A importância histórica do cânon de Ptolomeu reside no seu papel como uma fonte cronológica vital para o estudo da história antiga, particularmente para correlacionar eventos bíblicos com a história secular. Ptolomeu, um erudito que viveu entre aproximadamente 70 e 161 d.C., compilou este cânon que lista os governantes babilônicos e persas desde Nabonassar (747 a.C.) até Dario III (332 a.C.). Além disso, o cânon se estende aos governantes gregos, incluindo Alexandre e Filipe da Macedônia, os governantes ptolemaicos do Egito e os imperadores romanos até o ano de 161 d.C..
A relevância do cânon de Ptolomeu para a história é multifacetada. Primeiramente, ele oferece uma sequência cronológica dos principais governantes de importantes impérios da antiguidade. Para os estudiosos do Antigo Testamento, a seção que cobre os governantes babilônicos e persas é especialmente significativa, pois estes impérios tiveram um impacto direto na história de Israel, culminando com o exílio babilônico e o subsequente retorno sob o domínio persa. O cânon fornece um arcabouço temporal dentro do qual os eventos narrados nos livros históricos e proféticos do Antigo Testamento podem ser situados com maior precisão.
Em segundo lugar, a erudição de Ptolomeu em diversas áreas, incluindo astronomia, geografia, história e cronologia, confere ao seu cânon uma autoridade considerável. A inclusão de material astronômico permitiu aos historiadores modernos verificar a precisão dos dados cronológicos em vários pontos. Essa verificabilidade aumenta a confiança na fidedignidade do cânon como uma ferramenta para a reconstrução da linha do tempo da história antiga.
A fonte afirma que o mais valioso para os historiadores modernos é justamente o material astronômico que possibilitou comprovar a precisão dos dados de Ptolomeu em numerosos pontos, levando à conclusão de que “o cânon de Ptolomeu pode ser utilizado como guia histórica com a maior confiança”. Esta declaração sublinha a importância duradoura do cânon como um ponto de referência essencial para estabelecer a cronologia dos eventos no mundo antigo.
No contexto específico da história de Israel no Antigo Testamento, o cânon de Ptolomeu serve como uma âncora externa para a cronologia bíblica em períodos onde as narrativas seculares e bíblicas se intersectam. Por exemplo, ao estudar os últimos reis de Judá e o período do exílio babilônico, a lista de governantes babilônicos fornecida por Ptolomeu pode ajudar a datar os eventos mencionados nos livros de 2 Reis, 2 Crônicas, Jeremias e Ezequiel. Da mesma forma, o período do domínio persa e os eventos narrados em Esdras, Neemias e Ester podem ser melhor compreendidos dentro da cronologia dos reis persas apresentada no cânon.
Embora a fonte não detalhe exemplos específicos de como o cânon de Ptolomeu é usado para sincronizar a história bíblica com a secular além da menção da lista epônima assíria e de inscrições assírias que mencionam reis de Israel, a sua importância como um guia cronológico confiável para os impérios que moldaram o cenário do Antigo Testamento é inegável. Ele fornece um ponto de referência externo e verificável que auxilia os historiadores a construir uma compreensão mais completa e precisa do contexto histórico em que os eventos bíblicos ocorreram. Em suma, o cânon de Ptolomeu é uma ferramenta fundamental para a historiografia da antiguidade, permitindo uma correlação mais segura entre as fontes bíblicas e seculares.