O propósito das pragas que assolaram o Egito foi multifacetado, servindo a objetivos divinos tanto em relação ao Faraó e aos egípcios quanto ao povo de Israel.
Primordialmente, as pragas foram uma demonstração inequívoca do poder do Deus de Israel. Diante da demanda de Moisés pela libertação do povo hebreu, a resposta inicial do Faraó foi de aberta resistência, questionando a autoridade do Senhor. As pragas, que se sucederam em um período relativamente curto, confrontaram diretamente essa postura desafiadora. Cada praga vitoriosa representou uma manifestação crescente do sobrenatural, culminando na décima praga, a morte dos primogênitos. Este ataque final teve um significado particular, pois visava a julgar todos os deuses do Egito. A incapacidade do Faraó e de seu povo em repelir tais calamidades deve ter evidenciado aos egípcios a superioridade do Deus de Israel sobre as divindades que eles veneravam. Há indícios de que alguns egípcios reconheceram essa superioridade e passaram a conhecer o Deus de Israel.
Além de confrontar o Faraó e os egípcios, as pragas também tiveram o propósito de impactar a consciência dos próprios israelitas. Tendo vivido sob a escravidão e cativeiro por várias gerações, eles não haviam testemunhado em sua época uma demonstração do poder de Deus. Cada praga triunfante proporcionou uma manifestação progressiva do sobrenatural, de modo que, com a morte dos primogênitos, os israelitas puderam constatar que estavam sendo libertados por um Ser onipotente. Essa demonstração de poder divino foi fundamental para fortalecer a fé do povo na capacidade de Deus de cumprir Suas promessas, incluindo a conquista e ocupação da Terra Prometida, algo que eles duvidaram posteriormente no episódio dos doze espias.
A atitude do Faraó desde o início foi marcada pela teimosia e pela recusa em obedecer à voz do Senhor. Mesmo diante das oportunidades de cumprir a vontade divina, ele resistiu, endurecendo seu coração. O relato bíblico enfatiza essa obstinação através do uso de diferentes palavras hebraicas, advertindo o Faraó de sua atitude em dez ocasiões distintas, denotando a intensificação de uma condição já existente. Deus permitiu que o Faraó vivesse, dotando-o da capacidade de resistir às ofertas divinas, com o propósito de manifestar ainda mais o Seu poder em nome de Israel. Assim, tanto em referências proféticas quanto na narrativa dos eventos, é indicado que Deus endureceu o coração do Faraó. O objetivo final das pragas, claramente estabelecido, era mostrar ao governador do Egito o poder de Deus em favor de Israel, desafiando o poder sobrenatural com o qual o Faraó se arrogava.
Em suma, as pragas no Egito não foram meros eventos aleatórios de sofrimento, mas sim atos divinos com um propósito claro: revelar a supremacia do Deus de Israel sobre o poder humano e as divindades egípcias, forçar a libertação do povo hebreu da escravidão e despertar nos israelitas a consciência do poder e da fidelidade de seu Deus. A narrativa das pragas serve como um testemunho da soberania divina na história e da Sua capacidade de intervir poderosamente em favor de Seu povo.