Sl 133:1-3 – Vivendo em Unidade
Salmos 133 (NVI)
1 Como é bom e agradável quando os irmãos convivem em união! 2 É como óleo precioso derramado sobre a cabeça, que desce pela barba, a barba de Arão, até a gola das suas vestes. 3 É como o orvalho do Hermom quando desce sobre os montes de Sião. Ali o Senhor concede a bênção da vida para sempre.
INTRODUÇÃO:
Salmo 133, uma criação do rei Davi, se destaca como uma joia entre os Salmos de Ascensão. Quando Davi, o unificador de Israel, escreveu essas palavras, ele refletia sobre a essência da união.
Ao olhar para o Salmo 132, você verá que ele é extenso, com seis vezes mais versículos que o 133. Mas o tamanho não diminui a profundidade do Salmo 133, que se desvenda como um retrato tocante da harmonia entre os cristãos.
Imagine uma longa viagem de carro. O cenário pela janela, os cantos espontâneos e, às vezes, a paciência testada. Imagine ampliar essa viagem, incluindo não apenas a família próxima, mas primos, tios, e até vizinhos. Seria uma festa ou um caos?
Esse era o clima das festas em Jerusalém. O povo, animado, viajava em caravanas, repletas de vizinhos, amigos e família. E à medida que Jerusalém se tornava mais próxima, as caravanas cresciam em número e diversidade. Pessoas de todas as partes, diferentes e únicas, mas com um objetivo em comum: adorar em Jerusalém.
Esta é a beleza da unidade. Em meio às nossas diferenças, nos reunimos como um só corpo, e esse é o coração da igreja – um lugar de pertencimento, comunhão e unidade no corpo de Cristo.
E é aqui que o Salmo 133 nos guia. Ele destaca:
- A Riqueza da Comunhão.
- A fonte da Unidade.
- As bênçãos incontáveis que a unidade nos traz.
Vamos mergulhar juntos nesses três aspectos e descobrir o que Davi queria que entendêssemos sobre a verdadeira unidade.
I. A Riqueza da Comunhão
Imagine a experiência calorosa de um encontro familiar onde todos estão em sintonia, rindo, compartilhando e cuidando uns dos outros. Esse é o retrato da comunhão que o Salmo 133 nos apresenta: “Como é bom e agradável quando os irmãos convivem em união!”
Quando mergulhamos nas palavras originais escritas por Davi, encontramos um “Eis aí!” no começo do versículo, quase como se ele estivesse dizendo: “Preste atenção nisso! Há algo especial aqui!”
A. Comunhão: Um Presente Divino
- Atos 2:42-47 ; Tiago 1:17
A comunhão é descrita como algo “bom” e “agradável”. “Bom” aqui significa algo mais do que meramente aceitável – é algo que Deus olha e considera excelente. E “agradável” sugere algo que nos traz alegria e satisfação.
Vamos ser sinceros: todos nós desejamos fazer parte de uma comunidade onde a harmonia prevalece, certo?
Mas a beleza deste texto está na intersecção do que é “bom” e do que é “agradável”. Nem sempre essas duas coisas andam juntas. Por exemplo, disciplina é algo bom, mas não sempre agradável, como Hebreus 12:11 nos revela. E então temos o mel: tão doce e agradável, mas como Provérbios 25:16 adverte, em excesso pode ser prejudicial.
Contudo, na comunhão, encontramos uma rara combinação de ambas as qualidades. E Tiago 1:17 nos lembra que cada boa dádiva é um presente de Deus. Observando a igreja do primeiro século, em Atos 2:42-47, vemos essa comunhão em ação, onde a fé era vivida com paixão e sinceridade.
B. Unidos em Cristo: Uma Família com Vínculos Profundos
- Hebreus 13:1
Este sentimento de comunhão é acentuado em nosso contexto cristão. O termo “irmãos” em Salmos 133:1 não é por acaso. Somos uma família espiritual, unidos não por laços de sangue, mas pelo sangue de Cristo.
O escritor Eugene Peterson nos lembra: “Nenhum cristão é filho único.”
Agora, mesmo dentro de uma família, há desentendimentos e conflitos – a Bíblia está repleta deles, de Caim e Abel a José e seus irmãos. Assim como em qualquer família, em nossa família espiritual, diferenças surgirão.
Há um ditado que os mais velhos diziam:
“Viver no céu com os santos que amamos, oh, isso será muita glória. Viver na terra com os santos que olhamos, bom, essa é outra história!” (autor desconhecido)”
Contudo, nosso chamado é para ir além das diferenças, buscando o entendimento e vivendo um amor autêntico. Hebreus 13:1 nos lembra a importância de cultivar esse amor fraternal.
Assim, o essencial deste versículo 1 do Salmo 133 é nos lembrar que a comunhão, com suas nuances e desafios, é um dom precioso de Deus – uma experiência tanto boa quanto agradável.
II. A fonte da Unidade (2-3a)
No coração do salmo, descobrimos o segredo da unidade que tanto buscamos. De onde vem essa ligação tão autêntica e genuína entre nós?
As respostas estão em duas imagens marcantes:
1ª – A unidade é como o óleo derramado na cabeça de Arão.
2ª – A unidade é como o orvalho de Hermon caindo sobre o Monte Sião.
Em ambas, percebemos uma dinâmica: a bênção flui do alto, inundando aqueles abaixo. A origem da nossa união está, de fato, além de nós. É divina.
a) O Óleo na Cabeça de Arão
Pode soar estranho para nós hoje pensar em óleo escorrendo pelo rosto e barba de alguém como algo positivo. Mas, vamos mergulhar nas profundezas desse símbolo.
Em tempos antigos, o óleo não era apenas um bem valioso, mas também era usado para refrescar e hidratar. Assim, a unidade é comparada a algo precioso e revitalizante, semelhante ao óleo.
Mas não é qualquer óleo. É óleo precioso que flui livremente, simbolizando a generosidade do anfitrião e a abundância das bênçãos de Deus.
A figura de Arão, o sumo sacerdote, aprofunda o significado. A unção especial de Arão com um óleo sagrado, detalhado em Êxodo 30, nos lembra que a comunhão entre os cristãos é singular e sagrada. Somos chamados à uma unidade centrada em Cristo, que é tanto o nosso Sumo Sacerdote quanto o Messias prometido.
O derramar desse óleo sobre a cabeça de Arão, escorrendo para a barba e as vestes, destaca a conexão com o corpo inteiro de Cristo, pois o manto do sumo sacerdote trazia os nomes das doze tribos de Israel.
Nesse derramar, encontramos a imagem do Espírito Santo, que foi derramado sobre a Igreja, trazendo consigo a fragrância e a suavidade da comunhão verdadeira.
b) O Orvalho de Hermon no Monte Sião
Em seguida, temos a imagem do orvalho fresco de Hermon cobrindo o seco Monte Sião.
Localizado ao norte de Israel, o Monte Hermon com seus picos nevados, é a personificação do refrigério e da vitalidade, enquanto Monte Sião, mais ao sul e menor em estatura, é mais árido. E ainda, o salmo visualiza o refrescante orvalho de Hermon derramando-se sobre Sião.
Essa imagem transmite a ideia de que a unidade não é algo fabricado por nós, mas uma dádiva que desce dos céus, como o orvalho. Mais uma vez, o Espírito Santo é fundamental, refrescando e rejuvenescendo nossa comunidade em Cristo.
A igreja é chamada a ser um lugar onde todos são iguais, unidos em Cristo, independente de status ou origem, como ecoado em Gálatas e Tiago. A unidade nos reenergiza, nos fortalece e nos prepara para a missão.
Em resumo, essas imagens vívidas nos ensinam uma verdade fundamental: a verdadeira unidade tem sua fonte em Deus, e somente através Dele, podemos vivê-la plenamente.
III. A Bênção da Unidade (3b)
Vivemos em tempos em que a unidade é essencial e, ao mergulharmos nas Escrituras, encontramos a promessa divina de bênçãos onde reina a harmonia. “Porque ali o Senhor concede a sua bênção, até a vida para sempre” (Salmos 133:3b) nos revela duas poderosas verdades:
a) Deus Abençoa a Unidade entre os Crentes – Romanos 15:5-6
Quando os crentes vivem em harmonia, é ali que a bênção divina reside. Deseja a mão de Deus atuando em sua vida, igreja ou família? Busque a unidade.
Não é algo meramente humano, feito à nossa força. É uma manifestação do Cristo vivo em nós. Só por meio d’Ele e com a orientação do Espírito Santo é que sentimos a beleza de viver unidos.
A unidade é um presente de Deus, mas somos chamados a cultivá-la ativamente em nossas vidas. Devemos buscar a paz, amar, reconciliar-se e perdoar, como nos é ensinado em Efésios 4:3.
Em síntese, adorar a Deus nos leva a um lugar de unidade e bênção. Assim, Paulo, em sua carta aos Romanos, nos diz que ao seguir Cristo em harmonia, louvamos a Deus com um só coração e voz (Romanos 15:5-6).
E aqui há uma revelação: a palavra “concede”, em Salmos 133:3, é como “ordenar”. Onde há unidade, Deus ordena sua bênção. E o que Ele ordena, ocorre.
b) Unidade: Um Vislumbre do Céu – 2 Coríntios 1:21-22
E então, temos a promessa celeste: viver em unidade é um prelúdio do que experimentaremos no céu. A comunhão que vivenciamos agora, por meio do Espírito Santo, é apenas uma amostra da perfeição que nos espera no além.
Em 2 Coríntios, somos lembrados de que Deus nos ungiu e colocou Seu Espírito em nossos corações como garantia do que está por vir (2 Coríntios 1:21-22).
Assim, como o orvalho revigora o verde ao seu redor, a bênção de Deus infunde vida. Mas enquanto o orvalho desaparece ao amanhecer, a bênção do Senhor é eterna. Então, ao vivermos em unidade, nos preparamos para a eternidade celeste.
Conclusão
O Salmo 133 nos ensina que a convivência em unidade é algo precioso, refrescante e um dom de Deus. É uma unidade que começa em Cristo, a cabeça do corpo, e é sustentada pelo Espírito Santo. Esta unidade é tão especial que é comparada a um óleo sagrado derramado na cabeça de Arão e ao orvalho do Monte Hermon caindo no Monte Sião.
Mas a unidade cristã não é apenas uma bênção para nós, é também uma antecipação do céu. Como cristãos, estamos unidos uns aos outros em torno de Cristo e teremos uma comunhão perfeita uns com os outros no céu.
Aplicações Práticas
Como podemos aplicar esses ensinamentos em nossas vidas diárias? Aqui estão algumas sugestões:
- Valorize a unidade cristã. Reconheça que é um dom de Deus e algo precioso que deve ser protegido e nutrido. Faça todos os esforços para manter a unidade do Espírito através do vínculo da paz.
- Busque a unidade em Cristo. Lembre-se de que a nossa unidade começa em Cristo. Concentre-se em Jesus e no Espírito Santo que nos une.
- Seja generoso e gracioso. Assim como o óleo sagrado que é derramado tão ricamente que escorre na barba da pessoa, seja generoso e gracioso com os outros. Não seja mesquinho, mas seja generoso com o seu tempo, recursos e amor.
- Aproveite a hospitalidade e refrescancia da comunhão cristã. Como o óleo refrescante na cabeça de um viajante cansado, a comunhão cristã pode ser um alívio bem-vindo em meio a um mundo estressante e cansativo. Desfrute da hospitalidade e refrescancia da comunhão cristã.
- Antecipe a unidade perfeita do céu. Lembre-se de que a nossa unidade cristã aqui na Terra é apenas uma antecipação da comunhão perfeita que compartilharemos uns com os outros no céu. Anseie por essa união perfeita.
Que Deus nos ajude a valorizar e buscar a unidade cristã em nossas vidas diárias até que experimentemos a comunhão perfeita em Cristo no céu.
“Como é bom e agradável quando irmãos e irmãs vivem juntos em unidade!”
Oração
Senhor, nós te agradecemos por nos dar a dádiva da unidade cristã. Obrigado por nos ligar a Cristo, nossa Cabeça, pelo Espírito Santo. Pedimos que nos ajude a valorizar a unidade que temos em Cristo e a trabalhar diligentemente para mantê-la. Ajude-nos a amar, pedir desculpas, reconciliar e perdoar uns aos outros. Que o óleo precioso da unção do Espírito Santo seja derramado sobre nós como o óleo na cabeça de Aarão, refrescando-nos e encorajando-nos para cumprir a Sua vontade. Que a bênção que vem da convivência em unidade desça sobre nós, ordenada por Deus, para que possamos experimentar a vida eterna que vem Dele. Pedimos que nos ajude a vivermos juntos em unidade como um testemunho poderoso do Seu amor e graça para o mundo. Em nome de Jesus, oramos. Amém.
Gostou deste sermão? Então compartilhe com seus amigos e familiares para que eles também possam aprender mais sobre o assunto. E não se esqueça de se inscrever em nossas redes sociais para receber mais conteúdo como este. Até a próxima!
Inspire-se com outros estudos e devocionais em meu site.
Estamos alimentando o site. O conteúdo está sendo publicado diariamente.