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Ano 48 d.C.: O Concílio de Jerusalém

O Concílio de Jerusalém, descrito em Atos 15, foi um dos eventos mais importantes da história do cristianismo primitivo. Ele abordou uma questão fundamental que poderia ter dividido a igreja: os gentios convertidos ao cristianismo precisavam seguir as leis cerimoniais judaicas, como a circuncisão, para serem salvos? A decisão tomada ali definiu a identidade da igreja como um movimento inclusivo e global.


O Contexto: Tensão entre Judeus e Gentios

À medida que o evangelho se espalhava, surgiram tensões entre judeus e gentios convertidos. Alguns cristãos judeus insistiam que os gentios deveriam adotar práticas judaicas, como a circuncisão e as leis alimentares, para serem plenamente aceitos na comunidade cristã (Atos 15:1). Esses “judaizantes” argumentavam que a salvação vinha pela observância da lei mosaica, além da fé em Jesus.

Paulo e Barnabé, no entanto, rejeitaram essa ideia. Eles haviam visto Deus operar poderosamente entre os gentios sem exigir que eles seguissem essas práticas. Para resolver a controvérsia, os líderes da igreja decidiram convocar um concílio em Jerusalém (Atos 15:2-4).


O Debate: Fé versus Lei

No concílio, os apóstolos e anciãos da igreja se reuniram para discutir a questão. Os judaizantes argumentaram que os gentios deveriam ser circuncidados conforme a lei de Moisés (Atos 15:5). Paulo e Barnabé relataram como Deus havia operado milagres entre os gentios e como o Espírito Santo confirmara sua conversão sem a necessidade de cumprir a lei.

Pedro interveio, lembrando aos presentes como ele mesmo havia pregado aos gentios em Jope e como Deus lhes concedera o Espírito Santo sem exigir que fossem circuncidados (Atos 15:7-11). Ele concluiu que Deus não faz distinção entre judeus e gentios, pois purifica o coração de todos pela fé.

Tiago, o irmão de Jesus e líder da igreja em Jerusalém, apoiou Pedro e Paulo. Ele citou o profeta Amós, mostrando que as Escrituras previam que os gentios seriam incluídos no povo de Deus sem precisar adotar o judaísmo (Atos 15:13-18). Tiago propôs que os gentios não fossem obrigados a seguir toda a lei mosaica, mas apenas algumas práticas básicas para promover a harmonia entre judeus e gentios: abster-se de alimentos sacrificados a ídolos, de sangue, de carne de animais sufocados e de imoralidade sexual (Atos 15:19-20).


A Decisão: O Evangelho para Todos

A decisão final foi enviada por carta às igrejas gentílicas, acompanhada por Judas Barsabás e Silas, dois líderes da igreja de Jerusalém (Atos 15:22-29). A carta afirmava que os gentios não precisavam ser circuncidados ou seguir a lei mosaica para serem salvos. A salvação era pela graça, mediante a fé em Jesus Cristo.

Essa decisão foi revolucionária. Ela estabeleceu que o cristianismo não era uma seita do judaísmo, mas uma nova fé com raízes no judaísmo. Ao remover a exigência da lei mosaica, o Concílio de Jerusalém abriu as portas para que o evangelho alcançasse todas as culturas e contextos.


Por Que Isso Importa?

O Concílio de Jerusalém foi um momento decisivo para a unidade da igreja. Ele resolveu uma crise teológica que poderia ter fragmentado o movimento cristão em facções judaicas e gentílicas. Ao afirmar que a salvação é pela graça, não pela lei, o concílio reforçou o ensino central do cristianismo: a justificação pela fé.

Historicamente, esse evento permitiu que o cristianismo se tornasse uma religião universal, acessível a pessoas de todas as etnias e culturas. Teologicamente, ele confirmou que o evangelho transcende barreiras culturais e religiosas. A igreja não é definida por rituais externos, mas pela transformação interna realizada pelo Espírito Santo.


Aplicação para Hoje

Para os cristãos modernos, o Concílio de Jerusalém é um lembrete de que a essência do evangelho não pode ser comprometida. Assim como os primeiros cristãos enfrentaram pressões para impor práticas culturais desnecessárias, hoje também somos tentados a confundir tradições humanas com mandamentos divinos. Devemos nos perguntar: estamos colocando barreiras desnecessárias entre as pessoas e o evangelho?

Além disso, o concílio demonstra a importância do diálogo e da unidade na igreja. As diferenças foram resolvidas através de discussão franca, oração e submissão à liderança do Espírito Santo. Esse modelo deve inspirar nossas próprias comunidades a buscar soluções baseadas na Palavra de Deus, não em interesses pessoais ou culturais.

Finalmente, o Concílio de Jerusalém nos desafia a pensar globalmente. A decisão de incluir os gentios sem exigências adicionais reflete o coração de Deus por todas as nações. Como igreja, somos chamados a ser um povo diversificado, unido pela fé em Cristo, independentemente de nossa origem.


A seguir: Paulo escreve “A Carta aos Romanos”

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