Os Puros De Coração Verão A Deus
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Mt 5:8 – Os Puros de Coração verão a Deus

Palavra:

“Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus”. Mateus 5:8

Introdução:

Hoje, vamos mergulhar na essência da bem-aventurança proclamada por nosso Senhor Jesus Cristo: “Bem-aventurados os puros de coração, pois verão a Deus”. Essas palavras são um convite profundo e inspirador para buscarmos a pureza de coração diante de Deus. Ao longo desta pregação, iremos explorar o significado e a importância dessa pureza, suas raízes bíblicas e a transformação que ela pode trazer às nossas vidas.

Veremos como a pureza vai além de uma aparência externa, mas reflete a integridade e a fidelidade do nosso coração diante de Deus. Também exploraremos como a pureza nos permite experimentar a presença e a revelação de Jesus em nossas vidas. Portanto, preparemos nossos corações para receber as verdades profundas e transformadoras que a Palavra de Deus tem a nos revelar sobre a bem-aventurança dos puros de coração.

Desenvolvimento

Quando pensamos na palavra “pureza”, geralmente associamos a ideia de estar livre de sujeira, poluição, impureza e qualquer tipo de adulteração. No sentido espiritual, “bem-aventurados são os puros de coração”, como mencionado por Jesus, significa estar livre da mistura do que é falso. Em outras palavras, quando Jesus diz: “Bem-aventurados os puros de coração”, o que ele está falando é: “Bem-aventurados são aqueles que têm integridade, que não têm o coração dividido, que não têm uma vida dupla, mas que possuem singularidade de coração, cuja motivação é guiada por uma única via: ver e contemplar a Deus.”

Embora a pureza carregue uma ideia de libertação da sensualidade, ser puro de coração tem muito mais a ver com a integridade e fidelidade do coração. Quando Deus purifica os pecadores e os torna Seus filhos, Ele faz mais do que simplesmente lavar o pecado. Ele coloca dentro deles um novo coração que deseja se concentrar totalmente e somente em Deus. Em Jeremias 32:39, lemos: “Dar-lhes-ei um só coração e um só caminho, para que me temam todos os dias, para seu bem e bem de seus filhos.” E em Ezequiel 36:26, lemos: “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne.”

Esses dois profetas do Antigo Testamento sabiam que um coração dividido sempre foi uma das grandes pragas do povo de Deus. Queremos servir ao Senhor e seguir o mundo ao mesmo tempo. Mas isso é impossível, diz o próprio Jesus (cf. Mt 6,24).

Um coração íntegro fez de Davi um rei bem-sucedido, e a falta dessa integridade de coração corrompeu e derrotou Saul. Entretanto, quando olhamos para Davi, aprendemos que ter um coração íntegro não significa ter um coração ausente de pecados, mas sim ter um coração íntegro e puro com motivações corretas a respeito de Deus. Mesmo que muitas vezes não tenhamos uma mente íntegra, nosso profundo desejo é ser assim…

Quando lemos o Novo Testamento, vemos que os desejos espirituais mais profundos de Paulo eram puros, embora algumas vezes leiamos que o pecado que habitava em sua carne militava contra esses desejos. Todavia, os desejos do nosso coração que realmente pertencem a Deus são motivados pela pureza. E um dos mais profundos desejos dos remidos é a santidade, mesmo quando o pecado milita contra a realização desse desejo…

Você também pode expressar um desejo sincero, mas a pureza do coração é mais do que sinceridade. Inclusive, uma motivação sincera pode te levar a fazer coisas inúteis e pecaminosas… Basta 15 minutos de um documentário religioso para ver pessoas sinceras e devotas andando sobre pregos para provar seu poder espiritual. Outras rastejando de joelhos por centenas de metros, sangrando e fazendo caretas de dor, para mostrar sua devoção a um santo ou santuário.

No entanto, essa devoção sincera está sinceramente errada e é completamente inútil diante de Deus. Isso nos ensina a lição de que, mesmo sendo extremamente religiosos e constantemente engajados em fazer coisas boas, podemos não agradar a Deus a menos que nossos corações estejam alinhados com Ele.

Lemos que os escribas e fariseus acreditavam agradar a Deus por causa das práticas superficiais como a entrega do dízimo da “hortelã, do endro e do cominho”; no entanto, “negligenciavam as disposições principais da lei: justiça, misericórdia e fidelidade” (cf. Mt 23:23). Esses religiosos tinham inúmeras regras e regulamentos sobre o que comer, o que vestir, o que não fazer no sábado e assim por diante.

Se esta bem-aventurança fosse dita assim: “Bem-aventurados os puros”, eles tirariam um “10” porque de fato eram perfeitos cerimonialistas puríssimos. No entanto, a nossa sexta beatitude não para aí… ela continua: “Bem-aventurados os puros de coração”. Não se trata de pureza exterior, mas de pureza interior!

Por isso, Jesus se revolta e vira a mesa para os fariseus usando seu próprio vocabulário! Mateus 23:25-28 diz: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque limpais o exterior do copo e do prato, mas estes, por dentro, estão cheios de rapina e intemperança! Fariseu cego, limpa primeiro o interior do copo, para que também o seu exterior fique limpo! Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia! Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e de iniquidade.”

Estes escribas e fariseus buscavam respaldo bíblico nas leis levíticas, colocando uma forte ênfase na pureza cerimonial. Essa hermenêutica farisaica foi tomando proporções artísticas no decorrer do tempo. Proibiu-se o contato com animais, substâncias, pessoas e lugares impuros. No tempo de Cristo, essa preocupação com a pureza cerimonial tomou lugar da verdadeira adoração em Espírito e verdade.

Ser puro de coração, no entanto, não tem nada a ver com isso. Devemos entender que Deus está muito mais interessado no que SOMOS do que no que fazemos por Ele. Se o que somos não agrada à Sua santidade, o que fazemos é praticamente inútil. 1 Samuel 16:7b afirma que Deus não vê como o homem vê. O homem vê o exterior, mas o Senhor vê o coração.

Em sua primeira carta a Timóteo, Paulo escreveu que o objetivo de sua instrução visava ao amor que procede de coração puro, de consciência boa e de fé sem hipocrisia. Os puros de coração são os mesmos por dentro e por fora. Eles estão livres da tirania de um eu dividido. Eles são os mesmos no privado e no público. Suas atividades religiosas não são um encobrimento, escondendo mais do que revelam, como foi o caso dos fariseus, dos quais Jesus disse: “Este povo me honra com os lábios, mas seus corações estão longe de mim” (Marcos 7:6).

Quando o homem/mulher de coração puro vai à igreja, seu coração está lá. Ele pode dizer verdadeiramente com o Salmista: “Eu me alegrei com aqueles que me disseram: ‘Vamos para a casa do Senhor’” (Salmo 122:1). Quando ele ora, seu coração e seu pensamento estão em Deus. Sua religião não é uma performance sem vida, mas uma experiência viva. Ele adora, ora, oferta, serve e testemunha Cristo e procura viver em obediência à Palavra de Deus, não porque essas coisas sejam esperadas dele, mas porque ele não deseja fazer outra coisa.

Ao longo dos séculos, vários movimentos de “perfeição sem pecado” ensinaram que, na conversão, a natureza pecaminosa é erradicada e reivindicaram a possibilidade de pureza perfeita nesta vida, mas a Bíblia não dá garantia para tal ensino. Todos os santos da Bíblia eram pecadores e permaneceram assim mesmo quando estavam em seu nível mais santo.

A Bíblia pergunta: “Quem pode dizer: ‘Mantive meu coração puro; estou limpo e sem pecado?’” (Provérbios 20:9). João escreveu: “Se afirmamos estar sem pecado, enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não está em nós” (1 João 1:8). Paulo, que escreve uma e outra vez sobre sua alegre certeza de passar a eternidade na presença de Deus, confessa: “Porque o que faço não é o bem que quero fazer; não, o mal que não quero fazer – isso continuo fazendo” (Romanos 7:19). Ele não estava dizendo que nunca parou de pecar, mas que, apesar de todo o progresso que havia feito, o pecado continuava militando contra ele.

A.W. Pink diz com razão: “Uma das evidências mais conclusivas de que possuímos um coração puro é estar conscientes e sobrecarregados com a impureza que ainda habita em nós”. A convicção do pecado e a pureza de coração não são de forma alguma incompatíveis. As promessas do evangelho não são para aqueles que se julgam perfeitos, mas para aqueles que sofrem por suas imperfeições e anseiam por ser santos.

Em João 14:21, Jesus diz: “Aquele que Me obedece é aquele que Me ama e, porque Me ama, Meu Pai o amará e Eu também o amarei e Me revelarei a ele”. Essa é outra maneira de dizer o que Ele disse no versículo em Mateus acima. Os puros de coração verão Deus porque Jesus se revelará àqueles que O obedecem, e apenas os puros de coração obedecem. Você pode ter certeza dessa promessa de Deus: os puros de coração experimentarão a revelação da presença de Jesus em seus corações.

Uma vez ouvi alguém dizer: quer ver a Deus? Olhe para Jesus! Essa é a mais pura verdade. Jesus é a expressão exata de Deus! Eu acrescentaria mais uma coisa a essa citação: quer ver a Jesus? Olhe para as Escrituras, pois elas dão testemunho dele. E afirmam: “Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus Unigênito, que está junto do Pai, o tornou conhecido” (João 1:18).

“Jesus respondeu: ‘Você não me conhece, Filipe, mesmo depois de eu ter estado com vocês durante tanto tempo? Quem me vê, vê o Pai. Como você pode dizer: ‘Mostra-nos o Pai’?” (João 14:9). “Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação” (Colossenses 1:15). “O Filho é o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser, sustentando todas as coisas por sua palavra poderosa. Depois de ter realizado a purificação dos pecados, ele se assentou à direita da Majestade nas alturas” (Hebreus 1:3). Que privilégio é ver Deus aqui! Um vislumbre dele está em nossos corações!

Em Cristo Jesus, os puros de coração contemplam o Pai. Nós O vemos, Sua verdade, Seu amor, Seu propósito, Sua soberania, Seu caráter de aliança. Sim, nós nos vemos em Cristo. Mas isso só é apreendido quando o pecado é mantido fora do coração. Todo aquele que tem esperança de ver o Senhor se purifica. Essa é a nossa oração, Senhor: faze-nos puros de coração para que possamos Te ver! Se revele a nós através de Sua Palavra. Vamos orar:

Ele é aquele que, no princípio, criou todas as coisas, porque todas as coisas foram feitas por intermédio dele e sem ele nada do que foi feito se fez. Ele é aquele que sustenta todas as coisas pela Palavra do seu poder. Ele é o autor da vida, o criador da vida, o pão da vida, a luz do mundo, o bom pastor, a ressurreição e a vida, o caminho, a verdade e a vida. Ele é o Filho de Deus, o sol da justiça, a brilhante estrela da manhã, o cordeiro que foi morto, mas que está vivo pelos séculos dos séculos.

Por isso, olhe para as Escrituras porque você precisa ver Jesus! Ele é aquele que, por amor de nós, não levou em conta a vergonha da cruz, por causa da alegria que lhe estava proposta de ser o nosso redentor. Ele é aquele que andou por todo lado no poder do Espírito Santo, libertando os oprimidos do diabo, os cegos viram, os surdos ouviram, os mudos falaram, os coxos andaram, os leprosos foram purificados, os mortos ressurgiram.

Por isso, olhe para as Escrituras porque você precisa ver Jesus! Ele é o nosso Salvador, o Messias, o desejado de todas as nações, o Rei dos reis, o Senhor dos senhores, o Cordeiro que tira o pecado do mundo. Que levou sobre o seu corpo o madeiro dos nossos pecados. Que foi sepultado, mas que na sepultura, arrancou o grilhão da morte e ressuscitou gloriosamente!

Por isso, olhe para as Escrituras porque você precisa ver Jesus! Ele é aquele que voltou para o céu e está assentado sobre o trono de glória e que reina sobre as nações. Ele é aquele que derramou o Espírito Santo sobre a igreja. E é aquele que vai voltar para buscar a sua Igreja. Ele é o nosso glorioso redentor. A razão da nossa vida e da nossa esperança. A Ele a honra, a glória, o louvor, agora e pelos séculos eternos. Amém! E então poderá ver a Deus!

A pessoa pura de coração pode ver Deus os feitos de Deus na natureza. A pessoa pura de coração pode ver os feitos de Deus nas Escrituras. A pessoa pura de coração pode ver os feitos de Deus em sua família da igreja. A pessoa pura de coração pode ver Deus trabalhando em suas circunstâncias.

A Bíblia nos diz que Deus colocou a eternidade no coração de cada homem. Pascal fala do “vácuo em forma de Deus” dentro do coração humano. Agostinho disse que nossos corações estão inquietos até encontrarem seu descanso em Deus. Ver Deus é o objetivo de toda religião, o fim de toda ciência verdadeira, o desejo de cada nação e o objetivo de toda filosofia.

Neste contexto, “ver Deus” significa ter uma experiência profunda de Deus, conhecê-lo íntima e pessoalmente. Todos os casamentos bem-sucedidos descobrem essa verdade em um nível humano. Quanto mais tempo você convive com outra pessoa, mais você a conhece como ela realmente é. Transparência gera intimidade. Em um bom casamento, não há nada escondido porque não há nada a esconder.

Não podemos ver fisicamente Deus agora com nossos olhos físicos humanos, e assim se segue que nesta bem-aventurança, Jesus está falando figurativamente de visão espiritual. A Escritura afirma repetidamente que nenhum ser humano viu fisicamente Deus Pai. “Mas Ele (Deus a Moisés) disse: ‘Você não pode ver o Meu rosto, pois ninguém pode Me ver e viver!’” (Êxodo 33:20).

Os puros veem os outros como pessoas que Deus ama, enquanto os impuros os veem como objetos sexuais. Os puros atribuem as melhores intenções aos outros, e assim raramente são feridos por observações que os impuros veem como desprezos ou ataques.

Os puros se alegram com o sucesso do outro, enquanto os impuros sentem ciúmes. A pureza do seu coração moldará a maneira como você olha para todas as coisas. Um coração purificado por Deus protege de muita mágoa e dano. A pureza, até mesmo a pureza do coração, é a principal coisa a ser almejada. Precisamos ser purificados por dentro, pelo Espírito e pela Palavra, e então seremos limpos pela consagração e obediência.

Há uma estreita conexão entre os afetos e a compreensão: se amamos o mal, não podemos entender o que é bom. Se o coração estiver sujo, o olho ficará escuro. E neste sentido, podemos fazer a pergunta: Como poderia esses homens, que amam coisas mundanas, ver um Deus santo?

No entanto, em Cristo Jesus, os puros de coração contemplam o Pai. Nós O vemos, Sua verdade, Seu amor, Seu propósito, Sua soberania, Seu caráter de aliança. Sim, nós nos vemos em Cristo. E que privilégio é ver Deus aqui! Que vislumbre podemos ter a respeito dele logo abaixo do céu!

Mas isso só é apreendido quando o pecado é mantido fora do coração. Somente aqueles que visam a piedade podem gritar: “Meus olhos estão sempre voltados para o Senhor”. O desejo de Moisés, “Rogo-te, mostra-me a tua glória”, só pode ser cumprido em nós à medida que nos purificamos de toda iniquidade. Vamos “vê-lo como ele é”, e “todo aquele que nele tem essa esperança se purifica”. A alegria de estar conectado com Deus agora e a esperança de ver Ele claramente são razões importantes para manter uma vida pura.

Creio que precisamos orar: Senhor, ajuda-nos a manter nossos corações puros e nossas vidas limpas para que possamos Te ver!

Conclusão

Hoje, refletimos sobre a bem-aventurança dos puros de coração, que nos convida a buscar a pureza diante de Deus. Vimos que a pureza vai além de uma aparência externa, mas envolve a integridade e a fidelidade do nosso coração. Vimos que Deus deseja nos purificar e nos conceder um coração novo, que anseia por Ele e busca viver em obediência à Sua Palavra.

Ao longo do texto, destacamos a importância de vermos Deus em todas as áreas de nossa vida: na natureza, nas Escrituras, na comunhão com outros crentes e nas circunstâncias que nos rodeiam. A pureza de coração nos capacita a enxergar Deus e Sua obra de forma mais clara, nos libertando de visões distorcidas e permitindo que experimentemos Sua presença e revelação.

Diante disso, somos desafiados a buscar a pureza em nossos pensamentos, motivações e ações. Precisamos examinar constantemente nosso coração em busca de impurezas e permitir que Deus nos purifique, rendendo-nos a Ele em humildade e confiança. A pureza do coração moldará nossa maneira de ver e interagir com o mundo ao nosso redor.

Que possamos, em meio aos desafios e tentações desta vida, perseverar em buscar a pureza de coração, buscando sempre agradar a Deus em todos os aspectos. Que nossa busca pela pureza seja motivada pelo amor a Deus e pelo desejo de conhecê-Lo mais profundamente. E que, ao vermos Deus de forma mais clara, possamos refletir Sua luz e amor para aqueles ao nosso redor.

Que o Espírito Santo nos capacite e nos guie nessa jornada de pureza de coração, para que, verdadeiramente, possamos desfrutar da bem-aventurança de ver a Deus em todas as áreas de nossas vidas. Amém.

Por Diego Gonçalves.


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© Diego Jondô

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