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Houve vários pontos de divergência significativos sobre a Ceia do Senhor ao longo da história da Igreja.

Desenvolvimento da doutrina antes da Reforma: O desenvolvimento da doutrina da Ceia do Senhor antes da Reforma foi um processo gradual. Durante o período patrístico, já se observava um deslize inicial na direção do ritualismo. A Eucaristia era vista como proporcionando participação na imortalidade, pois através dela o comungante entrava em comunhão com Cristo e com o divino Espírito. Orígenes espiritualizava os sacramentos, considerando-os símbolos das divinas influências, embora também apresentassem operações graciosas do Espírito Santo. No entanto, no que diz respeito à Ceia do Senhor especificamente nesse período, o texto não detalha grandes controvérsias ou pontos de divergência significativos entre os Pais da Igreja .

A doutrina dos reformadores e da teologia posterior: Após a Reforma, surgiram divergências claras entre os reformadores e a Igreja Católica Romana, bem como entre os próprios reformadores e seus seguidores.

  • Lutero: Lutero manteve uma visão da presença real de Cristo na Ceia do Senhor, embora diferente da transubstanciação católica romana. Ele acreditava que, em virtude da onipresença divina de Cristo, Seu corpo e sangue estavam “em, com e sob” os elementos do pão e do vinho . Ele via a Ceia como um meio de graça no qual o crente realmente participava do corpo e sangue de Cristo para o perdão dos pecados e fortalecimento da fé .
  • Zwínglio: Zwínglio tinha uma visão puramente simbólica ou memorial da Ceia do Senhor. Para ele, os elementos do pão e do vinho eram meros símbolos que representavam o corpo e o sangue de Cristo, com o propósito principal de comemorar Seu sacrifício. A Ceia era primariamente um ato de profissão e um meio para a melhoria moral.
  • Calvino: Calvino buscou uma posição intermediária entre Lutero e Zwínglio. Ele ensinava uma presença espiritual real de Cristo na Ceia, através da obra do Espírito Santo . Os crentes participavam verdadeiramente de Cristo, recebendo os benefícios de Sua morte e ressurreição, embora não de forma física ou corporal como entendia Lutero .

Outras perspectivas pós-Reforma:

  • Socinianos, Arminianos e Menonitas: Estes grupos adotaram pontos de vista semelhantes aos de Zwínglio, vendo a Ceia do Senhor como um ato comemorativo apenas, um ato de profissão e um meio para a melhoria moral. Sob a influência de Schleiermacher, ressaltava-se outra vez a natureza subjetiva da Ceia.
  • Desenvolvimento posterior: O conceito zwingliano da Ceia do Senhor encontrou favor em certos círculos após a Reforma, sendo por vezes considerado um sacramento de uma aliança puramente externa. Isso preparou o caminho para o racionalismo, que adotou as visões simbólicas desses grupos.

Divergências com a Igreja Católica Romana: [83, 226s, 100]

A Reforma também marcou uma clara divergência com a doutrina católica romana da Ceia do Senhor, especialmente conforme definida no Concílio de Trento [226s, 115, 118].

  • Transubstanciação: A Igreja Católica Romana ensina a doutrina da transubstanciação, segundo a qual, na consagração, a substância do pão se transforma na substância do corpo de Cristo, e a substância do vinho na substância do Seu sangue, mantendo-se apenas as aparências (acidentes) de pão e vinho [226s]. Os reformadores rejeitaram essa doutrina, cada um com suas próprias razões e interpretações .
  • Natureza Sacrificial: A missa católica romana é vista não apenas como uma celebração da Última Ceia, mas também como um sacrifício propiciatório, no qual o sacrifício de Cristo na cruz é perpetuado para a remissão dos pecados dos vivos e dos mortos [100, 226s]. Os reformadores, em geral, enfatizaram que o sacrifício de Cristo foi único e suficiente, rejeitando a ideia de que Ele precisaria ser sacrificado repetidamente na missa.
  • Participação dos Leigos no Cálice: O texto questiona por que os católicos romanos não deixam os leigos participarem do cálice, indicando uma prática divergente em relação à distribuição dos elementos na Ceia.

Em resumo, as principais divergências sobre a Ceia do Senhor giram em torno da natureza da presença de Cristo nos elementos (real e corporal, real e espiritual, ou puramente simbólica), da natureza da celebração (mera comemoração ou também sacrifício), e das práticas relacionadas à sua administração [9, 83, 99, 100, 226s, 227-28].

Fonte: A Historia das Doutrinas Cristas – Louis-Berkhof

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