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A essência do ensino gnóstico pode ser compreendida através de diversos pontos principais identificados nas fontes:

  • O gnosticismo era primordialmente um movimento especulador, com o elemento especulativo sempre em primeiro plano. Seus adeptos, chamados gnostikoi, alegavam possuir um conhecimento mais profundo das coisas divinas do que os crentes comuns.
  • Os gnósticos se envolviam com problemas profundos da filosofia e da religião, como o do ser absoluto e a origem do mal, problemas estes derivados do pensamento religioso pagão, e não do cristianismo.
  • Desenvolveram uma cosmogonia fantástica, fazendo largos empréstimos das especulações orientais, e tentavam combinar isso com as verdades do evangelho. Eles buscavam tornar o evangelho aceitável para as classes educadas e cultas da época.
  • Apesar de seu caráter especulativo, o gnosticismo também foi um movimento popular, buscando influenciar as massas através de ritos simbólicos, cerimônias místicas e o ensino de fórmulas mágicas em associações especiais. A iniciação nessas associações envolvia fórmulas e ritos estranhos, considerados proteção contra o poder do mundo e da morte e meios de acesso à bem-aventurança.
  • O gnosticismo era um movimento sincretista dentro da esfera do cristianismo. Embora haja debate se eram cristãos em algum sentido, eles procuravam dar solução a problemas originados no pensamento religioso pagão, apenas dando às suas discussões um colorido cristão. Frequentemente, apelavam para declarações alegóricas de Jesus e para uma suposta tradição secreta transmitida desde os apóstolos.
  • Um aspecto essencial do gnosticismo era a participação na redenção através dos ritos secretos das associações gnósticas, como a iniciação nos mistérios de casamento com Cristo, um batismo peculiar, nomes mágicos e uma unção especial para obter o conhecimento secreto do Ser. Isso transformou o gnosticismo em um sistema de mistérios religiosos.
  • Os gnósticos dividiam os homens em três classes: os “pneumáticos” (elite), os “psíquicos” (membros comuns) e os “hílicos” (gentios). Apenas os pneumáticos seriam capazes de obter o conhecimento superior (epignosis) e, assim, uma bem-aventurança mais elevada. Os psíquicos poderiam ser salvos pela fé e pelas obras, mas obteriam uma bem-aventurança inferior, enquanto os hílicos estariam irremediavelmente perdidos.
  • A ética gnóstica era dominada por uma falsa estimativa da sensualidade, resultando em rígida abstinência ascética ou em vil camalidade.
  • A escatologia da Igreja não tinha lugar no sistema gnóstico, e a doutrina da ressurreição dos mortos não era reconhecida. A alma, libertada da matéria, retornaria ao “pleroma”.
  • Em contraste com o gnosticismo, a Igreja afirmou que Deus é o Ser Supremo, Criador e Sustentador do universo, o mesmo no Velho e no Novo Testamentos, rejeitando a doutrina do Demiurgo e o dualismo que considerava a matéria essencialmente má. A Igreja também enfatizou o caráter inigualável de Jesus Cristo como Filho de Deus e defendeu Sua autêntica humanidade contra as formas de negação docéticas. A redenção pela obra expiatória de Cristo foi posta em primeiro plano em oposição às fantasias especulativas dos gnósticos.
  • Os gnósticos adotavam um método de interpretação alegórico ao fundamentarem seu sistema nas Escrituras. Eles faziam uma distinção entre pístis (fé) e gnóstis (conhecimento), considerando a primeira como inferior à segunda.

Em resumo, a essência do ensino gnóstico residia em uma busca por um conhecimento esotérico e superior da realidade divina, obtido através de especulações filosóficas e influências religiosas pagãs, sincreticamente combinadas com elementos cristãos, resultando em uma visão dualista do mundo, uma cristologia peculiar e uma soteriologia baseada no conhecimento secreto e em ritos místicos para uma elite espiritual.

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