à Terra de Israel. Como resultado, os sacrifícios no templo foram restabelecidos e o povo aguardava a chegada do Messias prometido.

Curiosamente, Mateus pesquisou profundamente e destacou seletivamente vários nomes na genealogia para equilibrar as seções em quatorze nomes cada. Ele fez isso porque o número quatorze tinha grande significado no judaísmo. As letras hebraicas tinham valores numéricos, e qualquer judeu saberia que quatorze era o valor numérico do nome do rei Davi. (D = 4, V[W] = 6, D = 4). Outra curiosidade é que quatorze é também o dobro do número sete, que para os judeus era o número de perfeição e completude nas Escrituras. Portanto, observe que três grupos de quatorze são o mesmo que seis grupos de sete. Isso significa que Jesus nasceu no início do sétimo grupo de sete gerações, um local perfeito e adequado para o nascimento do Messias. Em outras palavras, para Mateus, três vezes quatorze é resultado da soberania de Deus. Ou seja, Mateus mostra que Deus foi soberano sobre todas as pessoas e eventos que levaram ao nascimento de Jesus, e, consequentemente, Jesus é o clímax da história de Israel. Pois tudo leva a Jesus. Portanto, o nascimento de Jesus está enraizado na soberania de Deus.

III. O nascimento de Jesus está enraizado nas promessas de Deus

Em terceiro lugar, o nascimento de Jesus está enraizado nas promessas de Deus. Por quê? Porque Mateus não apenas dividiu sua genealogia em três seções, mas cada seção está ligada a uma pessoa ou evento específico na história de Israel. O que torna ainda mais significativo sobre cada pessoa ou evento é que Deus fez promessas específicas a todos os três períodos. E a melhor parte disso é que todas essas três promessas estavam relacionadas ao nascimento de um filho.

A. A promessa de Deus a Abraão: – todas as nações serão abençoadas (Gênesis 22:18; Gálatas 3:16)

Em primeiro lugar, a promessa de Deus a Abraão é encontrada em Gênesis 22:18:

“Através de sua prole [semente] todas as nações da terra serão abençoadas.” (Gênesis 22:18)

Deus prometeu a Abraão que ele teria um filho e que, por meio dele, todas as nações seriam abençoadas. Nesse sentido, seu filho era Isaque. Isaque nasceu como uma criança milagrosa, apesar de sua mãe ser estéril e seus pais terem noventa anos no momento do nascimento. No Novo Testamento, Paulo nos mostra que essa promessa foi cumprida de fato em Cristo. Em Gálatas 3:16, lemos: “As promessas foram feitas a Abraão e à sua semente”. A Escritura não diz “sementes”, o que significaria muitas pessoas, mas “e à sua semente”, ou seja, uma pessoa que é Cristo”. O nascimento milagroso de Isaque no Antigo Testamento prenuncia o nascimento milagroso de Jesus no Novo Testamento. Assim, a genealogia de Mateus começa e termina com o nascimento milagroso de uma criança, cumprindo as promessas de Deus.

B. A promessa de Deus a Davi: – um rei governará para sempre (2 Samuel 7:12-16)

A segunda seção começa com Davi, e Deus também fez uma promessa a ele sobre um filho. Essa promessa é encontrada em 2 Samuel 7: **.

“Quando seus dias acabarem e você descansar com seus pais, eu criarei sua prole para suceder a você, que virá de seu próprio corpo, e estabelecerei seu reino … Sua casa e seu reino durarão para sempre diante de mim; seu trono será estabelecido para sempre.” (2 Samuel 7:12-16)

De certa forma, o filho prometido foi Salomão, mas ele se afastou de Deus e não permaneceu no trono para sempre. Assim, essa promessa também é adiada para ser cumprida no futuro em Cristo. É importante lembrar como Mateus inicia seu evangelho, no versículo um: “Registro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi”. Mateus não apenas usa a palavra “rei” mais do que qualquer outro escritor no Novo Testamento, mas também se refere a Jesus como “filho de Davi” mais do que qualquer outro escritor no Novo Testamento. Ao ler o verso um à luz dessas duas promessas, percebe-se que Jesus é tanto o filho prometido de Abraão quanto o filho prometido de Davi: “Esta é o registro dos antepassados de Jesus Cristo, descendente de Davi e de Abraão.”

C. A promessa de Deus aos exilados: – uma criança nascerá (Isaías 7:14, 9:6-7)

Ainda há uma terceira seção na genealogia – a seção do exílio. Assim como Deus prometeu um filho tanto a Abraão quanto a Davi, Ele também fez a mesma promessa aos exilados. O livro de Isaías 9 nos diz:

“Pois um menino nos nasceu, um filho nos foi dado. O governo estará sobre seus ombros … Seu governo e sua paz jamais terão fim. Reinará com imparcialidade e justiça no trono de Davi, para todo o sempre.” (Isaías 9. 6-7)

O livro de Isaías foi escrito para alertar o povo de Deus sobre o próximo exílio e para dar-lhes conforto durante o exílio. O exílio foi um dos momentos mais cruéis da história de Israel, com a perda de Jerusalém, do templo e da liberdade. Parecia que todas as promessas de Deus haviam desaparecido. Mas Isaías profetizou que essa criança nasceria, cujo governo e paz durariam para sempre. Anteriormente, ele falou sobre uma virgem que daria à luz uma criança:

“A virgem ficará grávida! Ela dará à luz um filho e o chamará de Emanuel.” (Isaías 7:14)

Embora Mateus se refira especificamente ao nascimento virgem na segunda metade do capítulo, ele já havia insinuado isso na genealogia no versículo 16, onde José é mencionado não como o pai de Jesus, mas como “o marido de Maria, de quem nasceu Jesus, que é chamado de Cristo” (Mateus 1:16).

Em resumo, Jesus cumpre a promessa de Deus a Abraão de que todas as nações seriam abençoadas através dele. Além disso, Jesus cumpre a promessa de Deus a Davi de que um rei governaria para sempre em seu trono. Ele também é o cumprimento da promessa de Deus aos exilados de que nasceria uma criança que reinaria sobre tudo. Portanto, o nascimento de Jesus está enraizado nas promessas de Deus.

IV. O nascimento de Jesus está enraizado na graça de Deus

E assim, o nascimento de Jesus é resultado da graça de Deus. Esse ensinamento é transmitido pelas mulheres que Mateus inclui na genealogia. É importante destacar que era extremamente incomum incluir mulheres em uma genealogia judaica, mas Mateus quebra esse paradigma e inclui quatro mulheres de uma só vez.

Pode parecer estranho, já que se você perguntasse a qualquer judeu praticante quais quatro mulheres deveriam ser incluídas em uma genealogia do Antigo Testamento, a resposta seria simples: Sara, Rebeca, Raquel e Lia. Quem são elas? Elas eram esposas dos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó. No entanto, em vez dessas mulheres, encontramos Tamar, Raabe, Rute e Bate-Seba – quatro mulheres com origens questionáveis. Provavelmente, muitos de nós têm algum parente “pecaminoso” em nossa árvore genealógica. Até mesmo Jesus não escapou disso! E é justamente isso que é a graça! Vamos dar uma breve olhada em cada uma dessas mulheres e em suas histórias questionáveis.

A. Tamar: incesto (Gênesis 38:1-30)

Tamar teve um caso incestuoso no passado com seu sogro, Judá. Após a morte da esposa de Judá, Tamar dormiu com ele e deu à luz gêmeos: Perez e Zera. Foi por meio de Perez que a linhagem messiânica continuou, o que significa que Jesus teve um antepassado que foi fruto de um relacionamento incestuoso.

B. Raabe: prostituição (Josué 2:1-24, 6:22-25)

Em seguida, encontramos Raabe, uma mulher que vivia em Jericó e trabalhava como prostituta. Ela se tornou a mãe de Boaz, bisavô do rei Davi. Assim, entre os antepassados de Jesus, há o registro de uma mulher com essa profissão em sua árvore genealógica.

C. Rute: de Moabe (Deuteronômio 23:3-6; Rute 1:1-7)

E então, encontramos Rute. Rute era de Moabe. O problema disso é que na lei de Moisés, em Deuteronômio 23.3, encontramos a seguinte instrução:

“Nenhum amonita ou moabita, e nenhum de seus descendentes, até a décima geração, terá permissão de participar das reuniões sagradas do Senhor.” (Dt 23.3)

E mesmo assim, Deus mostrou misericórdia a Rute. Ela não apenas veio para Israel, mas também se casou com Boaz e se tornou bisavó do rei Davi. Assim, entre seus antepassados, Jesus tinha sangue estrangeiro em sua linhagem familiar.

D. Bateseba: adultério e assassinato (1 Samuel 11:1-27)

E finalmente chegamos em Bate-Seba. Embora Mateus não a apresente pelo nome, mas a chame de “esposa de Urias” (Mateus 1:6), isso nos lembra não apenas do adultério de Davi com Bate-Seba, mas principalmente do mandante do assassinato de Urias na tentativa de encobrir o pecado. Dessa forma, entre os antepassados de Jesus, houve casos de adultério e assassínio em sua linhagem familiar.

Então, meu caro amigo, o que devemos fazer com essas quatro mulheres na genealogia de Jesus? Acredito que elas nos mostram que o nascimento de Jesus estava enraizado na graça de Deus. A linhagem familiar de Jesus não foi composta de judeus justos e santos, mas de pecadores terríveis como eu e você. Além disso, todas as quatro mulheres não eram judias: Tamar era de Canaã; Raabe era de Jericó; Rute era de Moabe; Bateseba era casada com um hitita. Isso nos ensina que Jesus veio para todas as pessoas de todas as nações – assim como Deus prometeu a Abraão tantos anos antes.

Frederick Bruner escreve:

“Mateus mais tarde nos ensinará que Jesus ‘não veio pelos justos, mas para pecadores’ (Mateus 9:13); mas já em sua genealogia Mateus está nos ensinando que Jesus veio não apenas para, mas, através, pecadores.” (Bruner, Mateus Vol 1, p. 6).

Hebreus 2.11 nos diz que Jesus não tem vergonha de nos chamar de irmãos. Nesse sentido, Martinho Lutero chega a seguinte conclusão:

“Cristo é o tipo de pessoa que não se envergonha dos pecadores – na verdade, Ele até os coloca em Sua árvore genealógica!”.

Jesus não veio para os justos, mas sim para os pecadores. O nascimento de Jesus está enraizado na história, na soberania de Deus, nas promessas de Deus e na graça de Deus. Amém!

APLICAÇÃO:

Como mencionado anteriormente, todo mundo tem um passado. E é importante que você perceba que sua vida também está enraizada na história, na soberania de Deus, nas promessas de Deus e na graça de Deus.

A. Sua vida está enraizada na história (Salmo 51:5; Romanos 5:12)

Primeiramente, sua vida está enraizada na história e você também tem uma genealogia, sendo descendente de Adão. Como C.S. Lewis disse: “somos todos filhos de Adão e filhas de Eva”. Embora isso possa parecer bonito, infelizmente, não é algo positivo, pois quando traçamos nossa linhagem até Adão, incluímos o pecado original que afeta todos em nossa linhagem, inclusive você e eu.

Davi escreveu no Salmo 51: “sou pecador desde que nasci, sim, desde que minha mãe me concebeu” (Salmo 51:5) Daí você pode se perguntar por que Davi se consideraria pecador ao nascer, mesmo antes de ter idade suficiente para cometer um pecado. A resposta mais plausível é porque ele era descendente de Adão. Paulo escreve em Romanos 5:12:

“12 Quando Adão pecou, o pecado entrou no mundo, e com ele a morte, que se estendeu a todos, porque todos pecaram..” (Romanos 5:12)

Por sermos todos descendentes de Adão, compartilhamos o pecado original. Assim, a vida de cada um de nós está enraizada na história.

B. Sua vida está enraizada na soberania de Deus (Salmo 139:16; Atos 17:26)

Sua vida também está fundamentada na soberania de Deus. Ele é soberano sobre todos os detalhes minuciosos de sua vida, como está escrito no Salmo 139:16: “Tu me viste quando eu ainda estava no ventre; cada dia de minha vida estava registrado em teu livro, cada momento foi estabelecido quando ainda nenhum deles existia.” (Salmo 139:16) E também em Atos 17:26: “De um só homem [ele criou todas as nações da terra, tendo decidido de antemão onde se estabeleceriam e por quanto tempo.” (Atos 17:26)

Sua vida está nas boas mãos de Deus. Sua vida está enraizada na soberania de Deus.

C. Sua vida está enraizada nas promessas de Deus (João 6:37; Atos 2:38-39)

Além disso, a sua vida está enraizada nas promessas de Deus. Embora sejamos todos pecadores desde o nascimento, as promessas de Deus são maiores do que o nosso pecado. Jesus fez uma promessa: “aqueles que o Pai me dá virão a mim, e eu jamais os rejeitarei..” (João 6:37) Mais tarde, Pedro pregou à multidão em Pentecostes:

“Pedro respondeu: “Vocês devem se arrepender, para o perdão de seus pecados, e cada um deve ser batizado em nome de Jesus Cristo.[a] Então receberão a dádiva do Espírito Santo. Essa promessa é para vocês, para seus filhos e para os que estão longe,[a] isto é, para todos que forem chamados pelo Senhor, nosso Deus”” (Atos 2:38-39)

A promessa é para você e para todos aqueles que acreditarão. Sua vida está enraizada nas promessas de Deus.

D. Sua vida está enraizada na graça de Deus (Efésios 2:8-9; Tito 3:4-5)

E então, finalmente, sua vida está enraizada na graça de Deus. A Bíblia diz: “Vocês são salvos pela graça, por meio da fé. Isso não vem de vocês; é uma dádiva de Deus. 9 Não é uma recompensa pela prática de boas obras, para que ninguém venha a se orgulhar.” (Efésios 2:8-9)

E novamente em Tito 3: 4-5

“4 Quando Deus, nosso Salvador, revelou sua bondade e seu amor, 5 ele nos salvou não porque tivéssemos feito algo justo, mas por causa de sua misericórdia. Ele nos lavou para remover nossos pecados, nos fez nascer de novo e nos deu nova vida por meio do Espírito Santo.” (Tito 3:4-5)

CONCLUSÃO:

Em conclusão de tudo, a mensagem de Deus para você através da genealogia de Jesus é uma mensagem de esperança e paz. Jesus Cristo veio ao mundo como filho de Davi e de Abraão, cumprindo todas as promessas de Deus. Aqueles que acreditam nele têm a promessa da salvação. Sua vida é profundamente enraizada na história, na soberania de Deus, nas promessas de Deus e na graça de Deus.

Questões para fixação:

  1. Por que você acha que Mateus achou importante listar a genealogia de Jesus?
  2. Que observações você tem sobre a linhagem dele? Há algo interessante nisso?
  3. Quais mulheres estão incluídas na lista?
  4. Por que você acha que essas mulheres e apenas essas mulheres estão incluídas?
  5. O que podemos aprender com o fato de que essas mulheres são os ancestrais de Jesus?
  6. Por que a importância do número 14 nesta genealogia?

Escrito por Diego Gonçalves.


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© O Diário de um Jondô

Diego Gonçalves nasceu em 25.06.1983, é casado com Alessandra e pai de João Pedro e Heloísa. É Bacharel em Teologia pela UMESP e Pós-Graduando em Novo Testamento pela EST. É Evangelista na Igreja Holiness Coreana de São Paulo e, junto com amigos, está plantando uma nova igreja chamada Comunidade Essência Cristã.

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