O Choro Por Jerusalém
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Mt 23:37 – O Choro de Jeremias e Jesus por Jerusalém

**Escrito por Diego Gonçalves em 13/06/2021**

Introdução

Hoje, começamos uma nova série de mensagens sobre o profeta Jeremias. É um grande desafio adentrar no mundo desse profeta e lembrar de sua mensagem, que, embora antiga – pregada há cerca de 2600 anos – ainda é muito atual e relevante para nossos dias.

Para começar, gostaria de apresentar alguns destaques. Apesar de o livro dos Salmos ter mais capítulos, Jeremias é o maior livro da Bíblia em termos de conteúdo, com 33.002 palavras. O segundo maior é Gênesis, com 32.046 palavras. Salmos ocupa o terceiro lugar, com 30.147 palavras.

Outro destaque é que não há uma ordem cronológica ou temática para o livro de Jeremias. Por isso, é recomendado lê-lo em uma Bíblia de estudo ou com algum comentário bíblico por perto.

Assim como o livro de Jeremias não segue uma ordem cronológica e temática, nossa série também não terá essa estrutura. Combinado? Você pode acompanhar a série sem se cansar, pois pretendo dividir os contextos gerais e históricos no decorrer das 4 pregações.

Agora, o terceiro destaque que quero apresentar é o texto bíblico da minha pregação de hoje. Vamos ler o que Mateus escreve no Evangelho no capítulo 16, versículos 13-14:

“13. Chegando Jesus à região de Cesaréia de Filipe, perguntou aos seus discípulos: ‘Quem os homens dizem que o Filho do homem é?’ 14. Eles responderam: ‘Uns dizem que é João Batista; outros que é Elias; e outros, que é Jeremias ou algum dos profetas’”. – (Mateus 16:13-14. NVI)

Desenvolvimento:

Muito bem! Alguém aqui sabe por que Jesus foi comparado a Jeremias? Afinal, por que citaram o nome desse profeta e não o de Isaías ou Ezequiel?

Bem, podemos listar vários aspectos semelhantes. Vamos ver alguns:

  • Jeremias, no capítulo 7:1-29, profetizou a destruição de Israel e do templo de Jerusalém pela Babilônia. Em Mateus 24.1-2, Jesus também profetizou a destruição de Israel e do templo de Jerusalém pelo Império Romano.
  • No tempo de Jeremias, havia falsos profetas que enganavam o povo com falsas promessas de paz. No primeiro século da era cristã, também havia falsos profetas que enganavam o povo com o mesmo tipo de falsas promessas.
  • Jeremias, no capítulo 29:17-19, profetizou que, depois da guerra entre Israel e a Babilônia, os judeus seriam levados cativos para outras nações. Em Lucas 21.24, Jesus profetizou que o mesmo aconteceria depois da guerra entre os judeus e os romanos.

Há ainda muitas outras semelhanças: os dois foram levados ao Egito contra sua vontade; foram desprezados por seus próprios familiares; não se casaram e nem tiveram filhos…

Porém, há uma semelhança bem mais específica para a qual eu gostaria de chamar a sua atenção: em toda a Bíblia, somente duas pessoas choraram por causa dos pecados de Jerusalém. Quem vocês acham que são essas pessoas? (perguntar) Jeremias e Jesus.

Vamos tentar aprofundar esse assunto: a Jerusalém mencionada no AT se refere diretamente ao testemunho de Deus. Ou seja, Jerusalém é tanto a cidade de Deus quanto o templo de Deus. E as duas coisas são inseparáveis.

Christian Chen, um estudioso profundo da Bíblia e cristão fervoroso, que já ministrou aulas de física nuclear na USP, escreveu um artigo que define que o templo de Deus é constituído pela nossa realidade interior e a cidade de Deus no testemunho exterior. Em outras palavras, à medida que Deus está presente interiormente em seu templo, o resultado exterior se torna o seu testemunho na Terra. Se a realidade interior é perdida, o testemunho exterior não pode ser mantido. Logo, quando não há vida divina no interior do templo, o que veremos não passará de organização humana, ou seja, o resultado do agir das mãos do homem. E isso dura apenas um tempo…

Porque chega um ponto em que Deus destrói essa farsa, como está escrito: “não ficará pedra sobre pedra”. Durante muitos anos, antes do cativeiro, os israelitas adoravam falsos deuses em oculto, mas continuavam exteriormente servindo no templo de Deus como se nada estivesse errado. No entanto, diante da impureza e pecaminosidade do homem, a realidade de Deus no interior do templo humano já não existia, como disse Ezequiel no capítulo 11, versículos 22 e 25. Os querubins levantaram as suas asas, acompanhados de suas rodas, e a glória de Deus se retirou de seu templo para o oeste do monte das Oliveiras e dali ascendeu aos céus.

A partir daí, a Jerusalém da terra, o templo da terra, se tornou apenas uma casca: bonita por fora, mas sem vida por dentro. Por isso, Deus permitiu que o exército babilônico invadisse a Cidade Santa e a incendiasse. E, enquanto Jerusalém queimava, o profeta Jeremias estava provavelmente escondido numa caverna do monte Gólgota. De lá, ele via a cidade sendo incendiada; o fogo estava queimando fora de Jeremias, mas a Bíblia nos indica que, na realidade, o fogo ardia dentro de seus ossos, queimando até esgotarem suas lágrimas. É por esse motivo que Jeremias é conhecido como o profeta que chorava.

No domingo passado, lemos um texto maravilhoso em Lamentações de Jeremias 3:21-26. Se você continuar lendo, encontrará no versículo 49 o registro do choro de Jeremias por Jerusalém. Jerusalém era a cidade do grande Rei! O próprio Deus disse que escolheu essa cidade e nela habitaria. Além disso, Deus desejava morar em Sião, tendo nela seu lugar de descanso.

Mas, por causa da idolatria dos israelitas, Deus permitiu que Nabucodonosor invadisse Jerusalém e a incendiasse. E Jeremias chorou ao ver a consumação de todo esse processo. Ele chora diante de Deus e em nome do povo, e chora diante do povo em nome de Deus.

Jeremias vai a Deus e volta ao povo, sai ao povo e volta a Deus. Ele ora, clama, chora, profetiza, avisa e adverte a Cidade de Judá sobre a desgraça iminente, mas o povo não se arrependeu a tempo de sua idolatria desenfreada.

No cativeiro, porém, os filhos de Israel, toda vez que se lembravam de Sião, choravam. Mas a única coisa que podiam fazer era pendurar as harpas nos salgueiros junto aos rios de Babilônia, pois não lhes era possível entoar as belas canções de sua terra (Sl 137:1-4).

Desde então, onde quer que estivessem, jamais se esqueceriam de Jerusalém, pois ela representava o testemunho de Deus. Por essa razão, não havia israelita que não rejubilasse ao chegar em Jerusalém, que não derramasse lágrimas de alegria, pois todas as dores e dificuldades da jornada já haviam passado.

Mas, ao lermos a Bíblia, encontramos alguém que teve uma reação diferente ao ver Jerusalém. O caminho que o Senhor percorreu com os discípulos em sua última viagem em seu ministério era quase o mesmo que os israelitas usavam para ir a Jerusalém, era o caminho de subida a Sião (Mt 16:21; 20:18).

Quando ele e os discípulos finalmente chegaram a Jerusalém, nosso Senhor chorou ao contemplar a cidade – não como os outros israelitas que choravam no caminho por causa das dificuldades, mas alegravam-se quando avistavam a Cidade de Deus -, mas chora de lamento e dor.

Lembra do Chen? Nosso professor da USP afirma que há vários poemas ditos pelo Senhor e registrados nos Evangelhos, mas há um que é especial: aquele que se identifica com as lamentações de Jeremias. Por isso, ele é um poema de lamento e dor.

Vamos ler Mateus 23.37:

“Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes! Eis que a vossa casa vos ficará deserta. Declaro-vos, pois, que, desde agora, já não me vereis, até que venhais a dizer: Bendito o que vem em nome do Senhor!”

Os especialistas em poesia hebraica dizem que esse trecho da palavra do Senhor Jesus tem uma estrutura de poema igual à de Lamentações de Jeremias.

Quando o Senhor chora por Jerusalém, ele concentra seu sentimento nestas palavras: “Jerusalém, Jerusalém (…) Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas”.

Jerusalém é uma cidade, é a capital de Israel. É uma cidade que pode ser encontrada no mapa e que foi edificada sobre um monte. A história não registra nenhuma cidade do mundo que tenha passado por tantos sofrimentos como essa. Segundo alguns autores, desde o início dos registros históricos, Jerusalém já foi destruída e reconstruída pelo menos vinte vezes.

Mas quando o Senhor Jesus chorou por Jerusalém, ele não estava chorando por uma cidade material, um amontoado de edifícios e ruas. A cidade pela qual ele chorou era uma cidade que podia escolher, podia decidir, podia optar por ser reunida pelo Senhor sob suas asas. O Senhor Jesus queria reunir os filhos de Jerusalém como a galinha ajunta os pintinhos debaixo das asas, mas os israelitas responderam dizendo: “Crucifica-o! Crucifica-o!”.

A cidade rejeitou o Senhor, crucificando-o fora de seus muros, como se fosse um criminoso qualquer. Porém, o Senhor Jesus não chorou apenas pela Jerusalém do mapa, mas também pela sua realidade interior e seu significado simbólico. Para ele, Jerusalém representava o testemunho de Deus e, por isso, estava relacionada ao eterno propósito divino.

O Senhor Jesus considerava o templo de Jerusalém como a casa do Pai, mas ao chorar por Jerusalém, ele disse: “Eis que a vossa casa vos ficará deserta”. A partir do momento em que a realidade interior da presença de Deus não existe mais, por estar o verdadeiro templo de Deus em desolação, o Senhor referiu-se a ele como “a vossa casa”.

Os israelitas, no Antigo Testamento, já manifestavam essa indisposição de se arrependerem de seus pecados enquanto se consolavam dizendo que Jerusalém não seria destruída, pois o templo de Deus estava ali. Na verdade, a glória de Deus já se havia retirado dali, contudo eles ainda falavam: “Este é o templo de Deus, a cidade de Jerusalém não será destruída, pois uma vez que tenhamos o templo de Deus, ele será eternamente o templo de Deus!”.

Hoje, muitos dizem: “Uma vez que somos a Igreja de Deus, seremos eternamente a Igreja de Deus”. Sim, a Igreja de Deus é a casa do Pai. Mas é necessário entender que o choro do Senhor por Jerusalém manifesta a tristeza dele pelo fato de o testemunho de Deus estar em desolação.

Por que está em desolação? Porque hoje não vemos a face de Deus nela.

Ao avaliar a situação da Igreja de Deus, sentimos confiança em reconhecer que os filhos de Deus estão se dividindo e subdividindo. Portanto, hoje precisamos arrepender-nos; precisamos escutar o choro do Senhor: “Jerusalém, Jerusalém…”.

A Igreja somos nós, chamados por Deus para fora do mundo, para sermos testemunhas dele. Quando a Igreja está em desolação, como indicado pelo Senhor Jesus chorando por Jerusalém, ele não chama Jerusalém apenas uma vez, mas clama: “Jerusalém, Jerusalém”.

Hoje, ele não chora apenas por uma cidade, mas pelo que a cidade representa. Será que estamos ouvindo esse choro? Estamos ouvindo quando ele clama?

Aplicações Práticas

  1. Devemos examinar nossas vidas e nos arrependermos de qualquer idolatria em nossos corações. Se Deus não está presente em nossa realidade interior, então nosso testemunho exterior não passará de organização humana.
  2. Devemos buscar o Senhor continuamente e nos submetermos a sua vontade. Jerusalém e o templo de Deus são inseparáveis, e nossa realidade interior deve estar em sintonia com o testemunho exterior.
  3. Devemos orar por aqueles que ainda não conhecem a Cristo e pedir a Deus que abra seus olhos para a verdade. Jeremias e Jesus choraram por aqueles que se afastaram de Deus, e nós também devemos ter compaixão pelos perdidos e orar para que sejam salvos.

Que Deus nos ajude a viver nossas vidas em conformidade com sua vontade e a sermos verdadeiros testemunhos de sua graça e amor.

Oração:

Senhor Deus,

agradecemos por esta mensagem sobre o profeta Jeremias e sua relevância para nossos dias. Obrigado por nos lembrar da importância de examinarmos nossas vidas e nos arrependermos de qualquer idolatria em nossos corações, de buscarmos o Senhor continuamente e de orarmos pelos perdidos. Que possamos viver nossas vidas em conformidade com a sua vontade e sermos verdadeiros testemunhos de sua graça e amor. Pedimos que o Senhor abençoe cada pessoa que ouviu esta mensagem e que a sua Palavra continue a tocar corações e transformar vidas.

Em nome de Jesus, amém.

Por Diego Gonçalves.


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© O Diário de um Jondô

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