A sucessão de Salomão ao trono de Israel não ocorreu sem oposição. Adonias, um dos filhos de Davi, concebeu ambições de se tornar o sucessor de seu pai. Havia uma certa justificativa para sua expectativa, visto que Amnom e Absalão já haviam falecido, e Quileabe, o terceiro filho mais velho de Davi, aparentemente também havia morrido, não sendo mais mencionado. Isso colocava Adonias como o próximo na linha de sucessão.
A debilidade de Davi em seus problemas domésticos era evidente na falta de disciplina familiar. Adonias, seguindo o exemplo de seu irmão Absalão, apropriou-se de uma escolta de cinquenta homens com cavalos e carros de guerra. Ele também buscou o apoio de Joabe, o comandante do exército de Davi, e convidou Abiatar, o sacerdote de Jerusalém, para ungi-lo como rei. Essa cerimônia de unção ocorreu nos jardins reais de En-Rogel, ao sul de Jerusalém.
É significativo notar quem estava ausente nessa reunião: Natã, o profeta; Benaia, o comandante do exército de Davi; Zadoque, o sacerdote que oficiava em Gabaão; e Salomão, juntamente com sua mãe, Bate-Seba. A ausência dessas figuras importantes, que tinham um papel crucial na liderança religiosa e militar, sugere que eles não apoiavam a reivindicação de Adonias ao trono.
A ambição de Adonias e sua tentativa de se estabelecer como rei antes de qualquer designação pública e oficial de Salomão representaram uma clara oposição ao plano divino para a sucessão. Davi havia sido divinamente instruído de que Salomão seria seu herdeiro.
Após a morte de Davi, Salomão agiu para consolidar seu direito ao trono, eliminando qualquer possível conspirador. A petição de Adonias para desposar Abisague, a donzela sunamita que havia cuidado de Davi em seus últimos dias, foi interpretada por Salomão como uma nova tentativa de traição. Consequentemente, Adonias foi executado.
Abiatar, o sacerdote que havia apoiado Adonias, foi removido de sua posição de honra e exilado para Anatote. Essa deposição cumpriu as palavras proferidas a Eli por um profeta anônimo em Siló, visto que Abiatar era da linhagem de Eli.
Embora Joabe tenha apoiado Adonias, sua lealdade anterior a Davi e sua importância militar tornaram sua situação mais complexa. No entanto, Davi, em suas últimas palavras a Salomão, lembrou-o do sangue inocente derramado por Joabe na morte de Abner e Amasa, instruindo Salomão a não deixar sua velhice ir em paz. Eventualmente, Joabe também foi morto por ordem de Salomão, consolidando ainda mais seu reinado e eliminando uma potencial fonte de oposição.
Portanto, a principal oposição à sucessão de Salomão veio de Adonias, que buscou o trono para si próprio com o apoio de figuras como Joabe e Abiatar. A resposta decisiva de Salomão após a morte de Davi assegurou seu reinado e silenciou essa oposição.