A atitude de Jeoiaquim perante as profecias de Jeremias foi marcada por desprezo, desafio e hostilidade. Em vez de dar ouvidos às advertências divinas transmitidas pelo profeta, Jeoiaquim consistentemente as ignorou e perseguiu tanto Jeremias quanto outros que proclamavam mensagens semelhantes.
Logo no início do seu reinado (609-598 a.C.), durante o qual ascendeu ao trono por designação de Neco do Egito, Jeremias confrontou o povo no átrio do templo, predispondo o cativeiro babilônico para os habitantes de Jerusalém e a destruição do templo. A reação do povo foi de indignação, chegando a ponto de exigirem a morte de Jeremias. Contudo, alguns dos anciãos defenderam o profeta, recordando o precedente de Miquéias, que havia anunciado a destruição de Jerusalém no passado, sem sofrer dano por parte do rei Ezequias. Apesar desta defesa, Urias, outro profeta contemporâneo que partilhava a mensagem de Jeremias, foi martirizado por Jeoiaquim. Este ato demonstra uma clara hostilidade por parte do rei para com as mensagens proféticas de juízo.
Um dos episódios mais emblemáticos da rejeição de Jeoiaquim às profecias de Jeremias ocorreu no quarto ano do seu reinado (605 a.C.). Por ordem divina, Jeremias ditou a Baruque as mensagens que havia proferido anteriormente, e Baruque leu o rolo publicamente no átrio do templo durante um jejum. Quando a notícia da leitura chegou aos príncipes, eles se alarmaram e informaram Jeoiaquim, aconselhando Jeremias e Baruque a se esconderem. O rolo foi levado à presença do rei, e à medida que era lido, Jeoiaquim, em um ato de desafio flagrante, cortava as porções lidas e as lançava ao fogo de um braseiro, até que todo o rolo foi consumido. Apesar de ordenar a prisão de Jeremias e Baruque, o rei não conseguiu capturá-los, pois estavam escondidos.
A resposta de Jeoiaquim contrasta fortemente com a de Josias, seu pai, que ao ouvir a leitura do Livro da Lei, se humilhou e iniciou uma reforma religiosa. A atitude de Jeoiaquim de desprezo e desafio para com a palavra de Deus, tal como transmitida por Jeremias, precipitou um juízo divino específico contra ele. Jeremias profetizou que Jeoiaquim teria o sepultamento de um jumento e que seu corpo seria lançado para fora das portas de Jerusalém, exposto ao calor do dia e ao frio da noite. A ausência de um relato de um sepultamento real para Jeoiaquim sugere o cumprimento desta profecia, indicando que sua vida terminou de forma ignominiosa, possivelmente em batalha, sem as honras devidas a um rei.
Além da queima do rolo, Jeremias utilizou outras formas de comunicar as advertências divinas, como atos simbólicos. Em uma ocasião, por ordem de Deus, Jeremias escondeu um cinto de linho novo em uma fenda perto do rio Eufrates. Após um longo período, ao retornar para pegá-lo, o cinto estava arruinado e inútil. Este ato simbolizava como o orgulho de Judá seria arruinado por causa da sua iniqüidade. Em outra ocasião, Jeremias levou sacerdotes e anciãos ao vale de Hinom, um local associado a sacrifícios pagãos, incluindo sacrifícios de crianças. Ali, quebrou um vaso de barro, profetizando que Jerusalém seria quebrada da mesma forma pela mão de Deus, com uma destruição tão grande que o próprio vale seria usado como local de sepultamento. A reação a estas ações proféticas também foi negativa, culminando na prisão de Jeremias por Pasur, um sacerdote.
Durante todo o seu reinado, Jeoiaquim demonstrou uma teimosa recusa em reconhecer a gravidade da situação de Judá perante a ascensão do poder babilônico, preferindo ignorar as repetidas advertências de Jeremias sobre o iminente cativeiro. Sua conduta obstinada e a rejeição da mensagem profética contribuíram para o crescente juízo sobre Judá, culminando no cerco e eventual destruição de Jerusalém sob o reinado de seu sucessor, Zedequias. A atitude de Jeoiaquim serve como um solene exemplo das consequências de desprezar a palavra de Deus e perseguir os seus mensageiros.